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Entre os participantes está Daniel Munduruku, vencedor do Jabuti
Foto: Divulgação
Mesmo próximo de uma pausa nas atividades por falta de orçamento, o Centro de Artes UFF se mantém a postos com a realização da segunda edição do projeto “Brasil: a margem”, que começa amanhã, às 17h, e se estende até o dia 30 de abril. Este ano, a organização escolheu abordar a temática indígena, com o título “Teko Porã – Cosmovisão e Expressividades Indígenas”, termo que, segundo o curador Pedro Gradella, significa “bem viver”, traduzido do guarani.
“Nomeamos o projeto como Teko Porã, pois é uma referência guarani que tem a ver com a ideia de bem-estar, com a forma correta de se organizar em sociedade e com a ideia do meio ambiente, ou seja, na produção de equilíbrio nas relações entre as pessoas, e das pessoas com o meio ambiente. Esse foi o caminho que desenhamos na curadoria do projeto. Queremos apontar que, para além de toda essa base ancestral que eles têm – com seus conhecimentos, cosmologias e forma de ver o mundo –, também veem o mundo de hoje não só com a ideia de permanecerem no mesmo lugar, mas estão pensando ativamente em formas de melhorar o mundo. Eles têm uma visão crítica sobre a forma que nos organizamos atualmente”, explica Pedro.
As programações serão abertas com a conferência “Ancestralidades indígenas e dilemas contemporâneos”, que acontece amanhã, às 17h, no Teatro da UFF, e será ministrada por Daniel Munduruku – um dos mais importantes e premiados escritores indígenas brasileiros, vencedor do Prêmio Jabuti 2017.![]()
Katú Mirim, mulher indígena urbana, mãe, lésbica, da periferia de São Paulo, que estará em um bate-papo sobre questões identitárias
Foto: Divulgação
No mesmo dia, às 19h, acontecerá a abertura de três exposições: a coletiva “Reantropofagia”, com obras dos artistas contemporâneos indígenas Jaider Esbell, Daiara Tukano, Sueli Maxakali, Nei Xakiabá, Coletivo Mahku Huni Kuin, Renata Machado e Naná Kaigang; “Tka dahêmba / corpo terra”, do fotógrafo de etnias Edgar Kanaykõ Xakriabá; e “Resistência”, da fotógrafa Sallisa Rosa. Às 20h, é a vez da projeção em laser do coletivo LabLuxz na fachada do Centro de Artes, com obras dos artistas Denilson Baniwa e Jaider Esbell, e sonorização da Rádio Yandê com a DJ Aratikira.
A programação completa pode ser conferida no site do Centro de Artes UFF: www.centrodeartes.uff.br.
O restante da programação será composta de um Seminário de Línguas Indígenas; minicursos; exibições de filmes e animações; shows com cantores e rappers indígenas; feiras artesanais; saraus; peças; concertos; contação de histórias; e debates. Terá a presença de figuras ilustres do cenário indígena ou entendidos do assunto, como Eliane Potiguara, Taily Terena, Katú Mirim, Wallace de Deus Barbosa, José Ribamar Bessa Freire, entre outros.
O evento acontece no ano que foi declarado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) como o Ano Internacional das Línguas Indígenas. Para Leonardo Guelman, superintendente do Centro de Artes UFF, a iniciativa é muito importante e se faz necessária para o ambiente universitário.
“‘Brasil: a margem’ trabalha com todas essas situações-limites do País, situações que, de alguma forma, se parecem com ‘margens’. A questão indígena, assim como a questão da negritude, as questões de gênero, fazem parte dessa margem tensa que o Brasil está vivendo hoje, principalmente nos contextos político e cultural. O projeto procura focar na importância das culturas e saberes indígenas, no que tange à relação com a natureza, as relações humanas, os conhecimentos. A gente entende a importância dos saberes e práticas culturais indígenas como uma outra forma de conhecimento que é negligenciada, em grande parte, pela ciência moderna ocidental. Daí a importância da universidade se abrir para esse projeto”, declara Leonardo.
Cultura e saberes indígenas em foco
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