Misturando elementos como história, estilo e estética, um dos maiores estúdios de animação traz ao Brasil a exposição “DreamWorks Animation: A Exposição – Uma Jornada do Esboço à Tela”, que comemora os mais de 20 anos do estúdio. A mostra foi criada pelo Australian Centre for the Moving Image (ACMI), de Melbourne, na Austrália, em parceria com a Universal Brand Development e em nome do DreamWorks Animation, que abre seus arquivos de desenhos, storyboards, máscaras, mapas, fotografias, pôsteres, pinturas e artes originais.
Entre os 400 itens de acervo que serão expostos, muitos nunca foram apresentados ao público, incluindo um modelo de “Night Fury”, “Toothless”, do filme “Como Treinar o Seu Dragão” (2010), os detalhes de “Formiguinhaz” (1998), a animação stop-motion com argila de “Fuga das Galinhas” (2000), o mundo encantado do vencedor do Oscar “Shrek” (2001), o colorido vencedor do Grammy “Trolls” (2016) e as incríveis cenas de artes marciais de “Kung Fu Panda 3”.
Será possível ver desde a correção do diretor de arte sobre os frames de desenhos dos artistas, as maquetes fundamentais para a imersão dos criadores no novo universo e o uso da iluminação nas cenas até entender sobre a criação de um software específico para fazer líquidos nas animações e os livros de mais de mil páginas com as partituras originais das trilhas sonoras. Por fim ou no início – dependendo de onde o visitante começar o passeio –, a cabine com um telão de 180º, onde grupos de pessoas podem assistir uma animação inédita e emocionante com imagens do voo em cima do dragão Banguela, de “Como treinar seu dragão”.
Depois de ser visitada na Austrália, Canadá, Coreia do Sul, México e outros países, a mostra terá entrada gratuita no Centro Cultural Banco do Brasil. Na sede do Rio, a estreia acaba de acontecer e a mostra fica exposta até 15 de abril. A curadoria é assinada por Sarah Tutton, que concedeu uma entrevista exclusiva a O FLUMINENSE.
A animação tomou rumos que transcenderam a categoria “infantil”, cativando ainda mais o público adulto com histórias inteligentes e relevantes. A DreamWorkd investiu nessa área ao logo desses 20 anos. O quanto você acredita que essa decisão colocou a empresa onde está hoje?
Os filmes da Dreamworks funcionam em vários níveis – tanto em termos de histórias, estilo e estética, tom e humor, caráter e diálogo – que atraem o público. Para mim, é a mistura desses diferentes elementos que empresta aos filmes seu sucesso, a combinação de seus mundos detalhados e intricados, com personagens inteligentes e relacionáveis e diálogos espirituosos, com histórias que têm poder emocional.
A tecnologia assumiu um papel importantíssimo para que as animações chegassem no nível de tridimensionalidade e potência gráfica em que se encontram agora. Por que é tão importante trazer aos olhos do público os métodos antigos e os atuais de criação de um filme de animação?
A tecnologia é uma ferramenta entre muitas à disposição do cineasta, que lhe permite criar mundos e personagens. No leito de rocha, no entanto, de qualquer filme de sucesso, está a imaginação e a criatividade – a habilidade de criar uma história, esboçar um personagem, imaginar um mundo. Essas habilidades e ferramentas estão interligadas, mas acho importante não nos concentrarmos muito na tecnologia como a chave. Por outro lado, acho interessante que o público veja o desenvolvimento de diferentes tecnologias ao longo do tempo e seu impacto no processo de produção cinematográfica. Desenhar, colocar caneta no papel, foi tão importante no desenvolvimento do caráter, na criação de “Spirit: o corsel indomável” quanto em “Madagascar”, apesar das mudanças tecnológicas no período entre a produção desses filmes. Da mesma forma, o processo de desenhar em um pedaço de papel – como os artistas teriam feito nos primeiros filmes – é muito semelhante ao desenho em um tablet, como muitos designers fariam hoje. Quando estávamos desenvolvendo a exposição, estávamos muito conscientes de que queríamos que o público compreendesse a importância de algumas habilidades fundamentais na base do bom cinema – a capacidade de colaborar, ser criativo e curioso e, fundamentalmente, ser imaginativo. Queríamos inspirar uma nova geração de cineastas e mostrar-lhes a importância dessas habilidades.
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Para onde você acha que irá caminhar o futuro da animação? Ela estará cada dia mais distante dos desenhos orgânicos ou é possível caminharem juntos?
O estilo e o tom de cada filme precisam refletir sua história e seu caráter. Às vezes, um estilo mais fluido e delineado pode ser adequado ao filme; em outros, um estilo mais realista e renderizado digitalmente será mais apropriado. Esses estilos podem funcionar de mãos dadas e não devem ser vistos como opostos.
Qual foi a maior dificuldade para a seleção dos mais de 400 itens de acervo?
A exposição foi desenvolvida ao longo de dois anos, e cresceu a partir de uma relação entre a Dreamworks e a ACMI. A equipe da ACMI trabalhou em estreita colaboração com uma equipe dedicada de designers de produção, produtores e um supervisor de efeitos visuais na ACMI. Foi um esforço muito fluido e colaborativo. A exposição inclui uma série de materiais de bastidores e entrevistas produzidas especificamente para a exposição.
Cite algumas das entrevistas, imagens de bastidores ou instalação que estão entre seus preferidos.
Reduzir o material foi um desafio! Eu tenho muitos favoritos – mas provavelmente minhas três escolhas principais são a instalação imersiva da Dragon’s Flight, o campo de Shrek, uma série de desenhos simples e bonitos dos personagens de Madagascar.
O que vocês esperam do público aqui no Brasil?
A exposição tem sido muito bem recebida internacionalmente, com um total de visitantes, até agora, alcançando mais de 1,1 milhão. Será um prazer exibir ao público brasileiro. Esta exposição é perfeita para famílias e fãs, estudantes, amantes da arte e criativos. Os visitantes podem explorar e interagir com a abordagem criativa do estúdio para a arte da animação, e ver como personagens e narrativas se transformam de esboço em tela.
A exposição é dividida em Characters, Story, World e Drawing Room, sendo esta última uma parada interativa. Possibilitar que o visitando “ponha a mão na massa” ao final é uma forma de incentivar novos talentos?
Nós realmente queríamos que o público se conectasse com sua própria criatividade – então, sim, queremos inspirar uma nova geração de cinegrafistas, mas também conectar as pessoas a essa parte delas mesmas.
Qual maior alegria esse trabalho te trouxe? E o que você acha que mais vai surpreender as pessoas?
Foi tudo divertido! Até os pedaços duros. Eu acho que o público ficará surpreso com a profundidade da pesquisa e atenção aos detalhes que o estúdio investe. Nada é por acaso no mundo animado, tudo é feito e imaginado. É um mundo verdadeiramente incrível.
O Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro fica na Rua Primeiro de Março, 66, no Centro do Rio. De 6 de fevereiro a 15 de abril, de quarta a segunda, das 9h às 21h. Entrada franca. Classificação: livre. Telefone: 3808-2020.