Uma arte que pulsa

Entretenimento
Tpografia
  • Mínimo Pequeno Médio Grande Gigante
  • Fonte Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

Exposição contará co 13 esculturas do autor

Foto: Divulgação

Contrair, relaxar. Movimentos rítmicos e vivazes, fundamentados em um simples objetivo: a vida. E é em homenagem à importância do órgão provedor deste ciclo que surgiu a exposição “Angioplastia – Caminhos do Coração”, do artista visual e publicitário Marcelo Masiero. 

A inauguração acontece nesta sexta-feira (12), no Centro Cultural Paschoal Carlos Magno, às 18h, e contempla 13 esculturas expostas. A ideia do artista é, através de obras fortes e inusitadas, tratar de forma lúdica esse órgão pulsante, ícone absoluto de emoção e sentimento. A mostra não possui uma narrativa linear, apenas tem a preocupação de causar interpretações e percepções diversas, inclusive a que inspirou o artista.

“O cateterismo é o procedimento médico que investiga, através de uma câmera acoplada ao cateter e contraste, possíveis interrupções na árvore coronariana. Detectado algum problema, se faz a angioplastia para desobstruir a artéria através de um stent. Como o nome já diz: a angioplastia é a arte de trazer ao coração a possibilidade de voltar a se emocionar e viver plenamente. É inspirador”, explica Marcelo, que viveu na pele essa difícil situação.

Em sua longa e intensa passagem por agências de publicidade como redator, Marcelo atravessou 34 anos de sua vida repletos de tensão e estresse. Essa rotina fez com que ele cultivasse hábitos extremamente prejudiciais à saúde, como o cigarro, a bebida e o sedentarismo. Somado a isso, ainda carregava um histórico de problemas cardiovasculares na família. O resultado foi inevitável. 

“Clientes, prazos, resultados e o ineditismo quase diário do profissional de criação, são nitroglicerina pura. Tive meu primeiro evento há 11 anos. Uma SCA (síndrome coronariana aguda), a popular angina. Coloquei dois stents. Os médicos não perceberam, mas vi todo o procedimento. E foi incrível! O cateter ganhando o caminho, estacionando e desobstruindo a estrada. O fluxo normal da coronária restabelecido, ao vivo, dentro de mim. Tive outra angina e ganhei mais dois stents. Também assisti a tudo. Fantástico! Uma angioplastia é realmente plástica. Arte médica pura!”, comenta o triste e inspirador episódio. 

Apesar de ter sido um evento marcante em sua vida, sua relação com a arte não é decorrente disso. Desde pequeno ele já fazia trabalhos com madeira.

“Na infância, meus pais me deram pequenos formões e fiz várias talhas, que se perderam no tempo. Meu avô era músico e marceneiro. É bem possível que exista um DNA nesse processo. Recentemente, há cerca de seis anos, comecei a fazer pequenos barcos com sobras de madeira. Fiz uns cinco ao todo, todos com material de reúso. Presenteei a família. Sempre tive uma relação muita próxima com a madeira, mas nunca me vi como um marceneiro clássico, fazendo móveis, etc. Gostava de dar forma a ela, talhando, esculpindo ou lixando”, conta.

Segundo Marcelo, o processo de criação das obras foi o mesmo de sempre. Tanto em seu primeiro texto como redator, quanto na primeira peça da exposição, ele cria, e na produção surgem ideias que vai acrescentando à composição. Todas as esculturas foram feitas com material de reúso, como aço, cobre e outros metais garimpados em feiras de antiguidade e ferros velhos, além claro, do material básico de seu trabalho: a madeira. Em sua grande maioria de descarte e demolição, foram usadas espécies como ipê, maçaranduba, peroba, angelim e pinus.

“Não tenho pretensão de ser nenhum tipo de porta-voz da ecologia ou coisa do tipo. Se através da arte eu conseguir com que os visitantes saiam da galeria um pouco mais atentos e conscientes ao ato de descartar as coisas, já posso considerar que foi um sucesso”

Para ajudar a compor o espaço, o artista convidou a grafiteira Jéssica Gomes, que vive sua primeira experiência com exposições.

“Comecei a grafitar há pouco tempo. Meu trabalho encaixou muito bem com o do Marcelo, talvez por eu também trabalhar muito com reúso. Para o trabalho, aproveitei tonéis e barris de chope e, com inspiração da temática idealizada pelo Marcelo, usei o lúpulo para representar o coração”, explica Jéssica. 

O Centro Cultural Paschoal Carlos Magno fica na Rua Lopes Trovão, s/n, em Icaraí. Desta sexta-feira (12) a 28 de fevereiro. Entrada franca. Classificação: livre. Telefone: 2610-5748.