Dezembro laranja

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Câncer de pele é o mais frequente no Brasil

Foto: Divulgação

Há quem espere com ansiedade pelo verão e não dispense aquele bronzeado, mas os efeitos do sol podem se tornar um grande vilão. A Organização Mundial da Saúde (OMS) prevê que, até 2030, 27 milhões de pessoas no mundo terão câncer. O tipo mais frequente no Brasil é o de pele, responsável por 30% de todos os tumores malignos por aqui registrados, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca). Ou seja: aquela famosa pele dourada pode custar caro.

Somente no ano passado, o Inca registrou 176 mil novos casos de câncer de pele não melanoma, o tipo mais frequente, que ocorre, principalmente, em pessoas de pele clara, após longa exposição aos raios solares. Pensando nisso, a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) promove o Dezembro Laranja. De acordo com o presidente da SBD, José Antonio Sanches, a campanha, iniciada em 2014, tem o intuito de conscientizar a população sobre os riscos que o sol oferece à pele.

“Queremos divulgar para a grande população esse conjunto de atitudes essenciais para que essa exposição prolongada não traga problemas de saúde”, salienta José Antonio.

O Dezembro Laranja tem forte atuação na internet, pelo site da sociedade e suas redes sociais, com a divulgação de dicas que ajudam a evitar a maior incidência do câncer de pele. Durante todo o verão, sob o slogan “Se exponha, mas não se queime”, as hashtags #DezembroLaranja e #ControleoSol poderão ser compartilhadas. Ainda são realizadas ações em praias e ruas. Em Niterói, O Hospital Universitário Antonio Pedro entra no circuito, oferecendo, gratuitamente, exames preventivos.

“A maior exposição aos raios ultravioletas, por morarmos em um país tropical, favorece a grande incidência de câncer de pele. Os raios estão cada vez mais intensos e o maior fator de risco para a doença são as queimaduras causadas pelo sol”, é o que explica o oncologista clínico Frederico Muller, do Hospital Fundação do Câncer. 

Segundo o especialista, a falta de cuidados nesse sentido pode resultar no câncer de pele não melanoma, do tipo carcinoma basocelular e carcinoma epidermóide. Esse último é o que mais atinge a população brasileira, mas tem altas taxas de cura, se descoberto e tratado no início.

“A cirurgia é o tratamento mais indicado. O carcinoma basocelular de pequena extensão pode ser tratado com pomada ou radioterapia e exige, geralmente, combinação de cirurgia e radioterapia. Alguns fatores como a idade e estado geral do paciente, extensão e localização do tumor são levados em conta no momento da decisão terapêutica”, explica Dr. Frederico. 

Existe também o câncer de pele melanoma, que corresponde apenas a 4% daqueles considerados malignos. No entanto, este é o mais grave, devido à grande possibilidade de metástase. Para esse tipo, o especialista informa que a cirurgia é o melhor caminho, mas que, dependendo do estágio da doença, pode ser feita a radioterapia e a quimioterapia. 

Alguns sinais devem ser observados com atenção, pois podem indicar a manifestação da doença. Um deles é algum tipo de ferida na pele que não cicatriza. Variações de cor de sinais que já existiam também merecem atenção. Manchas que coçam, sangram ou pintas com bordas irregulares podem significar algo. Foi assim que Carlos Alexandre Poggio, de 58 anos, descobriu um não melanoma carcinoma basocelular, há dois anos. O surfista e pedagogo ficava exposto ao sol durante todo o dia, sem nenhum tipo de proteção. De acordo com ele, ao consultar um cirurgião, foi informado de que a doença era resultado de falta de cuidados há 30 anos.

“Percebi uma pinta estranha no rosto, que sangrou, um pouco maior que um cravo. Fiz a biópsia e já estava um pouco maior, parecia um caroço de feijão”, conta o pedagogo, que hoje se previne e tem cuidados com a pele maiores que anos atrás. Seu protetor solar tem filtro de proteção 80 e é usado até para luzes fluorescentes. O surfista também faz uso de camisas de manga comprida de lycra que combatem os raios ultravioletas. Ele também só se expõe ao sol nos horários recomendados, antes das 10h e após as 16h. 

Mesmo com a mensagem de “use protetor solar” sendo entoada com grande frequência, essa prática ainda é pouco utilizada pelos brasileiros. Prova disso é um estudo inédito feito pela SBD e pelo DataFolha, apontando que 63% da população não usa protetor no dia a dia. Além disso, 106 milhões de pessoas se expõem ao sol intencionalmente durante o lazer, 70% desse total são brasileiros acima de 16 anos. Mais que 4% da população, ou seja, 6 milhões de adultos, não se protegem de nenhuma maneira quando estão nas praias, piscinas, cachoeiras ou afins.

“Precisamos do sol para fazer metabolismo de vitamina D, estimular nossas células, mas não pode deixar queimar”, aconselha a dermatologista.

Grupo de risco:

- Alguém na sua família já teve câncer de pele?
- Você tem mais de 50 pintas no corpo?
- Tem muitas sardas?
- Você já teve mais de 6 queimaduras de sol durante a vida, daquelas que a pele fica vermelha e ardendo?
- Tem a pele muito clara e nunca fica bronzeada?
- Está com alguma ferida que não cicatriza?
- Tem alguma pinta que está mudando de cor ou formato?
- Tem mais de 65 anos?