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Em suas redes sociais, Rebeca dá dicas de moda e de como levar a vida com autoestima

Foto: Divulgação

Foi Clarice Lispector que escreveu a frase: “Já que sou o jeito é ser”. Uma afirmação que nos convida a viver nossa própria condição ao invés de brigarmos com a realidade. Transformar as próprias limitações em um ponto de partida para debater autoestima foi a estratégia adotada pela influenciadora digital niteroiense Rebeca Costa, de 24 anos. À frente do canal do YouTube e do Instagram “Looklittle”, a bacharel em Direito e portadora de nanismo afirma que vive através das redes sociais uma troca com seus seguidores, principalmente a respeito de moda, cidadania e amor próprio. Para ela, a vida não é uma novela e a felicidade é pra já.

Como começou a sua relação com as redes sociais? 

O canal “Looklittle” surgiu com influências de amigos que queriam saber como eu adaptava minhas roupas, já que pessoas com nanismo sempre tiveram o hábito de usar roupas infantis. Com isso, tive a ideia de dividir a minha vida no ramo da moda e na academia com as pessoas com ou sem deficiência, mostrando adaptações e truques que faço para fugir da costureira. Porém, com o aumento de seguidores, passei a dividir minha vida pessoal, falando sobre autoestima, dicas de determinação, etc.
 
O que isso representa em sua vida hoje? 

O “Looklittle” foi um divisor de águas na minha vida em todos os sentidos. Ao mesmo tempo que eu ajudo as pessoas, aprendo muito também. Vi que sempre tem algo de interessante para aprendermos com os outros. Assim, ao longo desses anos, pude conhecer muitos princípios e ideais através dos feedbacks que recebo. Principalmente que a força de vontade é a base de tudo.  

Como as pessoas reagem a esse trabalho? 

As pessoas reagem muito bem e eu fico superfeliz. É muito gostoso e gratificante você plantar um bem em alguém e ver a pessoa colher isso. Apesar do Looklittle ser voluntário, eu ganho vidas, corações, histórias e, sinceramente, não há nada que pague melhor. As mudanças que acompanho me dão cada vez mais a certeza de que Deus nos usa como instrumento para melhorar o mundo. Todos nós temos um propósito, basta acreditarmos.

Na sua opinião, quais os principais desafios da pessoa com nanismo hoje? 

Os maiores desafios são o preconceito e a limitação. A altura e locomoção em geral, o acesso aos departamentos públicos, caixas eletrônicos, etc. Não se vê nada rebaixado, com isso, excluem o nosso acesso. Não falamos em preferência, falamos em igualdade, pagamos os mesmos impostos, somos cidadãos iguais, porém, ainda limitados. 

Jovem está à frente do canal do YouTube e do Instagram “Looklittle”

Foto: Divulgação

E o que você acha que pode ser feito para melhorar essa situação? 

Primeiramente, a meu ver, o nanismo precisa ser enxergado. O preconceito é um julgamento que acontece sem as pessoas saberem quem somos de verdade. Olham nossa limitação e não nosso caráter. É preciso entender que não estamos pedindo um favor quando falamos em igualdade, mas, sim, exigindo nossos direitos. Quando falamos em ser enxergados nos referimos a sermos levados a sério, incluídos, respeitados. Temos os mesmos direitos mediante a nossa constituição, mas não podemos usufruir deles por limites impostos pela sociedade. 

Neste momento, o nanismo está em evidência, debatido em novela. Isso contribui de alguma forma?
 
É sempre bom para mostrar às pessoas outras realidades, proporcionar visibilidade, mas isso é uma questão que vai além de uma novela. Não é um caso que deve ser debatido em meses e depois esquecido. Os direitos devem ser reconhecidos e não “merecidos”, e isso é pra já. 
 
Você fala muito sobre auto estima. Em um mundo tão padronizado, como conquistou a sua? 

A minha autoestima vem do meu autoconhecimento. Eu nunca tive dúvida de quem eu sou. Baixa autoestima é ter dúvidas sobre quem se é. Pensar que Deus errou com você, eu não acho isso. Eu sei quem eu sou, sei o que eu posso. A sociedade quer que eu exclua a minha essência para eu ser todo o mundo.
 
Existe algum segredo para se blindar das críticas e comparações? 

Não se distraia e nem desperdice seu tempo tentando ser outra pessoa, se comparando ou se preenchendo com algo que não é seu. Não se padronize, pois não vai dar certo. Nascemos para sermos nós mesmos, e a influência às vezes nos leva à loucura. Todos temos algo magnífico para ser mostrado, mas, para isso, precisamos nos dar atenção, nos apreciar, sem nos deixarmos transformar em personagens.  
 
Quais os seus sonhos e planos para o futuro? O que espera de 2018? 


O ano de 2018 virá com muita fé, determinação e já preenchido de amor, pois é isso que acredito que tem de mais valor, o amor, seja pelo próximo e por você mesmo.