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Turismólogo e mochileiro Igor Galli coleciona passaportes: ele tem carimbadas passagens por 173 países
Foto: Divulgação
Viajar pelo mundo é um sonho de muitas pessoas. Brilhar na Times Square, em Nova Iorque, passear de camelo próximo às pirâmides de Gizé, no Egito. Conhecer uma tribo aborígene na Austrália. Essas e outras aventuras fazem parte do diário de bordo do turismólogo Igor Galli, de 35 anos, que visitou 173 países, se tornando o homem mais viajado da América Latina. De acordo com o ranking por idade feito pelo portal The Best Traveler, ele está, também, entre os TOP 100 do mundo, ocupando a 69ª posição.
Para onde foi sua primeira viagem internacional? Quantos anos tinha e por que escolheu o destino?
Minha primeira viagem internacional foi aos 15 anos, quando fui para Disney, nos Estados Unidos. Na época, eu tinha alguns parentes que moravam no país, fiquei um mês na casa deles e passeando. Lá percebi que o mundo é grande demais para ficarmos em um lugar só, desde então comecei a fazer planos de conhecer o mundo e viajar mais e mais. Mas só aos 22 anos, quando fui para Inglaterra, dei o start na meta de percorrer o mundo.
De onde surgiu essa paixão por viagens?
Eu acho que sempre tive essa paixão, nasceu comigo (risos). Eu sou de Goiânia, Goiás. E como fazem muitas famílias goianas, eu e meus pais passávamos férias às margens do Rio Araguaia, próximo à cidade de Aruanã. Eu tinha três meses de vida quando me levaram pela primeira vez.
Qual lugar foi inesquecível?
A melhor experiência de viagem que tive foi quando morei por dois meses em uma tribo aborígene no norte da Austrália. Eu fui a convite de uma garota que conheci em Bali. Ela era contratada pelo governo australiano para ensinar a língua inglesa aos nativos. Quando cheguei à tribo, fui batizado com o nome de Kela pelo povo e me casei com a garota. Nesses dois meses, comi carnes de iguana e búfalo, típico entre eles, além de ter muitas outras experiências culturais que me chamaram a atenção. Um exemplo é o rito entre irmãos. Numa tentativa de evitar o incesto, quando chegam à adolescência, os irmãos não podem conversar uns com os outros. Então, sempre que precisam se falar, passam o recado para alguém que transmite para o outro irmão.
Talvez você tenha ido a algum lugar onde as impressões não tenham sido as melhores. Qual? Por quê?
Há alguns países que visitei e não gostei tanto assim, como Bangladesh, na Ásia. A capital Daca é muito populosa, tem muito lixo nas ruas e me senti um pouco inseguro. Ainda na Ásia, também não gostei muito quando fui ao Kuwait. Não me identifiquei muito também com outros países como Bahrein e Catar. Apesar de serem ricos pelo petróleo e com cidades modernas, de um urbanismo muito próximo ao ocidental, as pessoas são muito fechadas. Quando fui à África, não gostei de visitar o Chade e Níger, no centro-norte do continente. São países muito violentos e não me senti seguro.
Viajar não é algo muito barato. O que você fez para conseguir percorrer o mundo desse jeito?
Viajar não é barato, mas todas as pessoas podem viajar. O principal é ter coragem. Tem gente que é milionária e não viaja por falta de tempo. E tem gente que não tem muito dinheiro, como eu, e conhece muitos lugares legais. A questão não é o dinheiro, ele vai te dar apenas mais conforto. Você pode muito bem viajar com uma bicicleta e uma barraca. A diferença é que quem tem dinheiro vai de avião ou outros meios. No meu caso, sou mochileiro. E o que me possibilita viajar hoje é que, no tempo em que fiquei na Inglaterra, trabalhei duro por alguns anos, guardei dinheiro e depois investi em alguns imóveis. E isso me dá uma renda mínima hoje para seguir com as viagens.
Teve espaço para o coração durante as viagens?
Teve sim, com certeza. Quando viajamos, o coração fica muito propenso a se apaixonar, o coração abre muito. Eu fiquei cinco meses com uma venezuelana, 10 meses com uma alemã, e já tive namoricos com uma garota da Letônia e uma da Holanda. Me casei com uma australiana. Ficamos juntos por seis meses, mas ela faleceu no acidente com o voo MH17 que foi atingido por um míssil, na Ucrânia.
Após passar por tantos lugares, o que você aprendeu sobre o mundo? E sobre a humanidade?
O mundo é muito mais seguro do que as pessoas imaginam. A América Latina é um dos lugares mais perigosos do mundo, mas tem muitos outros lugares tranquilos pelo planeta. Agora, o Iran, que todo mundo pensa ser perigoso, é um país de povo acolhedor e tranquilo. Viajando, a gente quebra muitos paradigmas. A maior lição que trago é sobre a humanidade. Percebo, que quanto menos dinheiro as pessoas têm, menos ainda elas precisam. Acho que as pessoas mais ricas são as mais egoístas. Eu sou mochileiro e quando estou viajando as pessoas que mais me ajudam são as mais humildes. Outra observação é que quanto menor a cidade, mais receptivas são as pessoas.
Cidadão do mundo
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