De olho nos astros

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Marcella Moreira fez seu mapa astral quando tinha 7 anos e desde então confia nele para entender os traços da sua personalidade. Ano passado a jovem decidiu tatuar o símbolo do seu signo. Anna Castilho recorre ao horóscopo diário para o autoconhecimento e Fabrycio Azevedo admite confiar no signo para tomar algumas decisões

Fotos: Lucas Benevides / Arquivo pessoal

Muito relacionada a videntes e bolas de cristal no imaginário popular, a astrologia tem lutado ao longo dos anos contra a imagem do “charlatanismo” e, agora, tem um novo aliado: os jovens. Com o acesso rápido à informação, as novas gerações estão redescobrindo esta ciência. A estudante Anna Castilho, de 21 anos, recorre ao seu mapa astral e ao horóscopo diário para autoconhecimento. O também estudante Fabrycio Azevedo, 21, admite que confia nos signos na hora de tomar decisões amorosas e avisa brincando: “Quem for de Leão deve ficar longe!”

O astrólogo José Maria Gomes explica que a astrologia também é muito procurada em momentos difíceis, em que a pessoa não consegue encontrar uma explicação para o que está acontecendo na sua vida. “A astrologia traz a sensação, ou percepção, da existência de uma ordem perfeita no universo, por trás do caos aparente em que a maioria das pessoas vive, e nos dá direções em épocas de crises”, pontua. 

Fabrycio, que conheceu a astrologia através de uma comunidade no Orkut, é um exemplo disso e admite que recorre a ela para amparo espiritual. “Essa categoria de signo astrológico foi muito importante para mim, que nunca fui religioso ou participei de grupos, porque pude me identificar com algo”, explica. 

Mesmo assim, José Maria explica que a astrologia não deve ser confundida com uma religião. “Astrologia não é crença nem religião, trata-se de um saber que tem o sabor da experiência de mais de 5 mil anos”, afirma. “Eu sempre digo que astrologia não é para acreditar, é para estudar”, completa.

Outro mito que envolve a astrologia até hoje é relação com a vidência. “A astrologia encerra uma espécie de alta tecnologia de ponta da mente, tão sofisticada, que é capaz de revelar algumas idiossincrasias que só a pessoa reconhece. Então, se pergunta: como assim? É, parece magia, vidência, mas não!”, define o astrólogo. 

Porém, se a astrologia não é crença, não é vidência, afinal, o que ela é? Segundo José Maria, é o estudo das posições dos astros e suas consequências em eventos na Terra, como o nascimento de alguém. “Trata-se, portanto, de correlacionar eventos físicos objetivos, compartilhado por todos, com o tempo particular e subjetivo de cada indivíduo, de onde, a partir da observação, constrói sua base simbólica para interpretação”, explica ele. 

Na prática isso quer dizer que a posição dos planetas no momento em que alguém nasce tem relação direta com suas “possibilidades” em vida, como pode ser sua personalidade e os caminhos que ela pode cruzar. Essas tendências podem ser observadas no mapa astral, que consiste na representação gráfica do céu no instante de um nascimento. A estudante de Direito Marcella Moreira, 20, conta que fez seu mapa aos 7 anos, e que até hoje confia nele para entender traços de sua personalidade. Em 2015 a jovem tatuou o símbolo do seu signo, sagitário. 

José Maria explica que os aspectos estipulados pelo mapa astral são apenas possibilidades, e que a partir delas cada um seguirá o seu caminho. “O mapa astrológico funciona como um ‘guia’, ali têm estradas, mas não está escrito se a pessoa vai trilhar ou não aqueles caminhos,” pontua o astrólogo. “Podemos dizer, então, que o mapa simboliza o campo de possibilidades infinitas do céu nas finitas possibilidades de autorrealização de um ser humano”, acrescenta. 

 

Foto: Divulgação

Marcella admite, entretanto, que não acredita muito no horóscopo diário. O astrólogo José Maria explica o porquê disso acontecer: “Não se pode dividir a humanidade inteira em ‘12 tribos’ e dizer com exatidão o que se pode esperar acontecer a essas pessoas, até porque o principal papel da astrologia, no meu entender, não é fazer previsão, se não uma ‘consideração’ sobre as possíveis situações internas, que levam as pessoas a viver o que estão vivendo”. 

Já Anna Castilho conta que se sente mais segura com a leitura de tarô. “As cartas estão ali, elas falam alguma coisa”, argumenta. José Maria relembra, entretanto, que embora próximos, a astrologia e o tarô são bem diferentes. “ O tarô não encontra correspondência com eventos físicos e objetivos na natureza. É um método intuitivo e divinatório, muito rico em simbolismo esotérico e hermético, muitos deles derivados da própria astrologia,” explica Gomes.

Seja para conforto em momentos de crise, para autoconhecimento ou mesmo para checar a compatibilidade com um interesse amoroso, a astrologia está presente no dia a dia de muita gente. O primeiro contato costuma acontecer através do horóscopo. “Mas é importante tomar cuidado com estereótipos e definições muito genéricas”, adverte José Maria Gomes. Para quem quer saber um pouco mais sobre seu signo, o astrólogo compartilhou algumas definições do zodíaco.