Todas são deusas

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Trata-se da primeira montagem do Cirque du Soleil com elenco majoritariamente feminino, além de ser o único espetáculo do grupo com uma banda totalmente de mulheres

Foto: Divulgação / Camilla Cara

A partir da geração Y, ou millennial – os nascidos entre o início dos anos 80 até 1991 –, a ideia de amizade e solidariedade entre mulheres ganhou patamares nunca antes vivenciados. Não que elas não existissem antes, mas, para as gerações anteriores, esse sentimento era encarado de forma diferente, justificado pela máxima competitiva do machismo: “Mulheres não são amigas de mulheres”. Ainda bem que isso ficou no passado. Tanto que uma das atrizes do novo espetáculo do Cirque du Soleil, “Amaluna”, que interpreta a rainha Prospera, uma das protagonistas da história, é categórica ao falar sobre como o ambiente feminino ainda é visto.  

“As pessoas geralmente me perguntam: ‘Não é difícil estar com tantas mulheres o tempo todo? Não há muito drama?”. E eu sempre fico em estado de choque depois de ouvir essas coisas. É exatamente o contrário: é absolutamente maravilhoso estar em um ambiente com tantas mulheres talentosas, fortes, gentis e lindas. Sinto-me honrada e afortunada por fazer parte desta produção. Há um forte senso de família aqui que acredito que é perpetuado pelo fato de haver uma grande porcentagem de mulheres trabalhando juntas”, avalia Amanda Zidow. 

A cantora, violoncelista e atriz faz parte do espetáculo com direção de Diane Paulus e direção de criação de Fernand Rainville, que estreia no Parque Olímpico, no Rio, dia 28. Trata-se da primeira montagem do Cirque du Soleil com elenco majoritariamente feminino, justamente para empoderar e mostrar a força e união entre as mulheres. Este é também o único show do Cirque du Soleil que possui uma banda totalmente feminina. De acordo com o diretor artístico James Santos, o elenco é composto por 62,5% de mulheres de todas as idades e cada uma única no que traz para o palco. 

“É óbvio para o público que as mulheres são as governantes desta ilha e é através de cada ato que o público experimentará o que cada uma delas é capaz de fazer. Prospera, a rainha, está realizando uma cerimônia de aniversário para sua filha e, durante o ritual, evoca uma tempestade que traz um grupo de marinheiros para a ilha. Essa é a primeira  presença de homens no local. Não é só nesse momento que somos capazes de ver o poder que as mulheres detêm em ‘Amaluna’. Também somos testemunhas da fragilidade, compaixão e gentileza delas”, revela James. 

Amanda Zidow interpreta a rainha Prospera

Foto: Divulgação / Camilla Cara


Após três anos, desde que esteve no Brasil com o espetáculo “Corteo” – cuja turnê foi de 2012 a 2014 –, a companhia de circo canadense Cirque du Soleil, com 30 anos de estrada, transporta o público para a misteriosa ilha governada por deusas e guiada pelos ciclos da lua. Logo no início, a rainha Prospera comanda a cerimônia que marca a passagem de sua filha Miranda à idade adulta e homenageia a feminilidade, a renovação, o renascimento e o equilíbrio, e marca a passagem dessas ideias e valores de uma geração a outra.  

“A maior preocupação de Prospera é a felicidade de Miranda, e é por isso que ela lhe traz o presente do amor (por Romeu, um dos marinheiros). Houve dois grandes desafios para assumir esse papel. O primeiro foi tornar-se esse personagem, Prospera, que teve que mostrar grandes quantidades de força e poder, simplesmente em pé no palco. Passei dois meses estudando desenvolvimento de personagens em Montreal, bem como continuo a estudar até hoje tentando encontrar diferentes fontes de influência para o meu desempenho”, ressalta a intérprete da rainha, Amanda Zidow. 

O segundo maior desafio para a artista foi aprender a caminhar no palco enquanto toca violoncelo e canta. Ela começou a estudar o instrumento aos sete anos e se formou com um diploma em atuação de cello, mas nunca teve que tocar enquanto estava de pé, muito menos caminhando, atuando e cantando.  
 

Espetáculo conta com mais de 15 atos e 48 artistas

Foto: Divulgação / Camilla Cara


“Em circunstâncias normais, o violão sempre é tocado enquanto se está sentado. O violoncelo que toco no show foi construído com um arnês que me permite pendurá-lo no ombro esquerdo. Executar o trabalho dessa maneira todos os dias coloca uma pressão na minha parte superior do corpo. Então, tive que trabalhar com meu fisioterapeuta para ganhar força nessa região, além de participar de sessões privadas de pilates para construir meu núcleo e postura e, claro, terapia de massagem regular. Tudo para manter a capacidade de realizar com sucesso 10 shows por semana sem causar lesões no meu corpo”, argumenta a artista. 

No espetáculo, há mais de 15 atos e 48 artistas (30 mulheres e 18 homens), incluindo os que tocam instrumentos no palco. Uma das principais contribuições da diretora Diane Paulus é o fato do enredo ser tão bem-amarrado, de acordo com James, o que, inclusive, torna qualquer adição de algo novo um desafio.  

“Não há preenchimento de algo sem que, antes, tenha sentido na história. Uma das partes únicas de ‘Amaluna’ é a música. É, para mim, um show de rock todas as noites. Nossa banda é um presente”, celebra James. 

O Parque Olímpico fica na Av. Embaixador Abelardo Bueno, s/n, na Barra da Tijuca. Entre 28 de dezembro de 2017 e 21 de janeiro 2018. Premiere: 28 de dezembro, às 21h. De terça a sexta-feira, às 20h; (sessões às 16h30 em algumas datas durante a semana); sábados, às 16h30 e 20h; domingos, às 16h e 19h30. Classificação: livre. Menores de 12 anos somente acompanhados dos responsáveis legais. Preço: de R$ 125 a R$ 450.