Pra sempre Bibi Ferreira

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A atriz Amanda Acosta dá vida a Bibi Ferreira de forma magistral, incorporando trejeitos, a maneira de falar e de se colocar.

Foto: Divulgação

O Circo Irmãos Queirolo se estabeleceu em Curitiba em 1942 para inaugurar o Pavilhão Carlos Gomes, o principal centro de diversão da época na capital do Paraná. Sua história, entretanto, é mais antiga: o grupo circense familiar nasceu em 1881, em Buenos Aires, e os tios-avós da dama do teatro Bibi Ferreira eram seus acrobatas. Usando a origem do Irmãos Queirolo como ponto de partida e a metalinguagem como guia para toda narrativa, um apresentador de circo (interpretado pelo niteroiense Leo Bahia) conta a história da atriz, cantora, diretora e produtora Bibi Ferreira no musical “Bibi - uma vida em  musical”, em cartaz até abril no Teatro Oi Casa Grande, no Leblon.

Aos 95 anos, sendo 76 de carreira, a estrela dos palcos brasileiros enfim ganha um espetáculo sobre sua vida, com texto da niteroiense  Luanna Guimarães em parceria com o jornalista Artur Xexéo.

“A história de Bibi é a história do teatro. Ela nasceu, viveu e amou no palco. Por isso, desde que sentei para escrever a primeira linha da peça, há dois anos, sabia que a sua história só poderia ser contada levando para dentro do palco o próprio palco, numa metalinguagem que guia toda a narrativa do espetáculo. Artur Xexéo entrou no projeto com todo o seu talento e experiência e é uma honra trabalhar com ele já na minha estreia na dramaturgia. Bibi é descendente de uma família de circo, os Irmãos Queirolo. Por toda a simbologia do circo, como raiz de Bibi e do teatro, optamos por ser a trupe quem conta a história como se narrasse um espetáculo de circo-teatro da família”, explica Luanna.

No primeiro ato, os cenários são pintados em telões, o que torna a atmosfera divertida. Já o segundo ato – mais político e reflexivo, que conta mais sobre a vida adulta de Bibi – mostra um teatro mais econômico, baseado na alma do homem na época em que a cena inicial do ato se passa, no fim dos anos 60. Todos os cenários saem e ficam apenas os atores em cena. No decorrer do ato, elementos cênicos vão ocupando o espaço.

Cinco músicas das 33 do  espetáculo são originais e compostas por Thereza Tinoco, também idealizadora e produtora do espetáculo ao lado de Claudia Negri. A dupla convidou Luanna há dois anos para entrar no projeto, que tem direção de Tadeu Aguiar, amigo de Bibi há 40 anos. Ela, inclusive, foi fiadora do seu apartamento quando Tadeu se mudou para o Rio, em 1989.

“Falamos sobre uma vida de 95 anos e mais todos os de carreira. Com Luanna e Xexéu, conseguimos contar essa história a partir dos momentos de virada na vida dela, de transformação. Quando me entregaram o texto, havia só uma passagem sobre o Circo Queirolo e, naquele momento, decidi que a peça se passaria dentro de um circo. Me lembrei que, quando eu era criança, tinha um tio que me levava ao circo para assistir os dramas. E como ela vinha de uma família de circo e no circo da família dela também tinha esses dramas, sugeri para os autores que a gente contasse toda essa história como se fosse um circo-teatro. Foi essa estética que escolhemos”, ressalta Tadeu.

Quem vive Bibi no palco é a paulista Amanda Acosta. A atriz se preocupou tanto em estudar a postura, a voz, a entonação e a força de Bibi no decorrer da vida que, às vezes, a semelhança confunde a plateia: parece a própria no palco. Para Luanna, quem vê Amanda no palco como Bibi logo percebe que a atriz aprendeu direitinho com a mestra.

“Que interpretação primorosa! Já nos ensaios eu ficava muito emocionada com a disciplina de Amanda, com a sua entrega. Sempre compenetrada. Há uma frase do Zé Celso Martinez Corrêa, a quem eu admiro muito, que diz: ‘O Teatro é a Arte do corpo se presentificar’. E Amanda se tornou, para mim, a materialização dessa máxima. Que doação de corpo, alma e espírito para viver a amada Bibi”, elogia.

Amanda contou com a ajuda indispensável de Tina, filha de Bibi, que a levou a todo acervo da mãe.

“Vi fotos desde quando ela era bebê, vídeos, entrevistas... Agradeço a Tina, assim pude vê-la em todas as fases de sua vida e tentar captar ao máximo a sua essência”, conta a atriz.

A primeira vez que Amanda teve contato com a arte de Bibi foi aos 17 anos, quando ganhou de uma professora de teatro uma fita cassete com a gravação da peça ‘Gota d’Água’, escrita por Chico Buarque em 1975 e protagonizada por Bibi

“Depois, tive a felicidade de falar com ela ao fim de uma apresentação. Eu estava completamente emocionada, arrebatada por toda a sua arte. Aí, ela pegou nas minha mãos e disse: ‘Isto é muito trabalho minha filha! Muito trabalho!’. Ainda tive a honra de tê-la na plateia em dois espetáculos que fiz, ‘My Fair Lady’ e ‘Esta é a nossa canção’”, lembra Amanda.

O Oi Casa Grande fica na Av. Afrânio de Melo Franco, 290, no Leblon. Temporada até 1º de abril. Quinta e sexta, às 20h30; sábado, às 17h e 21h; domingo, às 19h. Indicação etária 10 anos. Preço: de R$ 150 a R$25.