Entre violinos e rabecas, muito talento para mostrar

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Duo Rabeca de Câmara conta com a presença de Bia Bedran durante apresentação na Reitoria da UFF

Foto: Divulgação / Paulo Rodrigues

O Duo Rabeca de Câmara Rodrigo Bis & Guilherme Bedran se apresenta domingo (22), às 17h, na feira Abarca, no jardim da Reitoria da UFF, em Icaraí. A rabeca, assim como a viola, o pífano e a sanfona de oito baixos, é um instrumento ligado às festas populares brasileiras. A Folia de Reis, em Minas Gerais e no sudeste, os Fandangos, no Paraná e no litoral sul, os Cavalos-Marinhos, em Pernambuco e outras regiões do nordeste, são alguns exemplos de tradições que se mantêm na cultura nacional com a presença da rabeca.

Segundo Rodrigo Bis, uma das maiores diferenças entre as rabecas e o violino é que elas não têm um padrão definido.

“Cada artesão faz um instrumento à sua maneira. O construtor experimenta madeiras como jandira e jenipapo. Elas têm sons, afinações, tamanhos e, às vezes, até mesmo número de cordas diferentes. A rabeca é um campo aberto de experimentação”, define o músico.

O movimento Mangue Beat, nos anos 90, impulsionou o interesse pela rabeca, que, antes, era vista como um instrumento de incompletude e atraso quando comparado com o violino e com a cultura erudita.

“Teve todo um movimento de falar sobre a cultura nordestina e misturar com o rock, foi a primeira vez que vi a rabeca, há cerca de dez anos, com o Mestre Ambrósio. Um rapaz perto de mim tocava e eu colei nele. Antes, tocava só violão e acabou que, depois, ela virou meu primeiro instrumento. Me apaixonei e, hoje, praticamente me dedico à rabeca, mas encontro mais tese do que gente tocando”, desabafa Rodrigo.

O rabequeiro conta ainda que sua primeira rabeca foi a esposa, Norma Nogueira, que lhe deu de presente, e, a partir de então, procurou por artesões em todas suas viagens.
“Enquanto ainda estava pesquisando, vi o grupo do Guilherme Bedran, Palha de Milho, e depois fui saber que ele tocava a rabeca de um mestre, o Zé Côco do Riachão, considerado o Beethoven do sertão”, explica Rodrigo, que conta que, de vez em quando, se reunia com amigos, tinha encontros de rabequeiros para trocar informações e o Guilherme Bedran também ia.

“De repente, a gente começou a tocar juntos. Ele até parece um pouco com o Zé Côco de tanto que conhece o repertório”, compara Rodrigo.

Guilherme Bedran conta que conheceu a rabeca através do Zé Côco, que era um rabequeiro que também fazia violas de caipira entre outros instrumentos de repercussão.
“Como sempre toquei violino, tive essa aproximação com a rabeca. Depois tive a chance de ter uma rabeca justamente dele e estou com ela até hoje. Um amigo deixou comigo porque tinha uma viola caipira e uma rabeca que ganhou, mas tocava mais a viola, então, me emprestou e estou usando até hoje”, brinca Guilherme.

Sua irmã, Bia Bedran vai fazer uma participação especial no show dos músicos, anunciando a temporada de “Canções, histórias e brincadeiras musicais”, com a banda da qual Guilherme é integrante (bamdolim, rabeca e voz) e vai estar no palco do Teatro da UFF, aos sábados e domingos do mês de maio. 

“Ela vai cantar algumas músicas do show, contar algumas histórias. Vai dar um brilho especial a nossa apresentação”, diz Guilherme.

Neste encontro dos músicos Rodrigo Bis e Guilherme Bedran, as rabecas e o violino conversam forrós, valsas, choros e maxixes com suas vozes às vezes roucas, carregadas de roça e sertão. No repertório, misturam-se composições de rabequeiros como Zé Côco do Riachão, Nelson da Rabeca, Siba, Luis Paixão, Antônio Nóbrega com outras músicas de compositores brasileiros, como Capiba, Luiz Gonzaga e Pixinguinha.

A quarta edição da feira Abarca também conta com expositores de moda, artesanato, literatura e culinária. Às 10h, “Descobrindo o Mundo - Encontros sensoriais para a primeira infância”; às 12h, yoga para crianças com a Yoga Lúdico Niterói; às 13h, Meditação do Anahata Chakra; às 16h, Dança Circular com Andrea Garcia Godoy, e às 17h, o Duo Rebeca de Câmara com Guilherme Bedran e Rodrigo Bis. 

A Reitoria da UFF fica na Rua Miguel de Frias, 9, em Icaraí, Niterói. Domingo, às 17 horas. Classificação: livre. Entrada franca.