Ousadia sem descer do salto

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Raphael Centurião se tornou referência para aulas de stiletto. O jovem já fez coreografias para cantoras como Anitta e Lexa

Foto: Lucas Benevides

Com estilo e muita ousadia, o niteroiense Raphael Centurião se tornou referência quando o assunto é aula de stiletto, estilo de dança com salto alto, no qual se trabalha a postura e o equilíbrio. O jovem, de apenas 23 anos, tem a cantora Beyoncé como sua maior inspiração e sonha realizar trabalhos artísticos no exterior ao lado de grandes nomes da música internacional. Enquanto isso, ele foi eleito o queridinho das estrelas pop no Brasil e assina trabalhos coreográficos ao lado de Anitta, Valesca e Lexa. Apesar do reconhecimento, Raphael se considera um eterno aprendiz e afirma que o segredo do sucesso é a dedicação.

Há quatro anos o Stiletto faz parte da sua rotina profissional. Porém, em que momento a dança entrou na sua vida?
Costumo dizer que nasci dançando, porque desde criança minha diversão era assistir vídeos e aprender coreografias. Eu tinha facilidade para observar os passos e desenvolver em seguida. Na infância, comecei ensaiando as danças do grupo Rouge e depois aprendi outros movimentos assistindo o filme “High School Musical”. Depois, o YouTube facilitou a aprendizagem das coreografias, que antes eram acompanhadas pela TV.

Em 2011, você passou para o curso de Química na Universidade Federal Fluminense (UFF), mas abriu mão da graduação para se dedicar à dança. Nessa época você já tinha certeza que o Stiletto era sua grande paixão?
O stiletto surgiu na Broadway Dance Center, em Nova Iorque, e quem popularizou a modalidade foi a cantora Beyoncé, que inseriu diversos passos da dança em suas coreografias. Como eu sempre fui fã da artista e amava dançar, resolvi unir uma coisa à outra. Aos 19 anos, me matriculei na única academia que oferecia aulas de stiletto em Niterói e me apaixonei pela prática. Em pouco tempo fui convidado para integrar o grupo de treinamento do estúdio, onde aprendi outros ritmos. Depois disso, a faculdade ficou em segundo plano.

A dança virou sua profissão. Quais foram os caminhos que percorreu para ganhar espaço e se tornar uma referência do Stiletto no estado do rio? 
Durante as aulas, conheci a Juliana Donatto, que virou uma grande parceira de trabalho. Nós dois começamos a desenvolver coreografias originais e eu progredi muito como dançarino. Meses depois, ela conheceu a equipe da Anitta e coreografou a cantora. Eu entrei como dançarino ao lado da Ariele Macedo, que hoje é responsável por todas as coreografias da artista. Mais tarde, recebi uma proposta para participar do clipe da música “Beijinho no Ombro” da Valeska Popozuda, e como o single virou sensação, fui convidado para participar de diversos programas de TV, fato que contribuiu para o aumento das propostas de trabalho.

Raphael se considera um eterno aprendiz

Foto: Lucas Benevides

Recentemente você desenvolveu a coreografia da música “Para de Marra” da cantora Lexa. Como é esse processo de criação? 
Tudo depende da essência do artista, porque o coreógrafo tem que inserir a personalidade da cantora na dança, por isso, é preciso avaliar qual é a proposta do clipe e a preferência da artista. A equipe de produção costuma opinar e a própria cantora traz ideias. Tento contextualizar cada sugestão e muitas vezes criamos uma coreografia sem saber qual o cenário do vídeo, o que dificulta o processo de criação. Nesses casos, tento moderar o nível das movimentações.     

Antes da estreia da novela “Verdades Secretas”, o ator Rainer Cadette passou quatro meses ao seu lado, fazendo laboratório para composição do personagem Visk. Como é desenvolvido esse trabalho de Movement Coach?
A base do meu trabalho é o stiletto e ao longo dos quatro meses mostrei para o Rainer que a modalidade também é um estilo de vida. Como na história, o Visk ensina as modelos a desfilar, precisei investir nas técnicas do salto e na naturalização do personagem. Por isso, eu explicava desde a forma de andar com o salto até os gestos adequados para cada cena.

Quais os fatores que motivam as mulheres a participar das aulas? 
O aumento da autoestima é um dos argumentos das mulheres. Porém, algumas se matriculam para sair do sedentarismo ou ficarem mais sedutoras para o marido. O stiletto exige feminilidade e ousadia, por isso, é usado tanto nos palcos quanto fora dele. Para muitas alunas, o salto não é um problema e, sim, a timidez. Já outras consideram o salto um desafio.

Como você avalia o cenário da dança no Brasil? 
Independente das minhas conquistas profissionais, não paro de me qualificar nunca. Sempre há um movimento para aperfeiçoar ou uma nova ideia para construir. Atualmente, o profissional precisa ser múltiplo. Temos que lidar com marketing, mídias digitais e se adequar às exigências do mercado. Por isso, estou atento a essas necessidades e tenho investido em workshops. 

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