Dez anos de sucesso

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A peça ficará até dia 5 de julho em cartaz , no Teatro Abel.

Fotos: Divulgação

Uma amiga minha me ligou uma vez e disse “eu tô lendo um livro que você tem que ler: Os Homens São De Marte E As Mulheres São De Vênus”. E na época eu tava super solteira. Aí na hora eu pensei ‘se os homens são de Vênus, é pra lá que eu quero ir correndo’”. É assim que a atriz Mônica Martelli explica de onde veio o nome para “Os Homens são de Marte... E é pra lá que eu vou!”, monólogo de sucesso há dez anos nos teatros que chega nesta sexta-feira (26), às 21h, para curta temporada, até dia 5 de julho, no Teatro Abel.  

Mônica conta que a peça veio em uma fase de instabilidade na carreira, sem autonomia. Nesse momento veio a epifania de que antes dos outros, ela mesma tinha que se enxergar, então decidiu “sair do banco do carona e sentar no volante”. O novo posicionamento de vida da atriz culminou, dez anos depois, em uma espécie de franquia que já chegou além do teatro, às telinhas da televisão e às telonas das salas de cinema.  

“Eu estreei em um teatro pequenininho, porque eu queria simplesmente mostrar o meu trabalho. Na segunda semana, o lugar começou a lotar, aí eu comecei a ganhar todos os prêmios, recebi uma crítica maravilhosa da querida Barbara Heliodora. Eu nunca ia esperar que aquele espetáculo ia mudar minha vida como mudou. Minha vida é contada antes da peça, e depois da peça”, relembra Mônica, que nos palcos dá vida a Fernanda, de 35 anos, solteira, jornalista formada, mas trabalha com eventos e organiza festas de casamento

“ Então a cada cara que ela conhece, fala: “eu acho que É ELE ”

Foto: Divulgação

Fernanda está em busca do amor e se envolve tão intensamente com vários tipos de homens que chega a ficar muito parecida com cada um deles, independente dos tipos físicos, das condições sociais, raciais ou econômicas. Cada homem que ela encontra pode ser seu grande amor. 

“Eu gosto de muitos momentos na peça. Mas tem uma coisa muito engraçada, porque a cada homem que ela se apaixona, ela pensa que é o amor da vida dela. Então a cada cara que ela conhece, fala: “eu acho que É ELE”. E ela sempre fala com certeza absoluta que não vai transar com ele quando sai pela primeira vez, e acaba transando com todos. Eu adoro essa certeza que nós temos na teoria, e na prática fazemos outra coisa”, conta. 

Fernanda se envolve com um político, um rico playboy, um alternativo do Sul da Bahia e um gay. O tempo que ela gasta com os homens daria para ter dado uma volta ao mundo e ainda ter estudado a história de todas as civilizações. A vida para ela sem um amor é uma vida em preto e branco. Assim como também é para Mônica. É interessante observar que a atriz sempre emprega termos como “a gente”, “nós”. Ela se inclui na história, se confunde com Fernanda. E é isso mesmo que torna “Os Homens são de Marte... E é pra lá que eu vou!” tão real, e de tão fácil identificação para o público. 

“A maioria das histórias foram inspiradas na minha vida. Botei em cena tudo que eu sentia quando estava solteira, as alegrias, as tristezas. Acho que o sucesso do espetáculo vem dessa verdade que está em cena. É meu olhar, minha leitura em cima de tudo que vivi”, explica. 
Um dos momentos mais marcantes da peça é quando a protagonista distribui santinhos de Santo Ezequiel Moreno, escolhido pela atriz para ser o padroeiro das solteiras em  “Os Homens são de Marte... E é pra lá que eu vou!”.

“Há dez anos atrás, um amigo falou pra mim “menina, peguei esse santo que dizem que não tem fila”. Eu achei ótima essa história, e pensei “deixa eu colocar isso na peça”. Não tem fila, então ele pode atender mais os nossos pedidos, porque Santo Antônio tá muito atarefado. Daí virei a maior divulgadora do Santo Ezequiel Moreno”, lembra. 
A peça faz uma crítica ao comportamento e a certos valores da sociedade, é uma visão bem-humorada desta mulher do terceiro milênio: independente, bem sucedida e com dificuldades de encontrar um homem que saiba compartilhar esta liberdade. O monólogo traz ainda uma mulher que está batendo na porta dos 40 anos, e continua a se descobrir, a aprender seu posicionamento como mulher dentro da sociedade. 

“É importante quando ela entende, ela percebe que está sempre no papel da escolhida. Como se estivesse em uma vitrine esperando ser escolhida por um homem. E é quando ela se toca que é ela tem que escolher, e não ficar apenas como escolhida”, adianta Mônica. 

Com dez anos de vida, a peça acompanhou uma década de vida da sua criadora, que em uma década casou, teve uma filha, separou, e agora está namorando, “apaixonada, achando que É O CARA”. Mesmo com tantos anos levando o monólogo para os teatros, a atriz garante que sobe no palco como se fosse sempre a primeira vez. E o público a recebe como se fosse a primeira vez, mesmo que não seja. 

“O público continua maravilhoso, lotando a peça em todas as cidades que eu vou, sempre com muito riso. Porque ela é atemporal, eu entendi isso de verdade depois que eu me separei, aí subi no palco solteira e comecei a me identificar de novo com a personagem. Porque a busca pelo amor está sempre dentro de todos nós”, acredita. 
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Como a romântica assumidíssima que é, Mônica diz que ama estar apaixonada. E acredita que todo mundo quer amar também. 

“Eu acho que não só as mulheres estão em busca do amor. Todo mundo quer viver um amor, todas as pessoas do mundo. É claro que a gente pode viver sozinho, a gente até deve saber viver sozinho. Mas a vida com um amor do lado, ela é mais colorida”, finaliza. 

O Teatro Abel fica na Rua Mário Alves, 02, Icaraí, em Niterói. Às 21h. Sábados e Domingos, às 20h. Preço: R$60,00 (sexta-feira), e R$70,00 (sábado e domingo). Telefone: 2195-9800.