Humor do improviso

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Os atores André Lamare, Cristiano Lopes, Celso Jardim e Ricardo Ferreira unem seus talentos no palco

Foto: Divulgação

Criatividade é um atributo que nem todo mundo domina. Agora, a imaginação unida ao teatro é ainda mais difícil. Construir cenas através do improviso é para poucos e um grupo de quatro atores vai mostrar que entende muito bem dessa arte. 

Neste sábado (20), às 20h, e domingo (21), às 19h, usando a comédia como forma de se comunicar, o Teatro Popular Oscar Niemeyer vai ser tomado pelo improviso, através do espetáculo “Impromédia”, dirigido pelo integrante do Casseta e Planeta Cláudio Manoel.

Os atores e improvisadores André Lamare, Cristiano Lopes, Celso Jardim e Ricardo Ferreira unem seus talentos para divertir o público. Para realizar uma apresentação que tem como base o improviso, a boa relação entre os atores é fundamental.

“É um grupo que tem muita química, eles se conhecem no olhar. Quando se trabalha com improviso, você tem confiar muito em seu parceiro de cena, e isso eles conseguem. O mais legal é que eles se divertem em cena e isso é perceptível. O resultado é sempre o melhor possível nessa confiança que um tem no outro”, declara o diretor Cláudio Manoel.

Eles respiram humor, então “Impromédia” nasceu no berço perfeito. Eles contam que, durante uma reunião realiza por uma atriz, que não está mais no elenco, surgiu a ideia de criar algo. O que eles não sabiam é qual modalidade iriam fazer.

Mas não dá para negar, o humor está na alma, Então perceberam que a ‘escola’ deles era a comédia e não deu outra. Juntos, decidiram que fariam algo diferente e livre, sem que mandar em nada. Queriam que a plateia se tornasse a condução.

A espontaneidade é o que define essa peça. Nada de roteiros ou textos prontos. O que os interessa é criar de acordo com o momento. Considerando essa premissa, o público desempenha um papel fundamental para que o espetáculo se torne um sucesso. É a plateia quem decide o que vai acontecer e o rumo que a apresentação vai tomar. 

Antes da diversão começar, um mestre de cerimônias prepara o público para rir muito e vai esquentando o clima. Logo depois, os especialistas no improviso entram em cena e escolhem temas sugeridos pelo próprio público, que podem ser escritos antes de entrar no teatro ou sugeridos verbalmente durante a peça, a pedido do ator.

Tudo isso é um jogo, o jogo do improviso, e para que ninguém saia perdendo, as regras são passadas à plateia com todos os detalhes. Os temas, personagens e tudo o que envolve as cenas é escolha da plateia, que se torna parte do elenco.

“O público se identifica porque eles tem total controle sobre o espetáculo. Tem jogos, inclusive, que eles escolhem o personagem que cada um irá interpretar. Hoje em dia, essa interação é muito importante. No nosso espetáculo, quem realmente manda é a plateia”, esclarece o ator André Lamare.

Em “Impromédia” não tem essa de “se assistir mais de uma vez perde a graça”. Cada apresentação é única e diferente. Como as cenas e as histórias surgem na hora, o público sempre assiste a um espetáculo diferente. Mesmo com toda essa diversificação, sempre há um tema que é sugerido com frequência pelo público.

O espetáculo é dirigido pelo integrante do Casseta e Planeta Cláudio Manoel.

Foto: Divulgação

“Sempre que perguntamos algo do tipo ‘O que você não deixa de levar ao sair de casa?’, hoje em dia, é quase inânime responderem ‘celular’, até paramos de fazer essa pergunta (risos)”, conta Lamare.
Ainda que eles sejam especialistas nisso, não pense que o improviso é fácil. Com apresentações completamente diferentes, isso se torna um desafio para quem está no palco, pois nunca se sabe o rumo que o espetáculo vai tomar. 

“Trabalhamos o pensamento rápido porque tudo acontece na hora. Sempre ajudamos um ao outro em cena. Fica mais fácil quando estamos os quatro improvisando, mas quando a cena é de um ator só isso se complica mais”, revela o humorista Cristiano Lopes, afirmando que buscam vários temas, mas nunca sabem o que pode vir. A única certeza que eles têm é de que tem que desenvolver a cena, pois quem manda é a plateia. 

Grande parte dos brasileiros gostam de comédia e a interação criada com a plateia é algo que agrada a maioria. Se sentir parte do espetáculo e não só ser um espectador, pode tornar a peça mais interessante e fazer com que o participante se sinta especial. Por isso, eles usam esse recurso para se aproximar do público.

“Além da plateia escrever antes os temas em um papel ou dar os temas verbalmente, temos o nosso Whatsapp, em que o aparelho celular do espetáculo fica o tempo todo em cena em uma mesa, e a plateia pode enviar os temas, que são lidos na hora”, esclarece Cristiano.
A profissão de ator está diretamente relacionada com a arte do improviso, esses dois termos se completam. 

Aliás, o humor negro que eles tanto evitam é alvo de crítica hoje. A polêmica de até onde a liberdade pode atingir o outro ainda é uma questão em discussão. Uns gostam, outros preferem uma forma de humor mais leve, sem ofensas. E é isso que esses quatro improvisadores buscam em cena.

“Achamos que tem ‘humor’ e ‘humor’. Hoje não se pode mais fazer determinadas piadas que tudo pode ofender. Por outro lado, não gostamos do humor ofensivo. Você não precisa ofender alguém para tirar Essa técnica envolve coisas que o ator também precisa ter. A criatividade, pensamentos rápidos, criação de personagens, respiração e saber ouvir o outro em cena é fundamental para exercer o papel de ator e dominar o improviso.

O espetáculo “Impromédia” procura oferecer ao público um humor inteligente , de divertir, alegrar e passar uma boa mensagem para quem está assistindo. Eles prezam o bom senso para fazer isso com êxito.

“Em nossas apresentações procuramos não fazer piadas ‘xulas’, nem levar as coisas na sacanagem. Procuramos passar que não precisamos ‘apelar’ para tirar a graça de uma coisa”, diz o improvisador Ricardo Ferreira.graça”, afirma Ricardo, criticando que nem todo stand up é um humor negro.

Diante do emblemático cenário do Teatro popular, eles reservam grandes surpresas. Estar pela primeira vez em Niterói os motivou a criar mais, e eles esclarecem que, tanto no sábado, quanto no domingo, tudo será diferente.

“Achamos que seria ótimo nos apresentar com várias novidades, como jogos de improviso inéditos, personagens novos que nunca mostramos para ninguém, cena em que a plateia participa no palco e uma coreografia de um grupo muito famoso, que não podemos dizer para não estragar a surpresa”, adianta Ricardo, em tom de mistério.

O Teatro Popular Oscar Niemeyer fica na Avenida Jornalista Rogério Coelho Neto, s/n, no Centro de Niterói. Sábado às 20h e domingo às 19h. Preço: R$ 50 (inteira). Telefone: 2613-2734.