Eles são a chave

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Odilza Vital é especialista em antienvelhecimento e cosmiatria

Foto: Divulgação

Com a publicação do livro “O segredo está nos telômeros” (Editora Planeta), de Elizabeth Blackburn (ganhadora do Prêmio Nobel de Medicina) e Elissa Epel, voltou-se a falar sobre essa célula dos cromossomos também responsável pelo envelhecimento. A médica de Niterói, especialista em antienvelhecimento e cosmiatria, Odilza Vital adiantou o assunto no Brasil com a publicação do livro “Emagreça para sempre com saúde” (2005, Editora Loyola). Segundo a médica, os telômeros são os termômetros da idade biológica de uma pessoa e, com o passar do tempo, se encurtam e perdem vitalidade, fazendo com que as células comecem a reduzir sua capacidade de multiplicação e a recuperação dos tecidos. Outro dado importante, de acordo com Odilza, é que a ciência moderna, por estudos da Biologia Molecular, mostra que o estilo de vida predomina sobre a genética em relação ao envelhecimento e a saúde em geral.

Como médica especialista em antienvelhecimento e cosmiatria, você já falava sobre os telômeros há alguns anos. Qual sua opinião sobre eles?

Na realidade, os telômeros estão na extremidade dos cromossomas e protegem os mesmos como capas para que, nas sucessivas divisões celulares, parte do material genético não se perca nem se desloque de modo inadequado. Falo sobre os telômeros há muitos anos porque eles realmente têm tudo a ver com a nossa saúde e nossa idade biológica. Elizabeth Blackburn não aventou pela primeira vez a possibilidade da existência dos telômeros, esse mérito fica com Hermann Müller (1890-1967), em 1930. O trabalho dela começa em 1975, quando preparando uma tese para Yale University descobriu a estrutura telomérica e, mais tarde, como os telômeros se recuperavam, através de uma enzima chamada telomerase. Com isto, Elizabeth H. Blackburn, Carol W. Greider and Jack W. Szostak receberam o Prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia em 2009 “pela descoberta de como os cromossomos são protegidos por telômeros e a enzima telomerase”. O destaque para Blackburn deve-se ao seu livro de linguagem acessível ao grande público, embora em “Emagreça Para Sempre com Saúde” (2005), na 5ª edição, eu já houvesse falado de todas estas normativas. 
 
Por que os telômeros devem receber atenção, até mais do que outros fatores, quando o assunto é o envelhecimento?


Porque eles são como um termômetro da idade biológica de uma pessoa (e de animais também). No processo de envelhecimento, eles se encurtam, perdem sua vitalidade, o que acarreta outros fatores negativos, como nas células que passam a reduzir sua capacidade de multiplicação, além da dificuldade na recuperação dos tecidos. A saúde, no geral, fica comprometida.

O envelhecimento está até que ponto relacionado com a genética e até que ponto com o estilo de vida? Dê exemplos, por favor.

O processo de envelhecimento está ligado a dois fatores principais: genética e estilo de vida (epigenética). A genética compõe todas a características que herdamos dos nossos pais. Já o estilo de vida é nossa responsabilidade, somos nós que o escolhemos. Hoje em dia, a ciência moderna, por estudos da Biologia Molecular, mostra que a epigenética é, muitas vezes, predominante. Pode até silenciar um gene! Os exemplos vemos no cotidiano: pessoas jovens cronologicamente, mas estressadas, de mal com a vida e que já começam a fazer rugas aos 20, 30 anos, enquanto outras com idade avançada são produtivas, de bem com a vida e aparentam ser muito mais jovens do que a certidão de nascimento acusa.
 
O que você indica que a pessoa faça para retardar seu envelhecimento? É possível?

Tudo o que já venho preconizando há mais de 40 anos e, muitas vezes, fui incompreendida. Meu sócio americano, dr. Mitchell Kurk, costuma dizer que eu estou “além do meu tempo”. É possível, sim, retardar o envelhecimento minimizando as tendências para doenças familiares através de estudo minucioso com o seu médico, com uma alimentação saudável e adequada, praticando atividade física de forma rotineira, minimizando os fatores de estresse, modulando os hormônios e cultivando a fé.

Fale sobre a influência do estresse no envelhecimento, por favor.

É o pior dos inimigos, aumentando de maneira crônica o cortisol, hormônio que mina nossa resistência, cataboliza nossas proteínas e nos predispõe a doenças cardíacas, depressão, câncer e Alzheimer.

Por que ter mais informações sobre os telômeros é interessante para a medicina estética e motivacional para o público em geral?

Porque eles são o que há de mais fiel na balança, validando e indicando os procedimentos estéticos.

Você tem uma pesquisa em andamento em simpósios internacionais. Fale um pouco sobre ela.

Estou sempre pesquisando a respeito. Vou fundo na Biologia e Fisiologia Molecular e fui convidada, recentemente, para fazer uma palestra a respeito do tema no congresso da American Academy of Anti-Aging Mediciene, em Bangkok, com o título em inglês: “Relashionship Between Telomeres Vitality and Aesthetics Medicine Procedures Results”, em português: “A relação direta entre a vitalidade dos telômeros e os resultados na medicina estética”. Amo meu trabalho e as viagens têm a frequência com que sou convidada, principalmente as para o exterior. Geralmente para Portugal, México, Espanha, França, Estados Unidos, China e Tailândia. 

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