Tabagismo

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Fumar é considerado um mau hábito pelo risco que representa para a saúde: é a principal causa de morte evitável no mundo

Foto: Douglas Macedo

Fumar é assumir o risco de adquirir alguma doença ao longo da vida. O cigarro é responsável pelo desenvolvimento de cerca de 50 tipos de males. Não é à toa que o tabagismo é a principal causa de morte evitável no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), que estima que 4,9 milhões de pessoas morrem anualmente por causa do cigarro em todo o planeta. No Brasil, são 200 mil.

Em Niterói, em 2017, 701 pessoas receberam tratamento através do Programa de Controle de Tabagismo da rede municipal de saúde para largar o vício. Em 2016, esse número era de 575 fumantes. Ou seja, houve um aumento na procura de 21,9% em 2017.

Segundo a Fundação Municipal de Saúde, é feito um trabalho de motivação e orientação através de grupos de apoio. São feitas quatro sessões de 90 minutos, com intervalo semanal, seguidas de duas sessões com intervalo quinzenal. Mas o trabalho não acaba por aí.

Quem, finalmente, consegue largar o cigarro recebe acompanhamento mensal, até completar um ano de abstinência. O atendimento é feito nas policlínicas regionais, na Unidade Básica de Saúde do Centro, Hospital Universitário Antonio Pedro e no Instituto Estadual de Doenças do Tórax Ary Parreiras.

Dependência – O cigarro contém mais de 4,7 mil substâncias tóxicas e, pelo menos, 70 são cancerígenas. A Divisão de Controle do Tabagismo do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca) lembra que o tabagismo é reconhecido como uma doença epidêmica, que causa dependência física, psicológica e comportamental.

“Trata-se de um problema de saúde pública global que mata milhares de pessoas em todo o mundo. A maioria dos tabagistas se torna dependente até os 19 anos. Por isso, a OMS considera o tabagismo uma doença pediátrica”, informou a divisão do Inca através de nota.

Fumando desde a adolescência, o niteroiense Tullio Macacchero precisou sofrer um infarto para abolir o cigarro. Com muita determinação, decidiu parar de fumar e contou com a ajuda de medicamentos para conter os efeitos da abstinência.

“O importante é que parei de fumar de imediato. O cigarro é como uma grande paixão que você tem por uma pessoa. Sabe que te faz mal, mas não consegue largá-la nem esquecê-la”, compara o niteroiense.

Só que não é fácil alcançar o mesmo resultado de Tullio. Força de vontade é fundamental, mas não basta. Estudos apontam que alguns fumantes precisam tentar de três a quatro vezes até conseguirem, realmente, largar o cigarro.

Efeitos causados no corpo de quem decide parar de fumar: 

Em 20min, a pressão sanguínea e a pulsação voltam ao normal 

Em 2h, não há mais nicotina no sangue 

Em 8h, o nível de oxigênio no sangue se normaliza 

Em 2 dias, os aromas e sabores passam a ser mais percebidos 

Em 1 ano, o risco de morte por infarto do miocárdio cai pela metade

No Brasil, o cigarro causa: 

200 mil mortes por hora ou 23 por hora 

25% das mortes por angina e infarto do miocárdio 

45% das mortes por infarto agudo do miocárdio em pessoas abaixo dos 65 anos 

85% das mortes por bronquite e enfisema pulmonar 

90% das mortes por câncer de pulmão. Entre os 10% restantes, 1/3 é de fumantes passivos

Câncer e outras doenças

O hábito de fumar chama a atenção principalmente para o câncer. O Instituto do Câncer (Inca) estima que, neste ano, haverá 31.270 novos casos da doença no pulmão, sendo 18,7 mil em homens e 12,5 mil em mulheres. Mas há ainda a associação do fumo com outras doenças do sistema respiratório, como a asma. 

“A asma é muito comum, com mais de 6 milhões de casos no Brasil. O sistema respiratório do indivíduo responde de maneira ‘exagerada’ a antígenos externos. A reação alérgica que causa estreitamento e maior produção de muco nas vias aéreas pode ser desencadeada por agentes diversos como inalação de substâncias químicas, tabaco, poeira, mofo, ácaro, alimentação, alterações de temperatura extrema (muito frio ou muito calor), estresse, esforço físico, entre outros”, explica a pneumologista Mônica Corso Pereira. 

A especialista alerta também para outras doenças respiratórias de origem infecciosa, como a pneumonia, que pode levar à morte, além da gripe. A tuberculose é preocupante. 
“A incidência de tuberculose no Rio de Janeiro chegou a 12.990 casos em 2016. Tem uma mortalidade associada às condições socioeconômicas, como desigualdade social, diagnóstico tardio, aumento da população carcerária, HIV, entre outras, e às formas multirresistentes da doença”, aponta a pneumologista, que ainda cita as mudanças climáticas e a poluição como vilãs.

“Quando a situação do ar piora (níveis elevados de partículas de CO2), há aumento da incidência de exacerbações das doenças respiratórias crônicas”, conclui.