Harmonia das vozes

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Quatro dos músicos têm mestrado na área de música, mas todos possuem afinidade desde a infância. No palco, eles são acompanhados pelo percussionista Mateus Xavier

Bel Corção / Divulgação

Há alguns anos, o grupo Ordinarius namorava a ideia de fazer um projeto dedicado ao repertório de Carmen Miranda. Tudo começou quando Augusto Ordine, diretor musical do grupo, participou do musical “In South American Way”. Todos ficaram fascinados pela história desta artista multifacetada, que é tão pouco valorizada no Brasil e que foi de extrema importância para a cultura brasileira do século XX. A estreia do show do novo CD “Notável”, o quarto espetáculo da carreira do Ordinarius, acontece no Teatro Municipal de Niterói dia 16, domingo, às 17h.

“Para nós, homenagear Carmen é reverenciar toda uma geração de músicos atuantes no período de formação do que hoje entendemos por MPB. Lembrar a Pequena Notável é lembrar de Dorival Caymmi, Ary Barroso, Assis Valente e todos os compositores e instrumentistas que estavam lado a lado com ela naquele momento. É lembrar da riqueza desta música que, depois, foi desembocar no samba-canção, na Bossa Nova, na Tropicália e tudo o mais que veio em seguida”, argumenta Maíra Martins, cantora, regente e professora de canto – uma das integrantes do grupo.

Os cantores se revezam nas posições vocais, e esta é uma característica singular no Ordinarius.

“A voz no Ordinarius é o instrumento principal. Nós completamos com as vozes toda a harmonia e a parte rítmica, junto com o auxílio da percussão e, eventualmente, o cavaquinho. A maior parte dos arranjos tem seis vozes, o que equivale a seis instrumentos tocando, ou seja, cantando, ao mesmo tempo. O Augusto escreve todos os arranjos vocais. Os cantores estudam suas partes em casa e temos um ensaio semanal, no qual o diretor musical afina o resultado final”, conta Maíra. 

O sexteto vocal é acompanhado de percussão. O percussionista Mateus Xavier, que está com o Ordinarius desde o início do grupo, há dez anos, era considerado participação especial até alguns anos atrás, quando entenderam que sua contribuição musical era tão importante que ele merecia ser um integrante do grupo vocal, mesmo sem cantar. Desde então, Mateus está presente também nas fotos de divulgação do sexteto. Além de Augusto, Maíra e Mateus, compõem o grupo Fabiano Salek, Matias Correa, Fernanda Gabriela e Rebeca Vieira.

“Nós todos nos conhecemos em cantorias variadas em outros grupos e corais. Um fato curioso é que os quatro membros originais do grupo se conheceram em um coral de Niterói, o Boca que Usa, que está em atividade até hoje. Somos, portanto, um grupo tecnicamente niteroiense!”, brinca Maíra. 

Atualmente, quatro integrantes do grupo têm mestrado em música, mas, mesmo os que não têm, passaram por muitos anos de estudo e prática. Segundo Maíra, além do estudo formal, é importante destacar o fato de que a convivência musical veio desde cedo para os integrantes do Ordinarius, quase todos vindos de famílias de músicos.

“Ainda na adolescência, insisti com meus pais para fazer aula de música, pois não havia na minha escola. Ingressei no curso do Villa-Lobos, no Centro do Rio, e, daí em diante, a paixão e o envolvimento com a música só fizeram aumentar”, observa Augusto, que é completado pela impressão da Maíra sobre a presença da música na sua vida: “Acho que já nasci cantora e todo o resto do que faço fui inventando ao longo da vida. Tive o exemplo do meu pai, Jorge Sá Martins, que cantou durante muitos anos no Garganta Profunda e que semeou em mim a paixão pela música vocal”, afirma. 

Os shows pelo Brasil começaram em 2010 e 2011. O material dos três primeiros álbuns – “Ordinarius”, “Rio de Choro” e “Extra” – já levou o grupo a festivais internacionais, em países como Alemanha, Suíça e Paraguai, além de ter rendido conquistas como o primeiro lugar no Concurso Nacional de Grupos Vocais, em 2014.

“Participar de festivais variados – nacionais e internacionais – tem nos permitido entrar em contato com diferentes culturas e públicos, ampliando nossos horizontes. Ter estado na Suíça, Paraguai, Panamá, Alemanha e em diversos estados do Brasil nos fez entender que a música que fazemos é muito potente e que existe um público interessado neste tipo de arte ao redor do mundo, o que nos deixa felizes e esperançosos de continuar a nossa trajetória”, celebra Maíra. 

O Teatro Municipal de Niterói fica na Rua Quinze de Novembro, 35, no Centro. Dia 16 (domingo), às 17h. Duração: 90 min. Classificação: livre. Preço: R$ 90 (inteira). Telefone: 2620-1624.