Cor de fantasia

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Raquel Pozzi já teve o cabelo pintado de várias cores. Agora, optou pelo rosa. Para ela, ter o cabelo colorido é algo cada vez mais comum

Foto: Divulgação / Amanda Campos

Cabelos coloridos podem exigir bastante personalidade, já que é impossível não atrair olhares por onde passam. A variedade de cores, tons e técnicas está conquistando cada vez mais a cabeça de pessoas que assumem a personalidade forte e se encorajam a sair do óbvio. Existem novidades para todos os gostos e estilos. A moda das candys colors, “cores doces” em tradução livre, recebe nomes específicos para cada tipo de pintura, segundo Vera Mosconi, hairstylist do HDB Spa.

“O cabelo algodão-doce tem um tom de rosa bem claro, puxado para o pastel. Em quase todos os casos, é necessário descolorir e matizar os fios para tirar qualquer fundo amarelado. Já no cabelo unicórnio, que usa diversos tons, as mechas precisam ser meticulosamente separadas durante a aplicação da tintura. O mesmo acontece no geode hair, onde apenas uma seção escondida do cabelo é tingida”, explica a profissional, que adianta que as novidades não param por aí. “O hygge hair é um estilo no qual os fios adquirem tons quentes, sejam eles loiros, castanhos ou ruivos. O segredo é incorporar a cor à base natural do cabelo. Uma vantagem é que não há uma necessidade de retoques constantes com o crescimento dos fios”. 

A estudante de psicologia Raquel Pozzi, de 21 anos, sempre desejou ter o cabelo colorido. Ela já pintava o cabelo desde muito nova e, ao todo, já teve cinco cores, como vermelho, roxo, verde-água, azul e a cor atual, o rosa. A estudante nascida no Espírito Santo veio para Niterói estudar e acredita que, na cidade, ter o cabelo colorido já não é uma questão tão incomum.

“Acho que o preconceito depende muito do ambiente em que você está. Acredito que hoje, principalmente em cidades maiores, o preconceito esteja diminuindo. Mas uma pessoa ainda é mal vista apenas por ter o cabelo colorido. Até agora, o meu cabelo rosa não me impediu de fazer nada. Mas talvez me impeça quando eu tiver que ir para o mercado de trabalho”, admite.

Renan Macedo, de 23 anos, estudante de Publicidade que em 2013 já tinha sido loiro, decidiu mudar o visual há alguns meses. Inicialmente, seu plano era pintar de rosa, mas, analisando melhor como ficaria, optou pela cor verde. Para Renan, existe, sim, um preconceito com quem tem cabelo colorido. 

“Por mais que os olhares não sejam tão visíveis quanto há uns anos atrás, ainda existe muito julgamento de quem está de fora. Acho que ninguém tem obrigação nenhuma de ter um cabelo padronizado”, afirma Renan.

Alessandra Batista, hairstylist do Espaço de Beleza Top Hair, em Ipanema, conta que, antes de pintar, é necessário ter uma preparação especial.

“É preciso que os cabelos estejam saudáveis, sendo necessário fazer hidratações para garantir a resistência dos fios. Em cabelos com alisamentos com hidróxidos, tioglicolato e derivados, não é recomendado o uso da técnica. Mas é indispensável fazer um teste de mechas”, afirma.

Renan Macedo recorreu a um profissional para pintar as madeixas de verde

Foto: Arquivo pessoal

Raquel conta que tem dificuldade de conseguir um profissional que lhe agrade, além de achar caro, e faz todo o procedimento em casa. 

“A experiência de fazer por conta própria é se acostumar com a ideia de que você nunca sabe exatamente como o seu cabelo vai ficar. Mas, pra mim, vale bem mais a pena eu mesma saber o que estou fazendo e aprender mais sobre o assunto na prática”, afirma.

Já Renan teve receio do resultado não ficar do agrado dele e procurou um salão de beleza. 

“Quando eu realmente decidi que queria um cabelo colorido, procurei um profissional, não fiz o procedimento inicial sozinho. O cabeleireiro descoloriu e aplicou a técnica. Ficou exatamente do jeito que eu queria e tinha me inspirado. Mas, hoje em dia, mantenho a cor do cabelo sozinho, em casa mesmo”, conta. 

O hairstylist Rogério Pontes, beauty artist à frente do programa “Dancing Brasil”, afirma que, após a decisão de ter o cabelo de fantasia, é preciso ter bastante disciplina e cuidado com as madeixas.

“Processos de coloração – principalmente se houver descoloração – costumam agredir as cadeias de queratina dos fios. Portanto, antes de colorir, é necessário um tratamento de nutrição para protegê-los. Também existem produtos que podem ser adicionados à tintura e ao descolorante para preservar a saúde dos fios. Depois do processo, é imprescindível a hidratação periódica para repor os nutrientes”, explica Rogério.

A única contraindicação é fazer o uso em cabelos de crianças.

“Elas têm a pele do couro cabeludo e a fibra capilar ainda em processo de formação, o que as deixa mais suscetíveis a reações alérgicas e danos permanentes aos fios”, aconselha Rogério.

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