Respirando fundo

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Praticante de ioga há quatro anos, David Ryusai conta que aulas ajudaram a respirar melhor e a conhecer mais suas sensações

André Redlich

Por Carolina Ribeiro

Respirar é essencial. Todo mundo sabe como respirar: puxar o ar pelo nariz e soltar pela boca ou pelas narinas. Mesmo sendo fácil, é possível fazer errado ou de forma displicente. Saber respirar de forma correta traz muitos benefícios, como, por exemplo, reduzir a ansiedade. É bem possível que você já tenha aconselhado alguém a respirar fundo para se acalmar. Então... 

O professor de ioga Ricardo Coelho comenta que as técnicas usadas na aula têm um foco grande na respiração. Esse processo de inspiração e expiração tem o papel mais importante em nossa vida, já que não é possível viver sem isso. 

“A respiração é perceptível quando prestamos atenção nela, mas na maioria das vezes é inconsciente. Mesmo sendo um processo natural e automático, é algo que a maioria das pessoas realiza de forma incorreta. A ciência do ioga afirma que isso ocorre porque a musculatura responsável pelo movimento da respiração torna-se preguiçosa e incapaz de propiciar um movimento de inspirar e expirar adequados”, explica Ricardo, que ressalta que a mente e a respiração estão estreitamente ligadas, e através do controle da respiração pode-se treinar a mente e passar a ter maior consciência do corpo e de todo o processo fisiológico.

A fisioterapeuta respiratória Eliane Baranda afirma que ter uma boa ventilação pulmonar irá permitir a expansão do pulmão e, com isso, favorecer as trocas gasosas, eliminando o gás carbônico e a entrada do oxigênio.

“A respiração na fase inspiratória é feita via nasal, que tem a função de filtrar, aquecer, umidificar e tornar o fluxo do ar regular; e a expansão pela narina ou oral. É importante fazer a inspiração profunda para trabalhar a musculatura do diafragma”, diz Eliane, enfatizando que respirar corretamente reduz o gasto energético, deixando de cansar o indivíduo, também melhorando a fadiga e até a postura. 

“Quando se usa a respiração apical, com a parte superior do tórax, dificulta a expansão dos pulmões, podendo formar o ‘peito de pombo’, que é essa deformação de inflar o peito ao respirar”, detalha. “Para respirar bem, é preciso ter uma boa musculatura”, completa. 

Ricardo revela que o motivo das pessoas precisarem reaprender a respirar é a vida corrida, que não permite ao sistema respiratório trabalhar como deveria. Ele conta que a respiração normal e inconsciente movimenta aproximadamente meio litro de ar (500 centímetros cúbicos) para dentro e para fora dos pulmões, mas que cerca de um quarto desse volume não é usado e ocupa os espaços da traqueia e brônquios. Apenas um pequeno volume de ar fresco entra nos alvéolos pulmonares a cada respiração, mas na ioga é diferente.

“Na respiração completa, uma quantidade muito maior de ar consegue atingir os pulmões e alcançar uma maior quantidade do tecido alveolar. Durante uma inspiração completa, até cinco litros de ar (5 mil centímetros cúbicos) podem ser ingeridos. Portanto, uma maior quantidade de oxigênio fica disponível para a troca gasosa com o sangue. As técnicas mais básicas não têm nenhuma contraindicação. Entretanto, há algumas técnicas mais avançadas que só devem ser realizadas sob a supervisão de um professor de ioga qualificado, já que trabalham num nível energético mais profundo”, aconselha ele.

Essas técnicas básicas preliminares irão ampliar a capacidade respiratória, permitindo a execução de outras mais avançadas posteriormente. As três mais usadas são a respiração abdominal, que se faz deitado, e a intercostal e a subclavicular, na posição sentada. 

David Ryusai, de 39, conta que começou a praticar Yoga há quatro anos, em um momento de muito estresse e desgaste emocional, e aos poucos foi liberando a ansiedade através das posturas e da respiração que aprendeu nas aulas.

“Hoje, é muito mais que uma prática para me deixar ‘zen’, é um caminho de autoconhecimento, à medida que me aprofundo na técnica, me torno mais consciente das minhas emoções, sensações e como elas interagem com o exterior. Elas me ajudaram muito. Eu era aquele tipo de pessoa que levava o descongestionante nasal para qualquer lugar e, gradualmente, fui deixando de usar. Foi difícil, mas com a prática e a minha vontade, consegui”, comemora ele.

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