Oscar 2016

Entretenimento
Tpografia
  • Mínimo Pequeno Médio Grande Gigante
  • Fonte Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

Leonardo DiCaprio e o mexicano Alejandro González Iñárritu, ambos com os prêmios de Melhor Ator e Melhor Diretor por “O Regresso”

Foto: Divulgação

Em uma noite de morde e assopra, alguns micos, zebras e merecimentos, a 88ª edição de entrega do Oscar – prêmio da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood – foi o assunto mais comentado do último domingo (28). O prêmio de Melhor Filme foi bem entregue para o longa jornalístico “Spotlight – Segredos Revelados”, do diretor Tom McCarthy, além do prêmio de Melhor Roteiro Original. Lembrou a premiação de 2013, em que “Argo” ganhou como Melhor Filme. Ambos são baseados na realidade e possuem um elenco numeroso. 

“Spotlight – Segredos Revelados” fala sobre o escândalo denunciado pelo jornal The Boston Globe que apontou, em 2002, a negligência da Igreja Católica para com os 87 padres acusados de pedofilia, apenas em Boston, nos Estados Unidos. O filme teve seis indicações ao Oscar e mostra o trabalho de apuração de uma equipe de investigação do jornal. 

Conforme as previsões, “O Regresso” levou Melhor Diretor para o mexicano Alejandro González Iñárritu, que ganhou pela segunda vez consecutiva – ano passado foi por “Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)”. O prêmio mais esperado da noite foi o de Melhor Ator para Leonardo DiCaprio, o primeiro de sua carreira, embora tenha sido indicado outras seis vezes ao Oscar – quatro como ator, uma como ator coadjuvante e uma como produtor. 

O ator interpretou o Hugh Glass, um explorador que é abandonado por seus companheiros após ser atacado por um urso. O filme se passa em 1820, nos Estados Unidos selvagens, e mostra o confronto com os índios por território e matéria-prima, como a pele dos animais. O discurso feito por DiCaprio foi o melhor da cerimônia. O ator usou a oportunidade para falar da relação da humanidade com a natureza e lembrar que a mudança climática é real e que todos precisam trabalhar coletivamente pelos povos originários do planeta, pelas pessoas mais vulneráveis e pelas vozes silenciadas pela política da ganância. 

Quem apresentou a cerimônia foi o comediante Chris Rock (cuja história inspirou a série “Todo mundo odeia o Chris”). Ele aproveitou o ameaçado boicote ao Oscar – pela academia não ter indicado ao prêmio nenhuma atriz ou ator negro – para dar o tom aos seus monólogos. Chris usou a polêmica para falar da falta de oportunidades para os negros em papéis importantes nos filmes. “Claro que Hollywood é racista”, disse. Mas foi piada além da conta com um assunto sério e a cerimônia acabou pouco cômica e excessivamente maçante. Era possível falar da diversidade sem tanto sarcasmo desmedido. Banaliza a questão. 

Mais um dos destaques da cerimônia foi o fato de que estrangeiros tiveram a vez: além de Iñárritu, a sueca Alicia Vikander ganhou o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante por “A Garota Dinamarquesa”, o britânico Mark Rylance levou por Melhor Ator Coadjuvante em “Ponte dos Espiões” e o também mexicano Emmanuel Lubezki ganhou pela terceira vez consecutiva por Melhor Fotografia em “O Regresso” – antes, “Gravidade” (2014) e Birdman (2015). Já a jovem canadense Brie Larson, de “O Quarto de Jack”, levou para casa a estatueta de Melhor Atriz.

Grande parte da equipe e elenco do longa-metragem “Spotlight – Segredos Revelados” no palco, após o anúncio de Melhor Filme escolhido pela academia

Foto: Divulgação

O grande vencedor da noite foi “Mad Max: Estrada da Fúria”, do australiano George Miller, que arrebatou seis Oscars, todos técnicos: Melhor Edição, Melhor Edição de Som, Melhor Mixagem, Melhor Designer de Produção, Melhor Figurino e Melhor Maquiagem e Cabelo. “A Grande Aposta” ficou com Melhor Roteiro Adaptado. O mico da cerimônia foi Lady Gaga e Diane Warren não ganharem o Oscar com “Til It Happens To You” por Melhor Canção Original, após ser convidada para a apresentação da música pelo vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. A canção é tema do documentário “The Hunting Ground”, que fala sobre o abuso e estupro de jovens nos campos universitários dos Estados Unidos. Elas perderam para Sam Smith e Jimmy Napes, por “Writing’s on the wall”, de “007 contra Spectre” (que não chega nem aos pés de “Skyfall”, de Adele, em 2012).
 
Não foi desta vez que uma animação brasileira conseguiu um Oscar. “O Menino e o Mundo”, de Alê Abreu, perdeu o prêmio para o favorito dos estúdios Pixar, “Divertida Mente”, embora “Anomalisa” também estivesse bem cotado. O documentário sobre a cantora Amy Winehouse ganhou a disputa. Já o húngaro “O Filho de Saul” levou a estatueta por Melhor Filme Estrangeiro. 

Um dos momentos mais fofos da noite de premiações no Dolby Theatre, em Los Angeles, foi quando o consagrado maestro italiano Ennio Morricone – um dos maiores compositores da história do cinema – venceu pela trilha sonora de “Os 8 odiados”, de Quentin Tarantino. Era sua sexta indicação.

Morricone esperou o anúncio ao lado do amigo e adversário John Williams (“Star Wars: O Despertar da Força”, sua indicação de número 50 ao Oscar, sendo cinco vencidas). Aos 87 anos, Morricone ganhou sua primeira estatueta dourada. 
?
Sobre as indicações, muita gente comentou o fato de Charlize Theron não ter recebido uma por Furiosa em “Mad Max”. Ela poderia entrar para o lugar de Rachel McAdams, de “Spotlight”. Outra decepção ficou com a ficção científica “Perdido em Marte”, do diretor Ridley Scott, que acabou não levando nenhum prêmio.