Impecável

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Diante da plateia, o ator Luiz Fernando interpreta oito personagens. Alguns deles trabalham em um salão de beleza de quinta em Copacabana

Foto: Guga Melgar / Divulgação

Considerado um dos melhores e mais engraçados atores do Brasil, Luiz Fernando Guimarães sobe pela primeira vez ao palco do Teatro Popular Oscar Niemeyer, no Centro de Niterói, com a peça “O Impecável”. A estreia é neste sábado (09), às 20h. Para a tristeza dos niteroienses, só fica em cartaz neste final de semana, com apresentação também no domingo, às 19h.

O pano de fundo da narrativa é um salão de beleza da Zona Sul do Rio chamado “Impecável Beauty”. E o fio condutor são os sete pecados capitais impregnados no local. Diante da plateia, o ator Luiz Fernando interpreta oito personagens. No cenário, apenas uma bancada, uma cadeira e um secador de cabelo. Para ele, adquirir esta versatilidade em cena foi um grande desafio em sua carreira. “A preparação não foi fácil porque cada personagem tem um discurso e não são monólogos. Um personagem interage com o outro. No palco, eu tenho que transitar para lá e para cá. Preciso usar esta matemática que fui adquirindo nos ensaios com a repetição. O maior desafio foi interpretar todos estes personagens sem artifício, com uma roupa única. Os personagens não têm nem peruca. O público reconhece cada um pela mudança física que faço no corpo, pelo ritmo, forma de falar”, relata o ator.

A história foi escrita por dois autores de peso: Charles Möeller e Claudio Botelho, famosos por espetáculos como “Cristal Bacharach”, “Um Dia de Sol Em Shangrilá” e “Todos os Musicais de Chico Buarque em 90 Minutos”. É a primeira vez que os dois fogem do formato de musical para se aventurarem na comédia.

No salão, os personagens seguem a linha do politicamente incorreto. Ednardo é um atendente preguiçoso que tenta se dar bem enganando a patroa no horário de serviço. Seu Francisco, o faxineiro, é um evangélico fervoroso. Já Chanderley é a responsável pelas unhas dos clientes, mas parte de sua renda vem de “serviços extras” prestados nas madrugadas em Copacabana. O cabeleireiro Guido vive se gabando de seus diplomas e de toda sua masculinidade, enquanto o personagem Serginho se autodenomina um grande hair stylist, mas passa mais tempo inventando cortes de cabelo inusitados do que realmente atendendo a clientela. Ainda tem o Dr. Ivan – um psicólogo boa-praça que começa a ser mais vaidoso depois de sofrer a vida inteira com bullying devido à sua aparência – e também o Rodolfo, um solteirão que leva a mãe para dar uma repaginada no visual, mas fica tempo suficiente para trocar dois dedos de prosa com os profissionais. Por fim, a dona do local, Eleonora, é ex-miss, pouco cuidadosa com seu empreendimento, fruto do dinheiro herdado do ex-marido. “O salão de cabeleireiro todo mundo conhece. É igual em qualquer parte do mundo. Tem na Zona Sul, Zona Norte, Zona Oeste. Tem pessoas de baixa renda, pessoas com um padrão de vida melhor. E não muda. Pode ser em Copacabana, em Madureira, como no Nordeste, no Acre, porque o salão de beleza trabalha com a vaidade, um dos temas do nosso espetáculo. O texto está em um ambiente muito propício. Neste salão em especial, os serviços não são bem-feitos. O público chega à conclusão de que o negócio é de fachada, não é um salão de verdade. Ele sobrevive com pouquíssimos clientes. Os profissionais são de quinta categoria”, adianta Luiz.

O ator conta que o espetáculo foi aprimorado durante os ensaios abertos no Teatro da Gávea, na Zona Sul do Rio. Mesmo com um currículo repleto de novelas, minisséries e cinema, Luiz revela que não foi tarefa fácil se adaptar à mudança repentina de personagem. “A peça começou depois de quatro meses de ensaios abertos. Era muito conflituoso lidar com o tempo de cada personagem. Eu dava uma acelerada, mas, depois, aprendi com repetição, repetição, repetição, ensaio, ensaio, ensaio. O feedback do público também nos ajudou”, esclarece o ator, que complementa que “O Impecável” é uma peça mutante. “Até hoje passa por ajustes para alcançar o público de diferentes cidades. Faz parte da matemática do humor. Na comédia é assim: Seria cômico se não fosse sério. Seria sério se não fosse cômico”, sentencia Luiz Fernando Guimarães. 

O Teatro Popular Oscar Niemeyer fica na Rua Jornalista Rogério Coelho Neto, s/n, Centro de Niterói. Sábado, às 20h, e domingo, às 19h. Preço: R$ 50 (inteira). Censura: 14 anos. Telefone: 2620-6101.