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Thales Leites
Foto: Alexandre Loureiro / Inovafoto
Um breve bate papo com o niteroiense, faixa preta de Jiu-jitsu e campeão de MMA, Thales Leites.
Quando e como iniciou sua carreira?
Comecei a praticar o jiu-jitsu em 1999 com Welton Ribeiro e desde então mudou a minha vida. Sempre procurei me testar e comecei a competir desde o inicio e as coisas naturalmente foram se profissionalizando na minha história. Foi quando no final de 2002, me graduei faixa preta de jiu-jitsu e fiz minha primeira luta de MMA amador. Em 2003, estreei no MMA profissional e a partir daí vim ganhando diversas lutas. Até então eu competia no jiu-jitsu e no MMA, mas chegou uma hora que não teve como você manter os dois em alto nível de rendimento e eu optei ficar no MMA.
Como surgiu o interesse pela luta? Alguém te incentivou para a prática do esporte?
O incentivo veio de mim mesmo. Desde moleque, sempre gostei de filmes como Karate Kid, O grande Dragão Branco, etc. Eu assistia e depois brincava de luta com meus amigos. Pratiquei judô dos 3 aos 6 anos ,sai do judô para fazer Karate, mas fiquei um longo período sem praticar uma artes marciais. Fui retornar aos 17 anos com o jiu-jitsu.
Como foi lutar contra o brasileiro campeão do UFC, Anderson Silva?
Quando lutei com o Anderson, ele estava no auge da carreira dele, eu vinha numa crescente e consegui a disputa pelo titulo. Foi uma experiência ótima e incrível,
mas claro que não foi como eu queria, pois eu perdi a luta e deixei muito a desejar do meu jeito de lutar, queria ter lutado mas pra frente. Isso não aconteceu só comigo, o Anderson já dominou vários oponentes no octógono tanto na parte técnica quanto na parte psicológica. É um lutador excepcional, fora da curva e não é a toa que ele foi campeão do UFC por tanto tempo.
Como atleta experiente qual a vantagem de um lutador de jiu-jitisu dentro do octógono , tanta na parte técnica como psicológica?
E difícil avaliar essa pergunta. Para um atleta de jiu-jitsu que competiu muito, ele traz uma grande bagagem de campeonatos de ter passado por várias situações adversas e conseguir reverter . Mas a parte psicológica, eu acredito que a mente comanda 50%, principalmente para um lutador que pratica um esporte individual de contato direto. Quando você esta confiante, forte mentalmente, isso ajuda muito. Quanto à parte técnica, o jiu-jitsu aplicado no MMA é completamente diferente do jiu-jitsu desportivo. Começando com a diferença que o MMA vale soco na cara. Outro ponto importante, quando se vai defender a queda, também não é tão simples encurtar a distância e conseguir derrubar o oponente e manter ele no chão.
Tudo vai depender também do adversário. No MMA, você tem que saber trocar em pé, defender queda e derrubar e saber fazer luta de chão e ter domínio. São várias vertentes que tem que avaliar.
Como é a sua rotina de treinos? Você se prepara com tempo especifico para os campeonatos?
Quando estava no MMA me mantinha sempre ativo, treinando um pouco de cada com uma intensidade menor. Geralmente você sabe da luta uns 3 meses antes. Você avalia e começa a colocar seu treino numa planilha e analisa o que vai precisar treinar mais através do seu oponente. Eu procurava fazer 2 treinos por dia. Dois dias treinava só MMA e nos outros, treinava as modalidades separadas.
Hoje, por estar focado no jiu-jitsu novamente, eu tento fazer dois treinos por dia. Sempre alterno entre os treinos técnicos, de jiu-jitsu e a preparação física.
Momento importante na sua carreira?
Tiveram diversos momentos, dentre os mais marcantes, eu destaco minha primeira luta no UFC,minha primeira vitoria no UFC , a disputa do cinturão com o Anderson e outra luta em 2015 quando fiz a melhor luta da noite.
Quais os objetivos para 2019?
Quero dar ênfase ao jiu-jitsu e retornar nas competições. Fiquei 15 anos competindo no MMA e quero esta voltando devagar como estou fazendo, como esse fim de semana que vou disputar o campeonato brasileiro em São Paulo, no Barueri . Quero continuar dando ênfase aos meus alunos, à academia e às aulas.
O que você acha que falta em nosso país para tornar a luta, uma grande potência esportiva como nos EUA?
Falta a desburocratização de tudo. O governo poderia dar mais incentivo fiscal para as empresas privadas, poderia também investir em educação de qualidade e introduzir esporte de alto nível nas escolas e nas universidades. Não temos como ser uma potência olímpica , mesmo tendo esse celeiro de atletas no país.
Criar uma estrutura para prática do esporte onde todos tenham acesso, investindo principalmente nas categorias de base, também seria uma grande ajuda.
Um recado para a nova geração que se espelha em você?
Trabalhar, ter resiliência, ser perseverante, acreditar , treinar e jamais desistir. Trabalhar com o que gosta é muito gratificante e ter a oportunidade de fazer do seu sonho a sua base de vida e ter retorno é muito bom. Independente de ser tornar um atleta de ponta ou não,o importante é o que o esporte traz de benéfico para a vida das pessoas. Sempre tiramos um aprendizado para a vida inteira.
A trajetória de um campeão
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