Uma celebração da latinidade

Por

A apresentação traz para a cidade o timbre marcante de Renato, que contabiliza 9 CDs lançados e já se apresentou ao lado de grandes nomes da música brasileira.

Divulgação

Há dois anos, o cantor e baterista, Renato Braz, e o tradicional Quarteto Maogani deram pontapé inicial na gravação de um álbum voltado para ritmos latinos em um estúdio em plena capital do Peru. Desde então, o grupo se dedicou ao processo de gravação do disco, totalmente gravado em território internacional. O resultado desse trabalho chega nesta quinta-feira, às 19h, ao palco do Teatro Municipal de Niterói, com o show e o lançamento oficial do álbum “Canela”.

A apresentação traz para a cidade o timbre marcante de Renato, que contabiliza 9 CDs lançados e já se apresentou ao lado de grandes nomes da música brasileira, como Luiz Melodia, Antônio Nóbrega e Ney Matogrosso; e o quarteto com 18 anos de carreira, que, recentemente foi escolhido como Melhor Grupo Instrumental de 2015 pelo Prêmio de Música Brasileira. O Maogani formou-se em 1995, no Rio de Janeiro, e incorpora à sua música técnicas que vão do jazz ao clássico. 

O disco traz diversos gêneros populares, como o joropo venezuelano, o festejo peruano e o bambuco colombiano, até o lirismo contemporâneo argentino e a canção chilena, passando por gêneros clássicos como o bolero e o tango e, como não poderia deixar de ser, dialogando com a música brasileira atual. Mas Carlos Chaves, do Quarteto Maogani, faz questão de ressaltar: a intenção não é “abrasileirar” esses ritmos. 

“Nós tentamos fazer o mais próximo possível desses ritmos originais. Claro que sempre com o nosso olhar, mas estamos tentando soar o mais parecido quanto for possível”, explica.

O álbum e o show marcam um momento de transição para o quarteto. “Canela” tem participações de Maurício Marques, violonista e compositor gaúcho, integrante do Maogani entre 2005 e 2012, e de Sergio Valdeos, que entra em seu lugar e também marca presença no trabalho.

“O Sergio é um cara maravilhoso, por quem temos muito carinho. O disco acontece por causa dele, que tem um conhecimento muito grande de música latina. Nós fomos para o Peru e ficamos encantados pelo ritmo latino. Foi um casamento perfeito”, conta Carlos.

Esse é, na verdade, um retorno para o artista peruano, um dos fundadores do Maogani. Sergio chegou ao Brasil quando tinha 22 anos, à procura de uma faculdade de música. Alguns anos depois, ajudou a formar o Maogani, gravou o primeiro disco do grupo, e, em 1999, voltou ao Peru. Hoje, o artista é um dos mais renomados violonistas do Peru, especialista no repertório latino-americano, com anos de trabalho como diretor musical e arranjador da cantora Susana Baca.  

“Eu ouvia as produções deles, vi como foram evoluindo. Quando me propuseram que eu retornasse, fiquei surpreso e feliz de poder voltar a tocar com eles. Foi um desafio”, relembra Valdeos.

No fim das contas, hoje o show será mesmo de reencontros e despedidas, até porque essa não é a primeira vez que o Maogani e Renato Braz sobem juntos ao palco. Em 2013, o grupo se apresentou em São Paulo com canções brasileiras de todos os tempos, passando por clássicos como “Ave-Maria”, de Erothides de Campos, a “A Ostra e o Vento”, de Chico Buarque.

Além de Carlos, Sergio, Renato e Maurício, completam o show, Marcos Alves, no violão de 6 cordas, e Paulo Aragão, no de 8. Em comum aos seis, um dos instrumentos mais populares do mundo, o violão, que, em cada país, em cada sotaque, em cada diferente gênero popular, ganha uma sonoridade. 

“O violão é um dos pontos que une os povos latino-americanos porque nós temos o violão brasileiro, temos o argentino, o mexicano requinte. É algo que nos une também”, acredita Carlos.  
 
Para o show de hoje à noite, o grupo promete tocar as 14 faixas do novo trabalho, que traz clássicos latinos não tão conhecidos e duas outras músicas. Um passeio pela América Latina, de Cuba até a Argentina, passando por Venezuela, Chile, Colômbia e é claro, Brasil. O repertório do álbum tem faixas como Canela, de Jose Villa-lobos, Perricholi, de L. Huambachano e E. Sanchez, e Pajarillo verde, uma tradicional canção venezuelana. Todas escolhidas depois de vários encontros do grupo em São Paulo para ouvir bastante material.
“Todos nós ouvimos tudo. Aí foi esperar que a paixão pela música acontecesse para todo mundo”, finaliza Valdeos.  


  • Tags: