Cubango retrata a devoção

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Os carnavalescos Gabriel Haddad e Leonardo Bora querem alcançar o lugar mais alto do pódio

Foto: Lucas Benevides

Depois de um desfile surpreendente no ano passado, a Acadêmicos do Cubango volta como uma das favoritas da Série A em 2019. Isso se deve, em grande parte, à dupla de carnavalescos Gabriel Haddad e Leonardo Bora, que conseguiu dar à escola uma nova estética sem perder sua identidade.  

Última a desfilar no sábado de carnaval, a Cubango aposta no enredo “Igbá Cubango: a alma das coisas e a arte dos milagres”, com a força de cerca de 2 mil componentes, quatro alegorias e 20 alas.

“Hoje, eu acredito que a gente não pensa mais em superar o desfile do ano passado, até porque não tem como superar uma coisa que deu tão certo. Simplesmente vamos dar seguimento a essa linha de enredos, sempre dialogando com memória da escola, que é o que deu origem a esse enredo, e procurando sempre despertar o máximo de interesse dos componentes, porque é aí que se faz um grande desfile”, destaca Gabriel Haddad. 

Segundo os carnavalescos, a escolha de 2019 tem uma relação de continuidade com o enredo do ano passado, sobre Arthur Bispo do Rosário. 
 
“Em alguns momentos, a gente vai ver aquele mesmo tratamento do desfile do ano anterior, mas ao mesmo tempo a gente expande essa cartela estética e vai apresentar outras possibilidades também na Avenida”, conta Leonardo.

O enredo deste carnaval é sobre os ex-votos, os presentes dados pelo fiel ao seu santo, muitas vezes por uma graça alcançada.  

“Ainda durante as pesquisas sobre a obra do Bispo, a gente se deparava muito com essa temática dos ex-votos, dos objetos sagrados, dos objetos confeccionados por mestres artesãos para oferecer ou agradecer por uma graça recebida”, conta Leonardo.

Entre as soluções criativas, Gabriel e Leonardo trabalham com muita amarração nas alegorias, com as fitas do Nosso Senhor do Bonfim, tão populares na Bahia. Outros elementos reais estarão presentes, como a pipoca na fantasia das baianas e no abre-alas.  

O primeiro setor ajuda a contar um pouco da própria história da Cubango, lembrando os 40 anos do desfile que deu o tetracampeonato à escola ainda no carnaval de Niterói: “Afoxé”. Os objetos utilizados pelos fiéis para pedir proteção estarão no segundo setor, com uma alegoria que sintetiza a mistura religiosa que é o Brasil.  

Os ex-votos aparecem no terceiro setor, passando por cada lugar do Brasil que tem peregrinação, como Juazeiro e Guararapes. Nessa alegoria estarão ex-votos doados pela comunidade.

Para fechar, o quarto setor traz uma questão muito atual, a exploração da fé pelo interesse financeiro.