Lutador niteroiense vence o Pan de Kung Fu na Costa Rica

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O niteroiense Gabriel Almeida vem demonstrando talento no Kung-Fu e, após o título do Pan, pretende fazer bonito no Mundial da China

Foto: Divulgação

Viver os ensinamentos de uma arte marcial, estudar, ensinar as técnicas e se destacar no cenário nacional. Esta é a rotina do atleta niteroiense de Kung-Fu Gabriel Almeida, de 24 anos, que conquistou no mês passado, o título de campeão pan-americano na Costa Rica. Ele já venceu o Brasileiro e ganha a vida dando aulas da modalidade, cursa doutorado em Direito e ensina defesa pessoal às mulheres da cidade. Além disso, vive a expectativa de disputar as Olimpíadas de Tóquio em 2020.

Gabriel começou a praticar Kung-Fu aos 11 anos e desde então se apaixonou pelo esporte, transformando seus ensinamentos em um estilo de vida.

“Comecei a praticar Kung-Fu com 11 anos, em Niterói. Foi por um acaso, um amigo de escola me chamou pra fazer uma aula e gostei. Eu nasci em Niterói e aqui treinei a vida toda, o nome de nossa escola mesmo é: Associação de Kung-Fu Shaolin de Niterói - AKSN. O Kung-Fu é como chamamos a arte marcial chinesa que lá chamam de Wushu, estilo que eu pratico é o Garra de Águia, famoso pelos chutes altos, acrobacias e técnicas de torção e estrangulamento”, disse, completando.

“Hoje a arte marcial é minha base, em diversos sentidos. É aquilo que brilha meu olho. Da maneira que vejo, a prática e o ensino caminham juntos na arte marcial - por isso não consigo pensar num jeito de ser atleta e não ser também professor, afinal, o que ensinamos são técnicas de defesa e ataque pra situações de perigo. A competição é hoje uma oportunidade vivenciar o mundo da arte marcial, ver outras técnicas e sentir no corpo o desafio”, contou.

Gabriel revelou ainda como o Kung-Fu é importante em sua vida pessoal, concliando estudo e trabalho

“O Kung Fu, enquanto expressão do idioma chinês, quer dizer "muito esforço" ou "trabalho árduo". Quando os ocidentais viram as coisas incríveis que os lutadores faziam, perguntaram: o que é isso? E a respota foi "Kung Fu", isto é, "praticamos muito". É claro, isto é conto da origem, mas diz muito: Kung Fu é uma atitude que levo onde faço, de fazer com o coração. Do contrário, melhor nem fazer. Meu trabalho é estudar. No sentido confuciano do termo: estudar e aprender fazem parte do mesmo processo, onde o importante não é o resultado em si - mas a pratica. Hoje eu "ganho a vida" como professor de Kung-Fu, embora tenha múltiplas tarefas: eu trabalho com autodefesa pra mulheres, sou bolsista de Ballet do Centro de Dança Niterói e faço Doutorado em Direito na Universidade Estácio de Sá, também como bolsista”, destacou.

Com tal rotina, a disputa do Pan, na Costa Rica seria mais um desafio para Gabriel. Mas para quem está acostumado a superar obstáculos e encarar uma rotina como a dele, esta etapa se tornou mais umd egrau no crescimento de Gabriel como desportista.

“A preparação foi intensa e tensa: em julho, no campeonato Estadual, eu machuquei a perna. Comecei a tratar com osteopatia, tendo resultados bons, mas viajei pra Costa Rica ainda com desconfortos. Meu treinamento foi feito em dois momentos: um início mais intenso, que se deu antes de julho, com o Ballet como preparação pras pernas e o Kung-Fu, sob supervisão do meu Sifu Alexandre Gomes; depois, após julho, com um foco específico na qualidade técnica, onde meu professor Vinicius Calabria e minha colega de equipe Jéssica Cuzina foram vitais. (em detrimento do trabalho físico intenso). Interessante que viajei, três semanas antes da competição, para participar de um projeto chamado Caminho do Sertão, onde percorremos a pé 200km por onde passaram Riobaldo e Diadorim no Romance de Guimarães Rosa, o Grande Sertão Veredas. Levei minha espada e, a cada fim de dia, depois de caminhar, praticava. Nesta conexão forte que terminei de me preparar pra levar o Kung-Fu Brasileiro pro Mundo.
A experiência do Pan, por isso, foi vital para o Mundial: foi minha primeira competição fora do país e como atleta da seleção e o nervosismo bateu forte. Por isso, me sinto muito mais maduro após o Pan para poder ir pra China”, declarou.

Após a conquista, Gabriel iniciou a preparação para o Mundial, aonde poderá aprender o estilo dos chineses, a terra do Kung-Fu.Ele avaliou a diferença entre os estilos do continente americano e dos chineses.

“Existe grande diferença, mas no sentido da quantidade. Os estilos que vi no Pan, muitos já conheço - porque há certa similaridade na difusão dos estilos tradicionais nas Américas. Na China, até por ser o maior torneio de Kung-Fu do mundo, acho que verei muitas coisas novas. Estou curioso pra saber como será a técnica de espada que verei lá, pois a diferença não é na qualidade: o Brasil não deixa a dever pra China. Mas como lá é o berço, há mais variedade”, avaliou

Com o esporte podendo entrar no programa olímpico como demonstração, o niteroiense revela o sonho de estar presente na principal competição de esportes do mundo.

“O Kung-Fu está no páreo para entrar nos jogos olímipicos e pretendo estar dentre os atletas lutando por uma vaga! Ainda não sabemos o quão amplo seria a inclusão: eu pratico Wushu Tradicional, e boa parte do "lobby" olímpico se volta ao Wushu Moderno - modalidade desportiva e performática das técnicas de luta. Mas quero muito estar nas Olimpiadas, nem que seja mudando de categoria”, finalizou.