![]()
Édward Romaan é adepto da carne vegetal, que serve de estímulo para reafirmar sua decisão pelo veganismo
Foto: Douglas Macedo
Um dos primeiros questionamentos quando se começa uma dieta vegetariana ou vegana é a falta que a carne pode fazer. A proteína é um nutriente importante para o nosso corpo por desempenhar funções essenciais como defesa e proteção celular, construção de novos tecidos, preservação da massa muscular esquelética e redução do catabolismo proteico.
Porém, o consumo de proteínas vegetais tem sido muito estudado atualmente devido à busca por uma alimentação mais natural e a uma melhor qualidade de vida. Os benefícios do consumo destas proteínas se deve a uma melhor digestibilidade, quando comparadas às proteínas animais.
“Os principais ingredientes da carne vegetal industrializada são glúten do trigo e a proteína texturizada de soja. As receitas caseiras de carne vegetal podem levar outros ingredientes como base, como cogumelos, tofu e outras leguminosas, como feijões, grão-de-bico e lentilha com a proposta de oferecer parte da proteína da refeição ou até hortaliças ou frutas, como exemplo a carne de jaca, um substituto gourmet, porém não nutricional do frango desfiado”, declara a nutricionista Isabela Pinheiro.
Alguns mitos, no entanto, rondam a carne vegetal e podem criar falsas expectativas nos consumidores. De acordo com a nutricionista Orion Araújo, para que a proteína vegetal supra a proteína da carne, é necessário que a pessoa tenha um plano alimentar equilibrado e saudável ao longo do dia para, assim, o corpo se aproveitar de todos os nutrientes presentes nas verduras, legumes, grãos, raízes, frutas e integrais.
“Quanto maior a oferta de alimentos saudáveis, maior será o aproveitamento destes nutrientes pela nossa flora intestinal. Não adianta a pessoa comer carne diariamente, mas se ‘entupir’ de produtos industrializados e ‘danificar’ a flora. A vitamina B12, presente em maiores concentrações nas proteínas animais e principalmente na carne vermelha, deve ser monitorada através de exame de sangue em pessoas que adotam esta alimentação isenta de proteína animal. Caso a pessoa apresente uma baixa concentração plasmática desta vitamina, é necessária a suplementação. Isso, quem decide é o médico junto ao nutricionista”, adverte Orion.![]()
Hambúrguer vegano é uma das opções sem carne que faz a cabeça dos vegetarianos
Foto: Divulgação
Em Niterói, o mercado vegano e vegetariano vem crescendo cada vez mais. No final do ano passado, o No Bones, primeiro açougue vegetariano e vegano da cidade abriu suas portas. A proprietária, Vânia Peres, acredita que, devido à escassez de produtos veganos e carnes vegetais, a ideia foi elaborar e oferecer novas opções saborosas.
“Acredito que o primeiro desafio do nosso açougue vegano é desmistificar o que é veganismo ao público, visto que muita gente ainda não conhece o termo e a causa. E, depois, convencer que há possibilidade de preparar carnes vegetais tão saborosas quanto as de animais”, conta.
O local conta com diversos tipos de hambúrgueres premium, salsichas, linguiças, nuggets, cortes especiais, além de espetinhos e produtos para churrasco.
“Atualmente temos mais de 20 itens de fabricação própria. O consumo de produtos, como salsicha, linguiça, bacon e presunto, aumenta o risco de câncer do intestino em humanos, segundo relatório da OMS. Já as carnes vegetais, além de serem mais leves e saudáveis, evitam também o sofrimento de animais”, pondera Vânia.
O artista e agrônomo Édward Romaan, de 37 anos, decidiu seguir a ideologia do veganismo e diz estar passando por uma experiência enriquecedora, pois já vem percebendo a melhora na sua imunidade e disposição. Édward encontrou na “carne sem carne” um estímulo para reafirmar sua decisão vegana.
“Os pratos como a picanha vegetal, por exemplo, são supersaborosos, e os nomes criativos fazem com que as pessoas carnívoras se interessem e se aproximem do veganismo”, acredita o agrônomo.
Camila Cardoso entrou no empreendedorismo da culinária vegana por curiosidade, já que tinha tentado algumas vezes parar de consumir carne, mas sentia muita dificuldade. Com a sua plataforma Gaia Vegan, ela vende lanches que se assemelham à carne vegetal.
“Acredito que se alimentar também tem a ver com a nossa memória afetiva, por isso grande parte das pessoas sente tanta falta. Com isso, a carne vegetal acaba suprindo a falta de algo que já estávamos habituados, já que nossa cultura em geral gira em torno da carne”, diz.
Carne sem carne
Tpografia
- Mínimo Pequeno Médio Grande Gigante
- Fonte Padrão Helvetica Segoe Georgia Times
- Modo Leitura