Precisamos preservar as empresas nacionais e os nossos empregos

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Todas as sociedades contemporâneas se estruturam a partir de Estados Nacionais, e muitos indivíduos precisam vender a sua força de rabalho em troca de um salário, pois este é o único mecanismo disponível para que a maioria da população possa atender as suas necessidades fundamentais. Neste sentido, é imprescindível que existam empresas que criem postos de trabalho, através dos quais os indivíduos irão tentar assegurar o seu sustento material. Dentro da lógica de funcionamento do sistema econômico em que estamos inseridos, consideramos que as aludidas premissas deveriam ser óbvias para cada um de nós. Contudo, por conveniência de ocasião, alguns brasileiros estão ignorando esta realidade.

Na semana passada assistimos com perplexidade a divulgação de um conjunto de denúncias que atingem diversos frigoríficos. Defendemos que as investigações da Polícia Federal sejam desenvolvidas sem que haja nenhum tipo de influência indevida, e que todos os ilícitos apurados sejam submetidos ao Poder Judiciário. Contudo, não podemos concordar com a postura adotada por alguns Delegados da Polícia Federal, que divulgaram informações não conclusivas de uma investigação ainda em curso, postura que pode comprometer o funcionamento de um importante setor da indústria nacional. Os órgãos estatais devem agir com firmeza e responsabilidade, mas a sociedade brasileira não pode permitir que se promova a espetacularização de investigações criminais, pois tais condutas podem causar danos irreparáveis aos nossos interesses, e desestruturar importantes segmentos da nossa economia. As denúncias apresentadas contra as empresas que comercializam carnes e embutidos são graves e devem ser rigorosamente apuradas. No entanto, a naturalização da “Investigação Espetáculo” está provocando enormes prejuízos a nossa economia, e constitui um forte componente que dificulta a retomada do crescimento econômico do Brasil.

Devemos considerar que a sociedade brasileira está sendo submetida a uma grave crise econômica, e alguns analistas afirmam que estamos vivenciando a pior recessão de toda a nossa história. Completamos dois anos consecutivos de uma acentuada retração do Produto Interno Bruto (PIB), e o reflexo imediato foi um aumento considerável dos índices de desemprego. Estudos apontam que neste período o poder de compra da população sofreu uma queda de 10%, e os indicadores macroeconômicos ainda não sugerem que o país esteja iniciando um ciclo de recuperação. A conjugação destes fatores criou um ambiente social marcado por incertezas, e a ausência de perspectivas está influindo negativamente na retomada do crescimento de nossa economia. No entanto, toda crise econômica no sistema capitalista tende a ser transitória, e certamente iremos superar as nossas atuais dificuldades.

Na verdade, estamos vivenciando uma crise cíclica do sistema capitalista, e todos os países estão buscando enfrentar as suas adversidades adotando soluções que atendam aos interesses e as necessidades de sua população. O Brasil deveria estar trilhando o mesmo caminho, mas aparentemente estamos realizando as nossas piores escolhas.

O Estado brasileiro deve atuar no sentido de reprimir quaisquer tipos de atos ilícitos, mas ao mesmo tempo precisa procurar preservar as empresas envolvidas. Devemos combater as ilicitudes praticadas por dirigentes empresariais, mas devemos nos preocupar com a continuidade das atividades econômicas das empresas. Esta é uma prática consolidada em todas as economias desenvolvidas. No entanto, no Brasil estamos presenciando ações conscientes promovidas por autoridades públicas que atentam contra os interesses nacionais, e estão promovendo uma verdadeira desestruturação de alguns setores empresariais brasileiros. A mesma prática equivocada está sendo implementada no segmento das grandes empreiteiras nacionais, que já são responsáveis pelo fechamento de milhares de postos de trabalho. O setor da industria do petróleo também está sendo completamente desarticulado, e a exploração dessa importante fonte de riqueza acabará sedo entregue às grandes corporações internacionais.

Estamos adotando práticas governamentais que enfraquecem à industria nacional, geram desemprego, e aprofundam ainda mais a nossa crise.

Que país será herdado pelos brasileiros após esta crise econômica?

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