Será dada neste domingo (25), às 2h (Brasília), a largada para a temporada 2018 da Fórmula 1, com a realização do Grande Prêmio da Austrália, no circuito de Albert Park, em Melbourne. Após uma pré-temporada com apenas duas sessões de quatro dias cada, no circuito de Barcelona, na Espanha, os 20 pilotos que disputarão o título vão para a pista para valer, e mostrar a realidade de condições de seus equipamentos.
O desempenho apresentado na Catalunha tem de ser visto com certa desconfiança, pois existem as diferenças de pneus e quantidade de combustível que cada um utilizou, mas algumas conclusões podem ser tiradas. A primeira é que a Mercedes, campeã nas últimas quatro temporadas, e equipe que vem dominando a categoria desde a introdução dos motores V6 turbinados, segue com um pacote fortíssimo. Os alemães completaram o maior número de voltas da pré-temporada - 1.040 ao todo entre Lewis Hamilton e Valtteri Bottas.
A confiabilidade da Mercedes é um ponto indiscutível, tanto que Hamilton, que faturou o tetracampeonato em 2017, acumula 25 provas consecutivas na zona de pontuação, apenas duas a menos do que o recorde da F1, de Kimi Raikkonen. Por outro lado, os carros prateados priorizaram distância e ritmo de corrida nos testes, em detrimento de estabelecer as voltas mais rápidas. Passaram a maior parte do tempo usando os compostos médio e macio da Pirelli, e jamais usaram os novos pneus hipermacios.
O trabalho da Ferrari na Espanha foi mais equilibrado. A escuderia italiana foi a segunda que mais andou, com 979 voltas, mas teve em Sebastian Vettel o piloto que mais trabalhou em Barcelona, com 643. Não fossem alguns problemas enfrentados por Kimi Raikkonen, poderia ter superado a Mercedes em quilometragem.
Foi também do alemão a volta mais rápida da pré-temporada, com a marca de 1min17s182, obtida com os pneus hipermacios. Hamilton, comparativamente, foi apenas o oitavo mais rápido com 1min18s400, com pneus ultramacios, o segundo composto mais veloz.
Terceira força em 2017, a Red Bull enfrentou alguns problemas na pré-temporada, e não acumulou a mesma quilometragem de Mercedes e Ferrari. Com 783 voltas completadas, a escuderia austríaca foi a sétima em distância percorrida. Já seu melhor tempo de volta, o quarto no cômputo geral, foi estabelecido por Daniel Riccardo com pneus hipermacios, mas com 1min18s047, ficou a quase um segundo atrás de Vettel.
Mesmo aparentemente em nível inferior às duas principais equipes, o desempenho da Red Bull em simulação de corrida causou boa impressão. O chefe da Mercedes, Toto Wolf, prevê que a disputa do título será mais intensa e envolverá três concorrentes.
“Ano passado a competição foi muito equilibrada e não houve momento que pudéssemos nos dar ao luxo de relaxar. A Ferrari foi um adversário duro e tivemos uma batalha real entre ‘prata’ e ‘vermelho’. Este ano promete uma disputa a três entre nós, Ferrari e Red Bull,” afirmou o dirigente alemão.
Apesar da previsão de Toto Wolf, a temporada de 2018 começa com destaque para uma disputa em especial: dois tetracampeões em busca de seu quinto título mundial na elite do automobilismo. De um lado, Lewis Hamilton, de outro, Sebastian Vettel.
Hamilton é o atual campeão da categoria, enquanto Vettel não vence um Mundial há quatro anos. Em 2017, desbancou justamente o alemão da Ferrari, que surpreendeu a todos com um carro bastante competitivo. Mas o primeiro título do inglês foi conquistado lá atrás, em 2008.
Nascido em Stevenage, no Reino Unido, Hamilton começou cedo no automobilismo através do kart. Inspirado pelo ídolo Ayrton Senna, fez sua estreia na Fórmula 1, correndo pela McLaren em 2007, aos 22 anos. Logo em seu primeiro ano, cravou pole positions, conquistou vitórias e pódios e terminou em segundo lugar, superando seu companheiro e bicampeão Fernando Alonso.
No ano seguinte, com apenas 23 anos, conquistou seu primeiro título – por um ponto de diferença para Felipe Massa – e começou a escrever seu nome na história do automobilismo. Na sequência, porém, Hamilton teve anos complicados, especialmente pela queda na competitividade no carro. Foram dois quintos lugares e dois quartos lugares, alternados, entre 2009 e 2012.
Foi exatamente nesse período de baixa do inglês que Vettel estabeleceu sua hegemonia. Sua estreia foi em 2006, mas a primeira temporada completa do alemão na F1 aconteceu há dez anos, quando ele se tornou o mais jovem a vencer um Grande Prêmio – Monza, na Itália, aos 21 anos.
A temporada 2018, que promete muita emoção, terá 21 corridas com diferentes características para revelar o grande campeão deste ano.
Regulamento e mudanças
A cada ano, a Fórmula 1 dá largada à nova temporada com novidades. Para 2018, a FIA apresentou mudanças em algumas regras, seguindo as pretensões do Liberty Media de aproximar cada vez mais a modalidade dos fãs. A principal alteração, porém, foi na estética dos carros, o que causou bastante polêmica entre as construtoras. Confira os principais destaques.
A segurança dos pilotos é sempre um assunto muito delicado e debatido na Fórmula 1. Para esta temporada, a principal mudança foi justamente nesse quesito, já que FIA confirmou uma mudança no cockpit: a introdução do Halo, um conjunto de hastes que formam um dispositivo de proteção para a cabeça dos pilotos.
Outra opção de segurança testada no ano passado, o shield, preferido da maioria das equipes, foi descartado depois dos testes realizados por Sebastian Vettel, alegando que a imagem tida através do shield fica um pouco distorcida.
Mesmo assim, o Halo foi muito criticado, especialmente pela sua parte estética, e teve nove das dez equipes contra sua utilização. A única que se posicionou a favor, foi a Ferrari.
Outra diferença nos carros será na parte traseira, com o fim das chamadas “barbatanas de tubarão”, uma espécie de asa que tinha voltado a ser usada em 2017.
Em 2017, cada piloto tinha a sua disposição quatro unidades de potência para todas as corridas do ano. Nesta temporada, serão apenas três por piloto para os 21 Grandes Prêmios, sendo que a partir da utilização de uma quarta peça, haverá punição.
A fornecedora oficial dos pneus da categoria, a Pirelli, aumentará sua gama de compostos para a temporada de 2018. No total, serão sete pneus, dois a mais que anteriormente.
Mais um polêmico anúncio foi tomado pelo Liberty Media – detentora dos direitos da F1 desde o início do ano passado – no fim da última temporada. A categoria decidiu pelo fim das “grid girls” nas provas em 2018. A temporada de 2018 será a mais longa da história. Assim, será a primeira vez que a F1 terá três corridas acontecendo em finais de semanas seguidos: França dia 24 de junho, Áustria dia 1º de julho e Inglaterra dia 8 de julho.