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Construída em dezembro de 2017 no MAC, a instalação “De onde não se vê quando se está” foi selecionada para participar do Pavilhão do Brasil na Bienal de Veneza, de 26 de maio a 25 de novembro

fFotos: Divulgação / Léo Zulluh

LoO artista e arquiteto Pedro Varella deu aos cidadãos niteroienses a oportunidade de ver além do Museu de Arte Contemporânea (MAC) e, na curta temporada em que esteve disposta - apenas 13 dias -, a recepção dos visitantes à instalação “De onde não se vê quando se está” foi excepcional. A temporada acabou, mas o projeto continua vivo, tão vivo que foi selecionado para fazer parte do Pavilhão do Brasil, ao lado de 17 outros projetos brasileiros, na 16ª Exposição de Arquitetura da Bienal de Veneza, que começa dia 26 de maio e vai até o dia 25 de novembro. 

Pedro Varella ? que já teve a oportunidade de participar de alguns eventos internacionais, como a Bienal Internacional de São Paulo de 2013 e a Bienal Ibero-americana de 2014, em Rosário, na Argentina ? agora se encaminha para o que ele considera a mostra de arquitetura mais prestigiada do momento, e tem ótimas expectativas para o evento.

Escada de acesso

Fotos: Divulgação / Léo Zulluh

“O gru.a - coletivo de arquitetos do qual faço parte - surge em 2012. É uma prática relativamente recente. A bienal de Veneza é uma mostra muito prestigiada, então, tanto para mim quanto para os meus parceiros, é muito bom fazer parte dessa exposição. Isso faz com que seja possível alcançar um público internacional que dificilmente teria contato com o nosso trabalho. Esperamos que isso possa ampliar o debate acerca dos temas que nos propusemos discutir e também, quem sabe, proporcionar bons trabalhos a partir dessa nova rede que vai se estabelecendo”, declara Pedro, que diz ter ficado surpreso com a repercussão do projeto na época que estava instalado no MAC.

“Eu espero certa abrangência, por se tratar de uma intervenção em um dos mais reconhecidos ícones da arquitetura moderna brasileira, projetado por Oscar Niemeyer, mas era difícil dimensionar que teríamos todos os dias de exposição lotados, muitos deles com uma enorme fila que se estendia para o pátio de acesso do museu. Acho que esse interesse do público depois se reverteu também em certo interesse da crítica, tanto no ambiente da arquitetura quanto no das artes visuais”, lembra.

O diretor do museu, Marcelo Velloso, que acompanhou de perto todo o desenvolvimento do projeto, faz questão de enfatizar o trabalho de Pedro como arquitetônico e artístico, e recorda os desdobramentos pelos quais o projeto passou.

“Ele partiu da observação de fotos da época em que o local do museu era um mirante. Percebe-se que é um lugar de uma relação afetiva com o cidadão niteroiense desde muito tempo. Então, constrói-se o MAC, que é esse prédio icônico, potente e onipresente - é onipresente nessa visão da enseada de Icaraí; é onipresente nos ônibus da cidade. Com isso, ele propôs que a única forma da pessoa poder estar no MAC e não conseguir perceber o prédio é colocando o observador acima do museu. Daí é que surgiu a ideia”, conta.
A oportunidade da Bienal de Veneza surgiu de um chamamento público feito pela organização do “Muros de Ar” - nome do pavilhão do Brasil na bienal -, em que 289 projetos de mais de 60 cidades brasileiras se inscreveram. A curadoria, composta por Gabriel Kozlowski, Laura González Fierro, Marcelo Maia Rosa e Sol Camacho, selecionou 17 projetos que utilizam a arquitetura como instrumento de mediação de conflitos, transições entre os domínios público e privado e conexão entre tecidos urbanos distintos. O curador Marcelo Maia explica o porquê do projeto de Pedro ter sido selecionado.

“O projeto do Pedro é lindo e muito emblemático porque é a coisa mais simples e reveladora que podia ter. É de uma delicadeza surpreendente. Ele muda o ponto de vista das pessoas em relação à cidade. Isso é exatamente o que a gente quer, uma proposta que te desloque do dia a dia, do senso comum e do imaginário. Ele fala muito dessa construção do imaginário da Guanabara, que é desvirtuado e colocado sob um novo ponto de vista”, comenta Marcelo Maia. 

O pavilhão do Brasil será dividido em duas áreas. Uma com a exposição dos projetos selecionados pelo chamamento e outra com 10 mapas de tamanho grande, que são resultado de uma pesquisa que está sendo desenvolvida pela própria equipe organizadora em conjunto com inúmeras universidades, que aborda a relação do Brasil com alguma disciplina ou questão importante para o entendimento do urbanismo no País.