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Continuação de “Orion - O Filho das Trevas”, de 2014, “Orion Vs a Ordem dos Cavaleiros Prateados” narra a vida do vampiro homônimo

Foto: Douglas Macedo

O niteroiense de coração Rodrigo Kilzer, de 34 anos, lança o livro de ficção “Orion Vs a Ordem dos Cavaleiros Prateados”, segunda obra do autor e continuação de “Orion - O Filho das Trevas”, de 2014. A narrativa dá seguimento à trajetória do jovem vampiro Orion e de todos aqueles que tiveram seu cotidiano afetado de alguma forma devido a sua transformação. Para dar um ar de familiaridade aos leitores, Rodrigo se preocupou com o ambiente onde aconteceria a trama. Justamente por isso, ambas as obras se passam na cidade de Niterói.

“A ideia de uma história de ficção passada na cidade surgiu quando eu ainda lia livros de terror e imaginava como seria prazeroso ler uma boa história de terror passada aqui. Sempre gostei dos temas relacionados ao universo do ocultismo e, dentre todos os personagens mitológicos, os vampiros sempre me fascinaram muito. O mito do vampiro é um dos poucos a surgir em diversas culturas diferentes ao longo da história. Então, pensei que um ser folclórico que surgiu em tantos lugares diferentes poderia aparecer na minha cidade”, explica o autor.

Na trama, o personagem central é natural de Niterói assim como grande parte do elenco da narrativa. Na história, Rodrigo busca explorar destinos conhecidos pela população local, como Icaraí – o Campo de São Bento – Gragoatá, entre outros. “Orion, o protagonista, é natural de Niterói assim como a maior parte dos personagens. O primeiro livro se passa quase que exclusivamente na cidade, por conta disso, quis explorar situações diferentes em locais do cotidiano de grande parte das pessoas. Temos perseguições de carro na orla do Gragoatá, passando pela Boa Viagem e Icaraí. Existe uma luta intensa entre dois seres sobrenaturais que acontece na Praia de São Francisco. Existe um assalto com tentativa de estupro no túnel que sai na Roberto Silveira, perseguição policial na Rua da Conceição... Como deu para perceber, são inúmeros os lugares da nossa querida cidade citados e que possuem grande impacto na trama”, admite Kilzer, que, em 2015, teve sua primeira publicação acolhida como livro paradidático pela turma do ensino médio do Colégio Santa Teresa de Jesus, no Rio de Janeiro. “Apesar de se tratar de um colégio católico, ele não teve nenhum tipo de preconceito em adotar ‘Orion - Filho das Trevas’, mesmo que a trama tivesse uma pegada de terror. Esse fato me deixou super feliz”, comenta.

Lançado na Bienal do Livro deste ano, “Orion Vs a Ordem dos Cavaleiros Prateados” é uma edição limitada do romance, além de ser a primeira parte da continuação da história. A segunda deve ser lançada em 2018.

“Infelizmente, o segundo livro ficou um pouco grande demais. Por se tratar de uma produção independente, precisei dividir o livro em duas partes. A boa notícia é que a parte dois está praticamente finalizada e deve ser lançada agora em 2018”, adianta Rodrigo, que ainda revela que teve medo da não aceitação de sua história, afinal, vampiros em Niterói não é algo que se vê todos os dias, nem em contos de ficção. “Constantemente tenho medo do que irei entregar ao público. Acredito que isso é fundamental para a evolução do escritor e da sua obra. Felizmente, tenho uma pessoa que sempre me apoia. E, graças a Deus, o público recebeu muito bem o meu primeiro livro. Tive um momento muito gratificante quando um blog literário fez pela primeira vez a resenha do meu livro e ainda por cima me deu cinco estrelas. Naquele ápice, percebi que mesmo quem não fosse de Niterói poderia se interessar e gostar da história do Orion”, constata Rodrigo.

Apesar do medo, Kilzer conta que obteve uma boa recepção do público, em especial dos que moram na cidade de Niterói, onde se passa a história de Orion.

“Os leitores em geral sempre foram muito gentis e receptivos, na verdade, foram fantásticos. Sempre comentam que passaram por determinados lugares e se lembraram de passagens do livro. Sempre que escuto algo do tipo, sinto que estou no caminho certo”, explica o escritor.

Apostando em uma escrita livre, o autor pensa que, assim como ele, os escritores nacionais têm o dever de trazer o mundo da fantasia com um toque mais regional, afastando-se dos contos e histórias estrangeiras, revelando um mundo comum aos leitores. 

“Sou muito pela liberdade, acho que todo mundo deve ser livre para contar a sua história onde e como quiser, mas considero muito importante a gente tentar nacionalizar nossas histórias. Não existe apenas Nova Iorque, Londres, Roma, Paris, etc. É possível contar uma grande história em qualquer lugar, até porque, quem faz a história são os seus personagens e não o lugar onde ela se passa!”, conclui.