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Apresentação no Holiday Dance Festival conta com coreografia original criada para Glauco e com a presença da Orquestra Camerata de Nova Iorque. Depois da apresentação nos EUA, ele parte para temporada com o Ballet Contemporáneo de Camagüey, em Cuba

Foto: Divulgação

Por: Daniel Malafaia

Glauco Araújo, bailarino niteroiense, estuda balé nos Estados Unidos há apenas dois anos, e já mostrou o valor de seu talento ao ser convidado para participar do Holiday Dance Festival em Nova Iorque, hoje, amanhã e domingo. O convite foi feito pelo experiente Pedro Ruiz – ex-bailarino e hoje coreógrafo, que por mais de 20 anos foi o principal dançarino da companhia Ballet Hispánico, de Nova Iorque.

“Em um dos primeiros ensaios, o Pedro disse que eu lembrava ele quando era mais jovem e isso o inspirou profundamente”, conta Glauco, que se apresentará em dueto com a bailarina lírica Morgan Hasson ao som de Bachianas Brasileiras nº5, do eterno compositor brasileiro Heitor Villa-Lobos: “A música em si é tão cheia de emoção, que, imediatamente, me fez sentir em casa. É ótima para dançar”, explica Glauco.

A performance acontecerá no belo Teatro Saint Jean Baptiste, no Upper East Side de Manhattan, e Glauco está super animado com a oportunidade.

“Ser um dançarino em destaque em um festival como o Holiday Dance Festival, com uma coreografia original criada para mim e com a presença da Orquestra Camerata de Nova Iorque, será um momento importante”, admite.

Quem vê a técnica e precisão dos movimentos de Glauco não consegue imaginar o longo caminho que percorreu até o aperfeiçoamento. Tudo começou muito cedo.

“Sempre fui um menino muito criativo e logo meus pais perceberam que havia algo diferente em mim – eu sempre tive a necessidade de me expressar de uma maneira artística. Meu relacionamento com a dança veio na adolescência. Estudei com a Rose Mansur, com a Lilian Mattos e na Camarim Escola de Dança”, lembra o dançarino, que faz questão de enfatizar o divisor de águas em sua carreira. “Foi com Martha Blanco, em seu estúdio, onde tudo mudou para mim. Martha foi a minha ‘verdadeira escola’, não apenas de movimento, mas de vida. Ela é um ser humano muito especial. Não apenas me deu aulas de balé, mas me mostrou uma maneira diferente de ver a vida e ter uma perspectiva expandida do mundo”.

Orgulhosa com o rumo da carreira do rapaz, Martha Blanco comenta sua relação com o dançarino e o trabalho nele realizado de explorar, não somente a técnica, como também o lado emocional e estrutural da dança.

“Com isso, o Glauco foi se abrindo para estar presente nas aulas de uma forma bem legal, sempre que podia me ajudava a dar aula. É um rapaz de bastante expressão, dança muito bem, é um excelente coreógrafo também. Ele merece estar onde está”, elogia Martha.

O fruto desse processo veio pouco tempo depois, quando foi convidado pela dançarina e coreógrafa Andrea Raw para se juntar a sua companhia de dança moderna. Paralelamente a isso, ele esteve trabalhando com o Grupo Corpo em Movimento, uma companhia de dança inclusiva dirigida por Camila Rodrigues, criada pela Associação Niteroiense de Deficientes Físicos (Andef).

“Tive a oportunidade de trabalhar no Brasil com grandes nomes na dança inclusiva, como Carlinhos De Jesus, Tom Barros e Soyane Vargas, além de criar novas coreografias para a companhia alguns anos depois”, comenta Glauco, revelando seu lado humano.

Sua carreira internacional teve início em 2012, quando representou o Brasil na cerimônia de encerramento dos Jogos Paralímpicos de Londres, e começou a ter maior reconhecimento em 2014, no momento em que, ao lado de Carlos Sepúlveda, participou do projeto “Perfopoético Soledad Bailada Y Casi Compartida”, na Universidade de Sevilha. Até que decidiu se entregar inteiramente à dança e sair do Brasil em busca de melhores oportunidades.

“Cheguei nos EUA em 2015 com apenas 200 dólares no bolso. Absolutamente sozinho. Comecei a fazer aulas na Martha Graham School e, logo em seguida, fui convidado a participar como artista convidado da empresa de dança moderna Momenta, em Chicago, dirigida por Stephanie Clemens”, conta Glauco, que não parou de se aventurar.

No ano passado, decidiu apostar as chances em Nova Iorque.  Agora, em menos de um ano, ganhou uma bolsa de estudos para Alvin Ailey American Dance Theatre. Já estabelecido como dançarino, suas expectativas só aumentam. O dueto será realizado mais uma vez em fevereiro, para uma conferência na Hunter College, para a qual foi convidado pessoalmente pelo Pedro Ruiz, para, após isso, dançar uma temporada em Cuba com a companhia dirigida por Ruiz: O Ballet Contemporáneo de Camagüey.