O pentacampeonato da Seleção Brasileira completou 15 anos ontem. Do primeiro jogo, contra a Turquia, ainda na fase de grupos, ao duelo final contra a Alemanha, o Brasil passou por momentos de emoção, desconfiança e muita garra.
A caminhada rumo ao título da Copa do Mundo de 2002 começou com a Seleção sofrendo. A equipe do técnico Luis Felipe Scolari enfrentou a surpreendente Turquia, na primeira rodada da fase de grupos, e saiu atrás no placar, após falha do zagueiro Lúcio e gol de Hasan. Já no segundo tempo, a eterna dupla Ronaldo e Rivaldo marcou os dois primeiros gols da Seleção na competição e garantiu a vitória por 2 a 1.
Cinco dias após a estreia, o Brasil retornou a campo contra a China, em Jeju, na Coréia do Sul. O lateral esquerdo Roberto Carlos abriu o placar em forte cobrança de falta. O trio composto por Ronaldo Fenômeno, Ronaldinho Gaúcho e Rivaldo completou o placar e garantiu a primeira goleada do Brasil na Copa: 4 a 0.
Com a classificação às oitavas de final garantida, a Seleção entrou com time misto na última partida da fase de grupos. Diante da Costa Rica, mesmo sem apresentar um grande futebol e sem pressionar, a “família Scolari” goleou por 5 a 2. A partida ficou marcada pelo belo gol do volante Edmílson, que abusou da elasticidade para completar cruzamento de Júnior e marcar o terceiro do time nacional.
Com 100% de aproveitamento, o Brasil enfrentou a Bélgica nas oitavas. Foi, então, que brilhou a estrela do goleiro “São” Marcos. O camisa 1 fechou o gol e realizou defesas incríveis, parando o forte ataque dos belgas, comandados por Marc Wilmots. No setor ofensivo, Rivaldo e Ronaldo voltaram a balançar as redes e decretaram a vitória por 2 a 0.
Nas quartas de final, a forte seleção da Inglaterra, com David Beckham, Michael Owen e companhia, foi a adversária da Seleção. Com grande atuação de Ronaldinho Gaúcho, que deu uma assistência e fez um gol antológico em cobrança de falta, o time nacional venceu por 2 a 1 e avançou na Copa.
Brasil e Turquia voltaram a se enfrentar na semifinal da competição. Assim como na fase de grupos, os turcos deram muito trabalho para os brasileiros. Com uma forte defesa e um ataque que apostava nas bolas paradas, a Turquia se portou bem em campo. Com dificuldades, a Seleção precisou contar com a estrela de Ronaldo Fenômeno, que chutou de bico para marcar o gol solitário que classificou a Amarelinha à final. O duelo ainda teve um final marcante, depois de Denilson ser perseguido por quatro marcadores e ser parado com falta, levantando a torcida que compareceu ao estádio Saitama, no Japão.
Na grande decisão, a terceira seguida que a Seleção disputava (1994, 1998 e 2002), os comandados de Felipão tiveram pela frente a Alemanha. O goleiro Oliver Kahn, que seria escolhido o melhor jogador da competição, até tentou parar o ataque brasileiro, mas não foi capaz. Ronaldo Fenômeno, que anotou oito gols na Copa de 2002, foi o responsável por balançar as redes duas vezes e garantir o pentacampeonato brasileiro – o primeiro e único penta da história das Copas.
O grito de “campeão” saia da garganta dos torcedores. As ruas brasileiras eram tomadas pelas cores verde e amarelo. A consagração de um grupo de jogadores que chegaram ao torneio desacreditados. Quando o lateral direito e capitão Cafu levantou a tão sonhada taça de campeão, o nome de cada jogador ficaria marcado para sempre na memória de todos os amantes do futebol.
Felipão revela bastidores do pentacampeonato
Após 15 anos do pentacampeonato brasileiro, Luiz Felipe Scolari, o técnico responsável pelo Brasil naquela época, ressaltou o protagonismo do meia Rivaldo, que é um dos menos “exaltados” desta Seleção, uma vez que não balançou tantas vezes as redes como Ronaldo e Ronaldinho. Além disso, Felipão aproveitou para revelar o comportamento de Ronaldo diante de treinos táticos, que, de acordo com o técnico, era preciso atender a algumas vontades do camisa 9, para tê-lo bem nas atividades de tática.
“Nenhum me deu trabalho. Quem me dava trabalho, no campo, era o Ronaldo. Porque quando a gente ia trabalhar taticamente era uma má vontade, não participava… o que ele queria vinha logo depois do treino tático, era o que ele mais gostava de fazer, chute a gol, cruzamento para que ele finalizasse. Uma série de coisas que, como técnico, não me interessavam muito. Tínhamos que dar um ‘docinho’ para ele, um treino de finalizações ao final do trabalho tático”, disse em entrevista ao canal Fox Sports.
Ainda assim, o técnico justificou a atitude do jogador.
“Mas o Ronaldo só fazia aquilo também porque ele sabia que depois, no campo, no primeiro ou segundo momento que a bola estivesse com ele, ele faria o gol”, explicou.
Além da dificuldade em ter Ronaldo focado durante as atividades táticas, Felipão aproveitou para ressaltar a importância de Rivaldo, que, para ele, foi o melhor do time. “Na minha opinião, Rivaldo foi o melhor jogador taticamente de todas as partidas do Brasil. Ele foi importante na bola parada, em posicionamentos… e eu sempre digo que o Rivaldo foi daquela Seleção, taticamente, o jogador que mais me auxiliou”, destacou.
“Às vezes as pessoas esquecem da parte tática no Brasil e apenas veem o final, o gol, quem foi artilheiro. Mas o Rivaldo, para a equipe, foi o melhor jogador”, finalizou.
Celebração – Para comemorar esta data, alguns jogadores que acabaram se destacando na campanha do pentacampeonato publicaram posts em suas redes sociais relembrando a conquista. Artilheiro daquele torneio com oito gols, Ronaldo Fenômeno chama o grupo brasileiro daquele competição de “Família Scolari”.
“30 de junho de 2002. Família Scolari. 2 gols contra a Alemanha na final da Copa do Mundo no Japão. É PENTA!!! Orgulho em dividir com a seleção e com todos os brasileiros a alegria de um dos momentos mais especiais da minha vida”, escreveu o Fenômeno.