Broto legal

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Brotos podem ser usados para fazer saladas e sucos verdes. Rosane Fernandes se tornou adepta da alimentação com sementes germinadas há um ano e se livrou de vários problemas, entre eles má digestão, depressão, fibromialgia e pressão alta

Foto: Lucas Benevides

Tão faladas hoje, principalmente pelos adeptos dos sucos verdes, as sementes germinadas nada mais são do que sementes comuns que passam por um processo caseiro e artesanal de germinação. Através da técnica, elas são manipuladas de forma a dar brotos de uma maneira mais rápida para então serem consumidas nas refeições.

Especialistas afirmam que o processo não tem restrições e deixa a alimentação mais nutritiva, já para os adeptos, as sementes germinadas fazem brotar saúde na vida daqueles que as consomem. Trata-se de um processo simples, porém cheio de benefícios para a saúde, conta a fisioterapeuta Rosane Fernandes de 57 anos.  “Me tornei adepta da alimentação com sementes germinadas há mais ou menos um ano. Utilizo os brotos para fazer saladas e suco verde todos os dias. Desde então, senti uma grande melhora em minha digestão. Mas não é só isso, no passado tive uma depressão e por isso tomei remédios durante algum tempo, mas só após essa dieta percebi que nunca mais tive nenhum sintoma. A fibromialgia também cessou e meu remédio para pressão teve que ter a dosagem diminuída porque ficou extremamente controlada”, comemora a fisioterapeuta.

A germinação feita em casa é um processo geralmente mais rápido do que a feita na terra. Mas segundo Rosane, também existe o fator satisfação, principalmente para pessoas que, assim como ela, amam a natureza e através dessa prática podem acompanhar o processo da semente se potencializando enquanto alimento. “Aprendi por curiosidade e não foi difícil encontrar informação porque esse é um assunto que está na moda e tem muita coisa disponível. Faço para o meu próprio consumo, para ter uma dieta saudável, pois os produtos orgânicos hoje estão muito caros. Assim eu consigo comer bem sem gastar tanto. Moro em apartamento, não tenho espaço para horta, mas consigo germinar sementes em pequenos potinhos. Além de tudo é muito saboroso, fresquinho, basta temperar bem, com azeite, orégano, tomilho, shoyu ou o que mais o paladar preferir”, ensina Fernandes. 

Na década de 1980, na Califórnia, Ann Wigmore escreveu vários livros a partir de sua experiência pessoal e pesquisas sobre o assunto. De origem romena, era uma mulher comum, dona de casa, que adoeceu gravemente e resolveu buscar na alimentação a sua cura.“Conheci esse tipo de alimentação através do Terrapia de Promoção da Saúde da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), que baseia-se na vitalidade dos alimentos, priorizando orgânicos, recém-colhidos e germinados. Estava buscando formas diferentes de me alimentar e ali descobri um mundo que não tinha ideia que existia. Fiz todos os cursos oferecidos na época e me formei como educadora em alimentação viva. Dois anos depois, a então fundadora se aposentou e eu assumi a coordenação-geral do projeto”, lembra a educadora Cynthia Brant. 

A educadora em alimentação viva Cynthia Brant buscava formas diferentes de se alimentar quando conheceu um projeto de promoção de saúde na Fiocruz e descobriu um mundo de delícias saudáveis

Foto: Divulgação

Em 2015, o Terrapia passou a integrar os Programas Fiocruz Saudável e hoje é uma referência em alimentação viva no país, que recebe e orienta novos integrantes, visitantes e estagiários, em oficinas, cursos e vivências, além de promover eventos, convênios e parcerias. Muitas pessoas buscam a alimentação viva como forma de cura, e, segundo Cynthia, principalmente como um resgate a uma forma mais natural de se alimentar. De acordo com a educadora, qualquer pessoa pode germinar e fazer alimentação viva em casa, sem necessidade de muitos utensílios ou estrutura. “Usamos uma tabela, com os grupos de alimentos que comemos, classificada pelo que tem mais vitalidade, que comemos mais, até o que tem menos vitalidade, que comemos menos. Nesse contexto, a semente germinada é o alimento com maior vitalidade na natureza. Nela, a vida que estava “adormecida” desperta para nutrir uma nova vida que vai ser gerada. Com isso, os nutrientes se potencializam. Depois de germinadas, as sementes são usadas em deliciosos pratos como queijos vegetais, risotos, panquecas, lasanhas, moquecas, tortas doces, salgados, sorvetes, entre outros. Hoje tenho até um ateliê de culinária natural onde dou aulas para grupos e faço consultorias” destaca Brant. 

 O processo de germinação garante ao alimento maior qualidade nutricional. Em sua composição, os brotinhos têm maior teor de água, vitaminas e minerais, além disso, são mais facilmente digeridos pelo organismo, regenerando a flora intestinal, ressalta a nutricionista Giselle Baptista. Segundo ela, os grãos que mais servem para esse fim são o  feijão, quinoa, alfafa, arroz, cevada e trigo.