Entre a foto e a pintura

Entretenimento
Tpografia
  • Mínimo Pequeno Médio Grande Gigante
  • Fonte Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

Renato fotografa e em cima de cada imagem faz um tratamento artístico usando o Photoshop

Foto: Divulgação

Nesta quarta (18), às 18h, acontece a inauguração da exposição “Prismas”, do fotógrafo e ator Renato Neves, que levará à Galeria La Salle 38 trabalhos que ele classifica como “fototela”. 
Suas obras carregam uma forte influência do fotógrafo André Disdéri, que ainda no século XIX, quando a revelação das fotos era em preto e branco, foi considerado “fotógrafo pictorialista” ao aplicar cores aos retratos que fazia. Renato, que começou a desenvolver a identidade artística do seu trabalho através do pincel e da tela, hoje recorre à tecnologia disponível através do Photoshop. Ele tira as fotos e as modifica com as ferramentas do programa.

“Fotografo muito marinas, mas faço muita coisa abstrata também. Por exemplo, peguei um copo, enchi de lápis de cor, fotografei e trabalhei a imagem no Photoshop, de modo que as pessoas não conseguem identificar como foi produzido. Só eu contando para as pessoas conseguirem imaginar. Olho uma coisa, fotografo e, se gosto, me sinto livre para transformar no que eu quiser”, conta o fotógrafo.

Renato já conhecia o Photoshop antes mesmo de fotografar. Há muitos anos, antes mesmo de trabalhar como ator, trabalhou como modelo e diz que, quem é do meio sabe que toda foto de modelo tem alguma interferência do Photoshop. O que ele não poderia imaginar é que esse programa seria sua ferramenta de trabalho artístico.

“Minha formação é teatral. Trabalhei como ator durante muitos anos e é aquela coisa: ‘uma vez artista, sempre artista’. Só que a vida de ator é bem complicada, muito instável, aí eu achei uma opção interessante na fotografia, que é uma coisa que eu gosto muito também. A partir daí comecei a fazer trabalho com moda e um amigo meu, que tinha uma produtora em São Paulo, sempre me chamava para fazer cobertura de eventos empresariais lá, onde aconteciam treinamentos, workshops. Em um desses eventos, em que aconteceu uma dinâmica em uma marina, fiz muitas fotos legais e decidi fazer algo diferente para dar de presente para eles. Peguei uma foto de um veleiro e trabalhei ela no Photoshop com alguns efeitos e o pessoal se amarrou, colocaram em molduras. Com isso, me viciei no trabalho. Virou cachaça”, brinca.

Galeria possui 38 trabalhos que ele classifica como “fototela”.

Foto: Divulgação

Segundo ele, o que tem de mais interessante nessa linha é que todos os seus trabalhos são únicos. Quando vai usando as técnicas no Photoshop, o trabalho vai ganhando uma nova identidade e é quase impossível voltar ao ponto de partida. Ele confessa que “viaja” fazendo o que faz, porque não segue padrões. É uma terapia, em que Renato brinca, mistura, mas quando salva o arquivo, já era, é aquilo ali.
O nome “Prismas” foi sugerido por Angelina Accetta, curadora da exposição, que diz que a criação artística de Renato revela diferentes possibilidades da fotografia, diferentes olhares, além da técnica, como estética que traduz o sensível.  

“Tem uma estética que abrange várias vertentes, vários prismas em múltiplos olhares. As imagens ultrapassam a linha divisória da fotografia e da pintura. São ressonâncias, interseções que aproximam a fotografia de diferentes estilos como impressionista, cubista, fauvista e abstrato”, analisa a curadora.
Apesar de seu trabalho já ser reconhecido, Renato não expõe desde o ano passado, quando aconteceu sua primeira exposição, como fruto do incentivo de um grande amigo, que viu seu trabalho e se encantou.

“Eu tenho um grande amigo, que é o Luiz Carlos Lacerda, conhecido como Bigode. É um dos grandes cineastas brasileiros da atualidade, e eu fiz parte do elenco de dois filmes dele, inclusive o sobre Leila Diniz – ele também era um grande amigo da atriz. Como eu sempre postava meus trabalhos no Facebook para os amigos verem, um dia ele chegou até mim e disse: ‘Renato, você tem um trabalho super legal. Por que não faz uma exposição?’. Eu estava meio desacreditado, mas ele conversou com a responsável pela Sala de Cultura Leila Diniz, eles gostaram do meu trabalho e selecionaram as fotos de marina que eu tinha feito. Daí surgiu a minha primeira exposição ‘Navegar é preciso’ – nome dado pelo próprio Luiz”, lembra Renato.

A Galeria La Salle fica na Unilasalle - RJ, na Rua Gastão Gonçalves, 79, em Santa Rosa, Niterói. Inauguração: Quarta, às 18h. Fica em cartaz até dia 17 de maio, de segunda a sexta-feira, das 9h às 22h. Entrada franca. Classificação: livre. Telefone: 2199-6629.