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Encenação faz parte do projeto “Rio de Versos”, uma homenagem ao mês da poesia

Foto: Divulgação

Breno Behnken e Isabelle Villas Boas

Cenas construídas em blocos poéticos, feitas com estrofes de poesia e um mosaico de versos. O espetáculo multilinguagem “Memórias de Fogo” entra em cartaz no sábado (25), em estreia nacional, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). A montagem poderá ser vista até o dia 15 de abril, às 19h30, sempre aos sábados. O roteiro e a direção são assinados pelo niteroiense Sady Bianchin, que também atua na peça.

O espetáculo é multilinguagem. De que forma ele acontece?

Na montagem, a poética é essencial para o trabalho e também para as interfaces estabelecidas entre a poesia interpretada, musicada, dançada e visual. Os atores e a geometria dos gestos são o fundamento da cena. O espetáculo se insere no contexto da dramaturgia contemporânea, da antropologia teatral. A proposta foi concebida em cima de uma dicotomia entre a tradição e a modernidade, e os desenhos das cenas são todos baseados na cultura dos povos indígenas, em especial os do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul (como as nações dos Terena, Kaiuás, Bororos, Xavantes e Paiaguás). O teatro é uma reflexão para a realidade social e a vida. Pensando assim, o roteiro arrasta com amor a palavra dita e a não dita nos metatextos sobre a sociedade e suas mazelas do existir. Que a memória seja sempre um alerta para que a barbárie não volte a se repetir em nossa história. 

Como surgiu a ideia de montar o espetáculo? 

Surgiu com a comemoração dos meus 40 anos de poesia e teatro, e com o evento “Rio de Versos”, do qual faço a direção geral, uma parceria entre o CCBB e as Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha). O projeto em andamento, feito durante o mês da poesia, reúne exposição de poesia visual,  uma homenagem a Wlademir Dias-Pino, performance poético-teatral e musical e esse espetáculo multilinguagem “Memórias de Fogo”, com sua estreia nacional.

Sady Bianchin, diretor, roteirista e ator de “Memórias de Fogo”, peça apresentada todos os sábados até 15 de abril com entrada franca

Foto: Divulgação

Você é diretor, roteirista e ator de ‘Memórias de Fogo’, como é a experiência de unir as três coisas?

O roteiro reúne poemas meus, do meu novo livro “Tráficos Utópicos”, e da atriz e poetisa Marcela Giannini. O livro surgiu em comemoração aos meus 40 anos de poesia e teatro e contextualiza o momento em que o Brasil e o mundo atravessam uma crise nas instituições políticas. É muito trabalhoso construir uma dramaturgia com o texto poético. Os desafios são vencidos com aprendizagem; minha formação de diretor e ator foi garimpada na pesquisa teórica e prática na convivência de estudos com Antunes Filho no Centro de Pesquisa Teatral (CTP) e na Itália no experimentalismo de J. Grotowski e na orientação de tese sobre Teatro e Sociedade por Dario Fo. O resultado transparece na construção de cenas, em blocos poéticos, feito estrofes de poesia, que são mosaicos de versos. 

O Centro Cultural Banco do Brasil fica na Rua Primeiro de Março, 66, no Centro do Rio. Aos sábados, às 19h30. Até 15 de abril. Entrada franca. Censura: livre. Telefone: 3808-2020.