É dia de metal, bebê

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A mais recente formação do Sepultura

 

A década de 1980 foi marcada na música brasileira pelo momento de maior efervescência criativa do rock nacional. As maiores bandas do País surgiram em um momento que coincidiu com a reabertura democrática do Brasil e a realização da primeira edição do Rock in Rio. Em 4 de dezembro de 1984, em Minas Gerias, surgia uma banda que apostava num caminho totalmente novo por aqui, o de tocar o pesado gênero metal, e em inglês. O nome da banda já transmitia de cara a proposta e se consolidaria como o maior representante do nosso rock no exterior: Sepultura. Em turnê comemorativa pelas três décadas de sucesso, a banda se apresenta na próxima sexta-feira, dia 19, às 22h, no Circo Voador, escolhido pelo grupo para celebrar a data comemorativa junto aos fãs. O show conta com o apoio do projeto Maldita 3.0.

Com mais de 20 milhões de álbuns vendidos ao redor do mundo, emplacando discos de ouro e platina em diversos países, incluindo França, Austrália, Japão e Estados Unidos, o Sepultura foi criado pelos irmãos Max Cavalera, antigo vocalista que permaneceu no grupo até 1996, e Igor Cavalera, baterista que deixou o grupo em 2006. Da formação clássica, permaneceram Andreas Kisser, guitarrista que entrou em 1987 e líder da banda desde a saída de Max, e Paulo Jr, baixista que permanece no Sepultura desde a sua fundação. O norte-americano Derrick Green, o “Predador”, assumiu os vocais no lugar de Max Cavalera em 1997 e permanece até hoje como a voz do grupo. Com a saída de Igor Cavalera, Jean Dolabella assumiu a bateria de 2006 a 2011, quando foi substituído pelo jovem Eloy Casagrande, que tinha apenas 20 anos quando se juntou aos veteranos do metal brasileiro.

Os primeiros passos rumo à consolidação no universo do metal foram dados com o álbum “Schizophrenia”, segundo disco do grupo, gravado em 1987 e primeiro com a participação de Andreas Kisser. O sucesso do disco permitiu a assinatura do contrato com a Roadrunner Records, primeiro selo de grande porte na história do Sepultura. Com estrutura para uma ampla divulgação de seu trabalho, a banda estourou mundialmente com o álbum “Beneath the Remains”, lançado em 1989, que vendeu mais de 800 mil cópias. Em 1991, com o disco “Arise”, novo sucesso estrondoso, especialmente no mundo do metal, mais de 1 milhão de cópias vendidas e uma turnê que passou por 39 países e teve 220 shows. Em alta, o Sepultura foi convidado a tocar na segunda edição do Rock in Rio, realizada em 1991, considerada por muitos a melhor da história do festival. A apresentação trouxe ao Sepultura o reconhecimento no Brasil que a banda já havia alcançado no exterior. Os álbuns “Chaos A.D.”, de 1993, e “Roots”, de 1996, venderam mais de meio milhão de cópias somente nos Estados Unidos e provaram a sólida trajetória construída pelo Sepultura, que se manteve como um dos conjuntos de maior sucesso do mundo no metal. “Chaos A.D.” chegou a ser classificado pela revista Rolling Stone como um dos 50 melhores álbuns da história da música brasileira.

Com o passar dos anos, o grupo enfrentou com maturidade os problemas, como as mudanças de formação, especialmente após a saída de Max Cavalera, e se manteve como uma referência mundial em seu gênero, tocando em alguns dos principais festivais do mundo e com uma legião de fãs extremamente fiéis. O Sepultura está há dois anos em turnê com o álbum “The mediator between head and hands must be the heart”, de 2013, e o guitarrista Andreas Kisser valoriza muito a comemoração dessa longa história de sucesso.

“É um sentimento fantástico, uma história de muito trabalho e conquistas. Mais especial ainda é poder comemorar a data num momento tão bom para o Sepultura. Estamos com uma formação muito forte, tocando nos maiores festivais do mundo, em todos os continentes. São 73 países até agora nesta nossa trajetória e temos muitos lugares pra ir ainda”, orgulha-se o músico, há 28 anos na banda, que destaca, ainda, que, apesar das três décadas de estrada, o Sepultura continua “muito focado no presente”.

A respeito da escolha do palco do Circo Voador, que surgiu também nos anos 1980 e é uma das casas favoritas dos roqueiros do Rio de Janeiro, Andreas Kisser é enfático ao falar sobre a decisão de celebrar as três décadas de carreira lá.

“O circo é um palco histórico para a cultura brasileira e, claro, para o Sepultura também. Lá toquei com o sepultura pela primeira vez no Rio, em 1987, na minha primeira tour com o disco “Schizophrenia”. Não teria outro lugar no Rio pra se fazer um show tão especial de celebração. Com certeza vai ser histórico!”, vibra.

Em meio a tantos acontecimentos de uma trajetória tão longeva, o guitarrista do Sepultura evita destacar um momento em particular, mas mostra um carinho especial pelas participações nos festivais de música. Obviamente, a participação no Rock in Rio de 1991 não ficou de fora da lista.

“Felizmente, são vários momentos, como o primeiro Rock in Rio, em 91, quando as portas da mídia brasileira se abriram para o Sepultura depois daquele show maravilhoso. Não me esqueço também do primeiro Ozz Fest, que aconteceu em 1996, do show no Castle Donignton (pelo festival Monsters of Rock), na Inglaterra, do (festival) Wacken (Open Air), na Alemanha, entre tantos outros”. 
O fato de o Sepultura ter se consolidado como a banda brasileira de rock de maior sucesso no mundo é apontado por Andreas Kisser como fruto de um enorme trabalho de todos os integrantes, que estão sempre prontos para uma nova turnê e nunca perdem o desejo de levar o rock para os seus fãs mundo afora. 

“Há muito trabalho, muitas viagens e muita estrada, pois o Sepultura é uma banda de estrada. Desde 1989, quando começamos a fazer shows internacionais, nunca mais paramos. Dedicação e amor ao que se faz são fundamentais para o sucesso”, pondera Andreas.

Além do orgulho do caminho trilhado e da entrega total ao trabalho, o sentimento de gratidão e carinho pelos fãs também é uma característica marcante na trajetória do Sepultura, e é com essa mensagem que Andreas convida os fãs a celebrar junto com a banda o show histórico no Circo Voador.

“Sempre tocamos a música que a gente ama. O metal faz parte do nosso DNA, está no sangue. Sempre fomos honestos com a nossa música, nunca nos vendemos a ninguém e lutamos por aquilo que acreditamos. Colocamos tudo nas nossas letras, nossas opiniões e ideias. Temos uma comunicação aberta com os nossos fãs, pois sem eles nada disso seria possível. Este show é pra você, Sepulfã!”, exclama.


O Circo Voador fica na Rua dos Arcos, s/nº, na Lapa, Rio de Janeiro. Às 22h. Preço: R$ 160 (inteira). Telefone: 2533-0354


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