Alerta azul

 

Foto: Divulgação/ Subsecretaria Municipal de Governo

Novembro é o mês de dar uma atenção especial para a saúde do homem. A campanha Novembro Azul já faz parte do calendário nacional de prevenções e por isso serão realizadas diversas atividades públicas e privadas lembrando a importância de prevenir o câncer de próstata e também pela implantação de política de saúde pública para o homem brasileiro, como explica o médico Geraldo Faria, coordenador da Novembro Azul na Sociedade Brasileira de Urologia.

Que ações caracterizam efetivamente a campanha Novembro Azul?

Novembro Azul é uma campanha de conscientização dirigida à sociedade brasileira e de forma especial aos homens e que tem como objetivo alertar a população a respeito das doenças masculinas, com ênfase na prevenção e no diagnóstico precoce do câncer de próstata. Durante todo o mês de novembro são realizadas ações de esclarecimento sobre a doença. Iluminação com a cor azul de monumentos e edifícios, palestras educativas em associações, escolas, empresas e outras entidades, atividades esportivas e de lazer em áreas públicas e privadas, entre outras, já estão sendo preparadas para alertar o público sobre a doença. Hoje a campanha Novembro Azul faz parte do calendário nacional de prevenções.

Qual a missão dessa ação?

Além do seu objetivo principal, o Novembro Azul tem servido para ampliar o debate sobre a necessidade da implantação de uma política de saúde do homem que efetivamente facilite e amplie o acesso da população masculina aos serviços de saúde. Este novo direcionamento da campanha é uma resposta à observação de que os agravos do sexo masculino são um problema de saúde pública. 
 
É possível fazer um balanço desde o início da campanha?

Graças à ampla divulgação que a mídia tem dedicado ao assunto, particularmente na campanha do Novembro Azul, cada vez mais temos observado que os homens sentem-se motivados a procurar o urologista para a realização do exame periódico da próstata. Mas ainda existe um caminho muito longo a ser percorrido até que o preconceito e o constrangimento sejam vencidos e a doença, diagnosticada precocemente, não resulte na morte de tantos homens.
 
Qual a principal dificuldade para fazer com que o homem cuide da própria saúde?

A cultura patriarcal vigente na nossa sociedade estimula um comportamento até irresponsável dos homens, que resistem em cuidar da saúde com a convicção de que são imunes e resistentes a quaisquer doenças. Um estudo realizado no Centro de Referência da Saúde do Homem, órgão da Secretaria de Saúde de São Paulo, mostrou que 60% do total de pacientes recebidos naquela unidade já apresentavam doenças em fase avançada e necessitavam de atendimento de maior complexidade. A falta de uma cultura preventiva que valorize o autocuidado, o medo da descoberta de uma doença e a possibilidade de ter que se submeter a um tratamento, a vergonha em realizar procedimentos clínicos e de se expor a um profissional da saúde são alguns elementos que tornam os homens mais vulneráveis.
 
Quais são os principais problemas de saúde que acometem o homem hoje, especialmente no Brasil?

Diversos estudos têm demonstrado que os homens são mais vulneráveis a enfermidades do que as mulheres, especialmente as doenças crônicas e graves, e por esta razão morrem mais cedo. Dentro da mesma faixa etária, a cada três mortes de pessoas adultas, duas são de homens. Homens no Brasil vivem, em média, sete anos menos do que as mulheres e têm mais doenças do coração, câncer, diabetes, colesterol elevado, hipertensão arterial e tendência à obesidade, entre outros problemas de saúde.  
 
Que fatores representam risco para o homem e merecem atenção ou acompanhamento?

A hereditariedade é um dos principais fatores de risco para a doença. Homens que tenham um parente de primeiro grau com câncer de próstata têm duas vezes mais chances de desenvolverem a doença. Homens da raça negra e homens com obesidade  também estão no grupo de maior risco e portanto com maior probabilidade de serem acometidos pelo tumor. 
 
Que hábitos podem ser incorporados para ajudar na prevenção de doenças?

Hábitos alimentares saudáveis com diminuição da ingestão de gorduras de origem animal, maior consumo de frutas e vegetais, a prática de atividade física regular e a manutenção do peso corpóreo dentro da faixa de normalidade são atitudes que podem contribuir para a prevenção das doenças tumorais, incluindo o câncer de próstata. 
 
Qual a rotina preventiva ideal para homem?

Apesar do câncer de próstata ser uma doença grave, cerca de 90% dos casos podem ser curados, desde que o diagnóstico seja realizado precocemente. A doença em sua fase inicial não apresenta nenhum sintoma, daí a necessidade da realização dos exames de toque e de sangue (PSA). Recomenda-se que, a partir dos 50 anos, o urologista seja procurado anualmente para a realização dos exames. Homens que possuem histórico familiar de câncer de próstata, os de raça negra e os obesos devem procurar o médico a partir dos 45 anos de idade visto que há uma maior incidência da doença na população com estas características.