PICASSO e a modernidade espanhola

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Obra Guernica, de Pablo Picasso

Foto: Divulgação

Pablo Picasso, fundador do Cubismo, é considerado um revolucionário das artes plásticas e permeia o século XX como um dos maiores artistas da história. Teve seu trabalho dividido em períodos, como o azul, o rosa, o africano e o cubista. Por ter sido o primeiro artista espanhol a chegar a Paris na modernidade e o primeiro a se tornar uma clara referência internacional, influenciou inevitavelmente os principais artistas de seu tempo. A partir do dia 24, até o dia 7 de setembro, alguns de seus quadros e desenhos da coleção do Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía, em Madri, estarão expostos no Centro Cultural Banco do Brasil, no Centro do Rio.

Presenteando os fluminenses, a mostra “Picasso e a modernidade espanhola” conta com 45 obras do artista – sendo 10 pinturas e 35 desenhos – além de três pinturas de Dalí, duas de Juan Gris, três de Miró, duas de Óscar Domínguez e três esculturas de Julio Gonzáles. Todos eles, em um montante de 90 obras, dialogam com o mestre do Cubismo, sob a curadoria de Eugenio Carmona, professor de História da Arte da Universidade de Málaga e conceituado especialista no tema. 

“Apesar de todos terem olhado para a obra de Picasso, isso não quer dizer que a modernidade dos criadores espanhóis foi picassiana. E se às vezes era, não foi sistematicamente. Cada peça dessa exposição tem sua importância. Rosario Peiró – chefe de coleções do museu Reina Sofía e diretora de projetos – e eu trabalhamos intensamente para criar uma seleção muito cuidadosa e elaborada. De nenhuma maneira estamos diante de uma exposição que apresenta duas ou três peças relevantes e o restante de obras para preencher. Cada obra que trouxemos é uma obra-prima ou uma peça importante do artista que a realizou”, comenta o curador, que destaca, no entanto, algumas: “Busto e Paleta”, de Picasso; “O Violino”, de Juan Gris; “Cabeça e Aranha”, de Miró; “Don Quixote”, de Julio González; e “Os Noivos”, de Antonio López.

Sobre toda a obra deixada por Picasso, existem muitas teorias e inúmeros pontos de vista. De acordo com Eugenio, a exposição mostra um Picasso variado e completo. A mostra parte de uma obra-prima cubista do ano de 1910 – ou seja, da modernidade –, e podem ser vistas as contribuições picassianas no classicismo moderno, a proximidade com o surrealismo e todo o expressionismo dramático dos momentos de “Guernica”, sua obra-prima. Inclusive, oito desenhos que não foram apresentados na temporada paulistada exposição passam a compor a mostra no Rio. São estudos e esboços preparatórios para “Guernica”, que ajudam a entender o processo de criação dessa que é uma das mais impactantes obras de arte de todos os tempos. Concebida como uma reação imediata ao bombardeio nazista que, durante a Guerra Civil Espanhola, matou mais de 100 civis na pequena cidade espanhola que dá nome à pintura, “Guernica”, pintado em 1937 (medindo 3,5 m por 7,82 m) é um pungente e atemporal manifesto em favor da paz. Atualmente, também está no Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia, em Madri.

“Por motivos de conservação, metade dos desenhos preparatórios para ‘Guernica’ não puderam ser mostrados na capital paulista. Para garantir a apresentação dos esboços nas duas cidades, o Reina Sofía resolveu ampliar a oferta e apresentar os 16 desenhos em sistema de rodízio, alternados entre as exposições em São Paulo e Rio de Janeiro. Uma obra de Joan Miró virá especialmente para o Rio. “Pássaros no Espaço’, de 1946, não esteve em São Paulo porque passou por um procedimento de conservação”, adianta o curador, que já trabalhou em outros projetos no Brasil. Ele diz que a expectativa em São Paulo foi superada: “Não espero menos do Rio”. 

A mostra é dividida em oito módulos, que contam histórias e resumem possibilidades criativas. A relação do artista com a modernidade fica evidente nos espaços “Picasso. O trabalho do artista” e “Picasso. Variações”. Além disso, sempre de forma transversal, são apresentadas obras que unem as seções “Ideia e Forma”, “Signo, superfície, espaço”, “Realidade e super-realidade” e “Natureza e Cultura”. Em uma área especial dedicada a um mergulho no imaginário de Picasso, o público poderá perceber como foi concebida a iconografia de “Guernica” – para tanto, recorre-se a suas elaborações na seção “O monstro e a tragédia”. Finalmente, a conclusão da mostra destaca como a arte espanhola no final dos anos 1950 caminhou para novos rumos, na seção “Em direção a outra modernidade”.

“Toda a exposição está unida por essa presença das variações como uma espécie de testamento de Picasso”, avalia Eugenio.

Mulher sentada apoiada sobre os cotovelos”, de PIcasso

Imagens: Divulgação/Coleção do Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía, Madrid. Le­gado Picasso, 1981./© Succession Pablo Picasso / AUTVIS, Brasil, 2015

O curador Eugenio Carmona comenta como os “diálogos” entre alguns grandes artistas e Picasso aconteceram na modernidade. Todos eles terão obras expostas no CCBB. 

" Óscar Domínguez, por outro lado, foi amigo pessoal de Picasso e teve uma etapa picassiana em sua obra, no entanto, não foi seu principal período. Depois de ser influenciado por Dalí, Domínguez inventa a decalcomania e elabora um sistema figurativo próprio e diferenciado, dominado pelas leis do acaso e do surrealismo. "

" Por fim, a relação de Picasso e Julio González foi estreita. Juntos inventaram todo um novo registro da escultura moderna que conhecemos com o nome de “desenho no espaço”. González era mais velho que Picasso, mas sua relação com o espanhol o fez renascer para o mundo da arte. Picasso chegou a dizer que o seu trabalho com González levou-o a sentir outra vez como nos dias de sua colaboração com Braque na fundação do cubismo. "

" Dalí levou muitas coisas de Miró, mas em sua juventude foi um imitador de Picasso, que levou ao seu próprio terreno psicanalítico às apropriações picassianas que realizava. Dalí manteve ao longo de sua vida uma obsessão por Picasso. "

" Miró não gostava do neoclássico de Picasso. Mesmo assim, foi próximo do artista desde o começo da década de 1920 e Picasso sempre o admirou e ajudou. Foi a mudança radical na pintura de Miró, no ano de 1923, que animou Picasso a mudar e entrar em uma etapa mais próxima do surrealismo. Miró, em suas pinturas selvagens, estava fortemente influenciado por Picasso. O pintor catalão sempre conservou por Picasso um reconhecimento especial. "

O Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro fica na Rua Primeiro de Março, 66, no Centro do Rio. “Picasso e a modernidade espanhola”, de 24 de junho a 7 de setembro de 2015. De quarta à segunda, das 9h às 21h. Entrada franca. Telefone: 3808-2020.  Classificação etária: livre