Sem medo de entrar na disputa

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O deputado federal Sérgio Zveiter quer garantir para o Podemos mais uma cadeira no Senado, ao lado de Romário

Wilson Dias/ Agência Brasil

O advogado e deputado federal niteroiense Sérgio Zveiter (Pode) está no centro das atenções do cenário político fluminense e nacional. Em entrevista exclusiva a O FLUMINENSE, disse que após emitir relatório favorável à investigação do presidente Michel Temer – de seu antigo partido, o PMDB – sofreu retaliações que fizeram com que se desligasse da sigla para ingressar no Podemos (antigo PTN), no início de setembro. Zveiter adiantou que será candidato ao Senado em 2018. E, apesar de estar numa legenda menor, Zveiter diz não ter medo de possíveis represálias de sua antiga legenda, atualmente a maior bancada do País.

O FLU: Em meio a tantos outros partidos de maior expressão, por que ingressou no Podemos?

Zveiter: Foi o partido que, por intermédio do senador Romário, abriu as portas para que eu pudesse exercer o meu mandato de deputado federal com autonomia e independência na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados.

O FLU: Em julho, o senhor foi o autor, na CCJ, do relatório que pedia a investigação do presidente Michel Temer. Ainda acha possível sofrer  retaliação na Câmara?

Zveiter: Como deixei claro no meu pedido de desfiliação, sempre tive um tratamento respeitoso e democrático com as lideranças e meus colegas de PMDB no Estado do Rio de Janeiro. Fato que não se repetiu a nível nacional, infelizmente. Simplesmente, vou seguir trabalhando da mesma maneira.

O FLU: O que achou dessa medida do PMDB, de suspendê-lo por 60 dias por conta do relatório? Antes eles haviam anunciado que o senhor seria expulso, mas acabaram recuando.

Zveiter: Tentaram me retaliar com uma suspensão de 60 dias que, obviamente, não pude aceitar e, por isso, me desliguei da legenda. Achei a tentativa de desligamento ridícula e covarde. Ridícula, pois precisou usar artifícios inescrupulosos para não investigar o presidente, como a troca de membros da CCJ, a barganha de cargos e a distribuição indiscriminada de emendas parlamentares. Covarde porque anunciaram que iam expulsar, mas, na hora H, mudaram de ideia e aplicaram essa suspensão. Trata-se de um partido que não tem autoridade moral para punir quem quer que seja.

O FLU: O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresentou no último dia 13 de setembro mais uma denúncia contra Temer, que será avaliada pelo STF antes de seguir para o Legislativo? O senhor teria interesse em ser o relator?

Zveiter: Já estou de volta na CCJ, mas deixei claro para o presidente da Comissão, o deputado Rodrigo Pacheco (PMDB), que para manter o equilíbrio e a independência da Comissão, melhor seria a nomeação de um novo  relator. Mas, com certeza, vou exercer meu direito de voto, novamente de forma técnica, se realmente for apresentada nova denúncia.

O FLU: E a possibilidade de concorrer ao Senado está mesmo de pé? Já especula quem irá enfrentar na disputa do ano que vem?

Zveiter: Sou candidato ao Senado em 2018 sim. Quero estar junto com o Romário ajudando o nosso Estado e o nosso País. Quanto aos eventuais demais postulantes, em nada mudam a minha candidatura.

O FLU: O senhor é a favor da reforma da Previdência?

Zveiter: Eu já votei favorável à reforma trabalhista, que já passou pela Câmara, mas ainda não sei se vou votar a favor da reforma da Previdência. Prefiro que o projeto entre em pauta primeiro para que eu possa analisar melhor o teor da proposta.

O FLU: Acha que a reforma tem condições de ser aprovada na Câmara e no Senado? 

Zveiter: Tenho sérias dúvidas se a reforma da Previdência tem condições de ser aprovada na Câmara ou no Senado, diante de tantas denúncias de corrupção envolvendo o governo de Michel Temer.

O FLU: O que espera da política brasileira após as próximas eleições? Prevê alguma verdadeira mudança?

Zveiter: Apesar da política estar muito desacreditada diante dos sucessivos escândalos de corrupção, acredito que a população terá o discernimento necessário para escolher bem seus candidatos em 2018, para virarmos essa triste página na nossa história. 

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