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A série incorpora repetições e cria espaços inusitados em preto e branco
Foto: Divulgação
Abre nesta quarta (21), às 19h, no Reserva Cultural, em São Domingos, a exposição “Fluxos”, do fotógrafo carioca Luiz Baltar. A série incorpora repetições e cria espaços inusitados em preto e branco. Dessa forma, abre janelas para espaços e tempos alternativos sem perder as principais referências da cidade. A paisagem vista por quem transita nas vias expressas é redesenhada através do ritmo obtido, que faz parte do cotidiano de muitos cariocas.
“Eliminando a distração da cor você trabalha as massas da imagem, os pesos e as linhas de força da composição, ritmos e texturas”, explica o fotógrafo sobre a escolha do preto e branco.
Baltar é formado em Gravura pela Escola de Belas Artes/UFRJ, em fotografia pela Escola de Fotógrafos Populares, projeto criado por João Roberto Ripper e pós-graduando em fotografia e imagens pela Universidade Candido Mendes. Também é ganhador dos principais prêmios de fotografia do ano de 2015 (Prêmio Conrado Wessel e Prêmio Brasil), e seu percurso de Luiz Baltar iniciou-se na Escola de Fotógrafos Populares da Maré oito anos antes. Seu trabalho singulariza-se quando começa a documentar seu caminho de casa para o trabalho – com o celular – todos os dias de dentro do ônibus.
“Moro em Bonsucesso e trabalho em Botafogo. Nesse percurso, que cruza a cidade, passo horas dentro de ônibus. Aos poucos a observação, como distração da viagem, se transformou em uma enorme necessidade de registrar as cenas, acontecimentos e documentar as mudanças que vi acontecer na cidade, graças às inúmeras obras de “revitalização” e infraestrutura proporcionadas pela escola da cidade para abrigar os megaeventos Copa do Mundo e Olimpíadas. Comecei, então, a reparar no caminho que fazia, nos passageiros e pedestres; na “sujeira” urbana, rica em texturas. Capturar as imagens que passavam e que refletiam nas janelas passou a fazer parte da minha rotina”, explica. Os temas centrais de seus projetos são território, cultura e direito à cidade, com particular interesse em mobilidade urbana, violência policial e direito à moradia.
A curadoria do trabalho é de Márcia Mello, que conta que conheceu Baltar quando atuava como coordenadora do curso avançado de fotografia Escola de Fotógrafos Populares da Maré, onde ele apresentou os primeiros resultados do trabalho que depois intitulou “Fluxos”.
“Baltar é um fotógrafo engajado com as causas sociais que o cercam, desloca suas inquietações para espaços periféricos da cidade, sem se prender a estereótipos mais fáceis de serem aprisionados pelos sentidos. Ao abrir lugar para ver o outro, democratiza o seu olhar e nos convida a compartilhar tais experiências. Sua documentação autoral expandida do cotidiano dialoga com o universo poético, potencializando sua criação e a realidade retratada. A forma como faz me surpreende, me emociona e me motiva. Com sua fotografia, Baltar traz algo novo para a cena artística carioca!”, aponta a curadora.
Baltar conta que, durante a captura de imagens para o projeto, começou a perceber o transporte coletivo como um espaço afetivo e sensorial privilegiado para entender as transformações urbanas e as relações com moradores com a cidade, e, assim, um espaço que antes trazia a ideia de confinamento passou a significar um tempo para contemplação. “Minha proposta com a exposição Fluxos é mostrar essa cidade que descobri com todas as transformações, sociais e paisagísticas, que aconteceram no Rio de Janeiro”, explica.
O Reserva Cultural fica na Avenida Visconde do Rio Branco, 880, São Domingos, em Niterói. Quarta-feira, 21 de março às 19h, até 13 de maio, das 12h às 22h. Entrada franca.
Imagens de um trajeto diário
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