Polícia Civil interdita alojamentos no Caio Martins

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Complexo Esportivo Caio Martins abriga os jogos da base do Botafogo, além de treinamentos da equipe juvenil

Evelen Gouvêa/Arquivo

Dias após a tragédia que matou 10 jovens e feriu três no Ninho do Urubu – o Centro de Treinamento do Flamengo –, o alojamento das categorias de base do Botafogo, no Complexo Esportivo Caio Martins, em Icaraí, Zona Sul de Niterói, foi interditado pela Polícia Civil na manhã desta quarta-feira (13). Além da falta de manutenção da instalação, clube não possuía a documentação necessária para o abrigo. Oito jovens de idades entre 12 e 17 anos dormiam no local. 

Após denúncia anônima de irregularidades de instalação elétrica e estruturais, a Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente de Niterói (DPCA) fiscalizou o local na última segunda-feira. De acordo com o titular da especializada, José Paulo Pires, havia instalações elétricas aparentes, fios soltos e rachaduras. O alojamento, de 10 salas, sendo nove quartos, também possuía só uma entrada e saída. 

“O que mais chamou a atenção foi o acesso ao dormitório, que não possui saída de emergência, semelhante ao do Flamengo, apesar de não ser contêiner. Solicitamos a documentação de autorização para o funcionamento do centro de treinamento, mas o clube não forneceu, então fizemos a interdição parcial. Também solicitamos informações e documentação aos órgãos competentes”, informou o delegado. 

Os representantes do clube foram intimados e solicitados novamente para que apresentem documentação, devendo prestar esclarecimentos nesta quarta-feira (13) na delegacia. Os órgãos da Prefeitura de Niterói, como o Conselho Tutelar e o Corpo de Bombeiros, têm o prazo de 10 dias para fiscalizar e apresentar documentação. 

Delegado José Paulo Pires disse que o Caio Martins tem diversos problemas

Douglas Macedo

De acordo com o delegado, uma perícia será realizada nos próximos dias, e agentes da delegacia retornaram ao local. Dependendo da resposta dos órgãos, o alojamento ficará interditado até que as questões sejam sanadas. Não há informações sobre a capacidade total do alojamento.

Em nota oficial, o Botafogo admitiu a falta de documentação do local, mas disse que está empenhando todos os esforços para resolver o impasse. Desta forma, os oito jovens entre 12 e 17 anos que estavam lá alojados foram transferidos para a sede do clube, em General Severiano. 

Ainda segundo o comunicado, o Botafogo disse que “as acomodações de alojamento somente são utilizadas em casos especiais de atletas de fora do estado ou em vulnerabilidade social”. O clube conta com um alojamento de capacidade para até 16 atletas em General Severiano, que, segundo o time, apresenta toda a estrutura e documentação necessária.

O Botafogo informou que com a aquisição do terreno para o novo Centro de Treinamento, que se encontra em fase inicial de obras, avançará na questão estrutural, mas seguirá a metodologia já implementada para as suas categorias de base. Não houve resposta sobre a capacidade do novo local e nem a previsão de finalizar as obras. O time não respondeu se há interesse em regularizar o dormitório no Caio Martins.

Questionado sobre a documentação do Centro de Formação de Atletas do Trops (Cefat), em Várzea das Moças, local de preparação do time, que também possui alojamento, o clube não respondeu. Também não houve resposta sobre quais documentações estão faltando e quais foram apresentadas para a DPCA. Procurada, a Prefeitura de Niterói informou que não foi acionada. Questionado sobre os demais clubes da cidade que oferecem alojamento, o Executivo não se manifestou. 

O Corpo de Bombeiros informou que os o Botafogo não apresentou a documentação de regularização na corporação no que diz respeito à segurança contra incêndio e pânico. O local foi notificado para apresentação de projeto de segurança. Além disso, a corporação solicitou ao clube o levantamento em relação ao espaço localizado em Várzea das Moças. 

A Suderj disse que o espaço interditado no Caio Martins é uma área cedida ao Botafogo.O acordo firmado entre o clube e a Suderj, há 34 anos, prevê que toda a responsabilidade pelo funcionamento e manutenção sejam do clube.