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Ator começa a ganhar papéis maduros

Divulgação/Jorge R. Jorge/CZN

O jeito desencanado e seguro de Thiago Rodrigues salta aos olhos. No ar como o advogado Luís, de “Sete Vidas”, o ator conta com uma trajetória ascendente e produtiva na TV desde sua estreia como protagonista, na temporada de 2005 de “Malhação”. De lá para cá, acumulou oito novelas e quatro papéis de destaque no currículo. Ao longo desse período, ele mostra que aprendeu a lidar bem com a exposição da profissão e os constantes entraves que envolvem os bastidores da televisão.

“Gosto muito da minha trajetória dentro da emissora. Fico feliz de ser lembrado por diversos diretores. Olho para trás e consigo ver uma diferença entre meus personagens do começo para cá. Apesar de ter feito muitos mocinhos, eles foram bem diferentes entre si”, afirma.

Em “Sete Vidas”, Thiago volta a reencontrar o diretor de núcleo Jayme Monjardim, responsável por sua estreia no horário nobre, em “Páginas da Vida”, de 2006. O trabalho, inclusive, é considerado pelo ator como um dos principais de sua trajetória.

“Tinha acabado de sair de ‘Malhação’ e fui fazer um protagonista das 21h. Isso me surpreendeu muito. Na época da novela, foi um susto. Tinha feito teste para um personagem menor”, lembra ele, que não focou na pressão de interpretar um papel central da faixa das 21h.

“Não pensei muito nisso. Hoje, quando revejo as cenas, penso que poderia ter feito de outro jeito, mas agora passou. O trabalho foi bem-feito”, completa.

Aos 34 anos, Thiago Rodrigues sabe que parece mais novo no vídeo. Por isso mesmo, o ator enfrentou alguns entraves durante o processo de caracterização para a novela. Para dar vida ao maduro Luis, ele buscou conciliar sua interpretação com o figurino para imprimir uma figura mais velha em cena.

“Perto das gravações, eu tinha feito a barba e fiquei com muita cara de menino. Como íamos começar a trabalhar logo, não deu tempo de esperar crescer. Então, coloquei um óculos e me permiti dar uma engordadinha para não ficar tão jovem. Mas está tudo na atuação também”, ressalta.

Conhecido por papéis bastante ligados ao universo jovem, o ator começa a ingressar em trabalhos mais maduros e complexos. “Se eu estou caminhando para um outro lugar de escalação? Tomara que sim. Espero que as pessoas enxerguem assim”, torce. 

Seu último trabalho na TV foi em “Além do Horizonte”, uma novela com uma temática inovadora e arrojada. Depois daquela experiência, você tinha o desejo de encarnar um papel mais naturalista?
Com certeza. “Além do Horizonte” foi um trabalho muito desgastante fisicamente. Era uma produção que exigia muito mais da questão física do que da psicológica. Tinha muitas cenas na mata, correndo e textos rápidos. Era uma novela de ação. Nas últimas semanas de gravação, eu comentei com Marcello Novaes que queria fazer uma novela mais psicológica. Estava exausto daquela loucura de mato. Acho que ouviram minhas preces.

Como foi o seu processo de construção para o Luís?
Meu trabalho foi basicamente composição de figurino e observação de pessoas. Primeiramente, tivemos uma preparação de elenco para ganhar mais intimidade cênica entre os atores. Ao longo do tempo, fui colocando figurino, lendo mais o texto da Lícia (Manzo), estudando e observando para montar o Luís. Tenho um irmão e amigos que são advogados e me ajudaram. Gosto muito dessa pegada naturalista da autora.

Por quê?
O naturalismo é muito rico dramaturgicamente. O vilão são os problemas da vida. Não há herói. Acho isso muito legal porque, ultimamente, o público está sedento por vilões incríveis e inescrupulosos. E a gente começa a se esquecer de falar do dia a dia, da compaixão e da solidariedade. Os problemas reais que as pessoas gostam de ver e se reconhecer.

“Sete Vidas” conta com uma frente ampla de gravações dos capítulos. Isso interfere de alguma forma no seu trabalho em cena?
Ajuda muito. Um dia, acredito que vamos chegar ao ideal e colocar uma novela no ar inteiramente gravada. Sem essa ânsia de ter uma resposta do público. (Carol Borges/Canal Zap)