Barriga tanquinho? Que nada... O tipo de homem mais comentado no momento é aquele que não se priva dos prazeres da vida e, por isso, inevitavelmente, ostenta uma barriguinha. As americanas são as responsáveis por iniciarem a curiosa febre online, com calorosos elogios e uma declarada preferência por este tipo de silhueta masculina, carinhosamente chamada de dad bod, abreviação para “corpo de pai” em uma tradução livre.
Tudo começou quando a blogueira Mackenzie Pearson, de 19 anos, publicou o texto com o título “Porque as meninas amam os dad bods”, no qual explica que o estilo não é o de um cara acima do peso, tampouco com uma barriga tanquinho, mas sim, rapazes que vão à academia ocasionalmente, curtem beber nos fins de semana e até “comer oito fatias de pizza de uma vez”.
O post de Mackenzie que declara que existe algo nesse tipo de rapaz, que faz com que ele pareça mais humano, natural e atraente, teve mais de 400 mil compartilhamentos e provocou uma verdadeira onda de grupos, páginas e perfis dedicados ao culto de homens com “barriga positiva”.
Depois disso, surgiu até uma estranha pesquisa divulgada nas redes sociais afirmando que, em média, os pais têm 4,5 quilos a mais que os homens que não são pais; aproximadamente cinco centímetros a mais de cintura e suas barrigas ficam mais protuberantes em até 1,5 centímetro.
O ator comediante Seth Rogen, que ficou famoso pela participação no seriado “How I met your mother”, é um dos nomes mais citados na internet como exemplo do dad bod, seguido por Leonardo diCaprio. No Brasil, o ator Murilo Benício é um dos que mais aparece na lista das fãs.
Convicta na preferência pelo estilo dad bod, a jornalista Jackeline Chagas, 23 anos, que há dois anos namora Vitor Valença, também de 23, defende que um parceiro “cheinho” pode, sim, ser sinônimo de uma relação feliz. “Apesar de não estar malhando no momento, ele joga futebol, cultiva uma vida saudável, mas sem ‘neura’. Já eu odeio academia, malho apenas por causa da flacidez. Por isso, com ele me sinto à vontade com meu corpo. Na verdade, eu adoro esse biotipo, por mim ele não emagreceria nunca”, revela Jackeline.
A jornalista é só elogios para o namorado que, segundo ela, tem um abraço acolhedor. Para Jackeline, quando uma pessoa não vive de forma obsessiva para a forma física, sobra mais tempo para o que ela considera “as coisas boas da vida”. “Não consigo gostar de caras sarados, sempre preferi os mais cheinhos. Meu namorado tem um biotipo que, mesmo quando emagrece, ainda fica com uma barriguinha. Sempre brinco dizendo que é muito bom engordar junto”, diverte-se.
Vitor diz que para ter uma vida a dois, a beleza não tem tanta importância quanto uma boa convivência. “A Jackeline sempre me disse que não se importa com a minha barriguinha. Teve até uma época que eu engordei bastante e mesmo assim ela afirmava que gostava. Acho que a aparência só importa antes de conhecer a pessoa e também acredito que a maioria das mulheres prefira homens nem muito musculosos, nem muito gordinhos”, analisa.
Contas como a “that_dadbod_tho” e “collegedadasdods”, no Instagram, mostram imagens de dad bods de todo o mundo e possuem milhares de seguidores. E até mesmo em territórios até então exclusivos dos sarados, a barriguinha saliente já ganhou espaço. Daniel Cormier, atual campeão meio-pesado do Ultimate Fighting Championship (UFC) e fã de bolo e de frango frito, exibe, com bom humor, uma barriguinha nada atlética.
Segundo o psicanalista Miguel Velasco, o fetichismo se caracteriza pelo interesse sexual por algumas partes do corpo, cenários ou locais inusitados, peças de vestuário, entre outros, sempre transgredindo os padrões da sociedade. “Podemos estar passando apenas por uma fase de modismos. No entanto, para as mulheres do mundo moderno, um homem sarado é motivo para sentirem insegurança, enquanto que ao lado de um dad bod elas parecem estar em melhor forma e elevam a sua autoestima”, afirma Velasco.