Doce do bem

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A nutricionista Carla Pires, adepta do xilitol no café

Lucas Benevides
 

Em busca de uma vida mais saudável, muitas pessoas decidiram abdicar do uso do açúcar e, hoje, adotam o adoçante como produto de substituição. Tanto a stevia quanto o xilitol são exemplos de adoçantes naturais que resistem a altas temperaturas. A sucralose, por sua vez, é um adoçante artificial, com estudos que indicam ser um produto quimicamente instável.

Para a nutricionista Carla Pires Bogea, a melhor opção, em termos de custo-benefício, é a stevia, que é extraída de uma planta cujo produto recebe o mesmo nome. O adoçante apresenta benefícios funcionais que ajudam não só no controle do açúcar, mas também no da pressão, além de apresentar efeito anticáries. Não há estudos que contraindicam a stevia, o único problema é o paladar.

“Ela tem o gosto muito ruim para algumas pessoas. Eu mesma uso adoçante há bastante tempo e tenho dificuldade com a stevia. É um adoçante resistente a altas temperaturas, então, é interessante se for usado para preparar algumas coisas com ele,  um bolo ou alguma receita que leve ao forno, por exemplo”, indica a nutricionista.

Regina Hosken, de 60 anos, é aposentada e confessa que decidiu largar o açúcar pela preocupação com a glicose, que tende a aumentar com a idade.

“Minha glicemia começou a chegar no limite, tava dando sempre 90, 88, então, antes que eu tivesse um problema, passei a usar o adoçante, o mínimo sempre, e também só para o café, porque dizem que não faz muito bem também, então a gente fica em um beco sem saída, essa é a verdade. O motivo de ficar longe do açúcar não passa pela estética, mas pela saúde. Corro 5 km todo dia. O exercício físico controla a glicose, o colesterol, então, encontrei a corrida como alternativa para não ter que tomar remédio”, revela Regina, que consome stevia e, às vezes, sucralose por dificuldade de adaptação. “É horrível, não adoça nada, e ainda amarga um pouco, por isso, uso sucralose, mas estou procurando evitar e me acostumando a colocar stevia no café”, desabafa a aposentada.

De acordo com Carla Pires, as pessoas precisam ter cuidado, já que é comum algumas marcas venderem ciclamato e sacarina sódica (adoçantes artificiais que não são mais indicados) misturados à stevia. Então, é importante verificar os ingredientes na embalagem antes de comprar o produto.

Segundo a nutricionista, a stevia adoça 300 vezes mais que o açúcar, portanto, a quantidade necessária para adoçar é muito pouca, ou seja, é um produto que rende. Já o xilitol adoça 60% mais que o açúcar, mas ainda é muito caro no Brasil.  

“É derivado de álcool e, se for usado em muita quantidade, pode causar desconforto gástrico, como diarreia e gases, porque não é absorvido pelo intestino. Entretanto, não existe nenhum estudo que mostre qualquer efeito colateral do xilitol”, explica a nutricionista.

Gabriela Valentim e Ana Carolina Cardoso, criadoras do ItFit Culinária Funcional, que faz doces sem açúcar

Lucas Benevides

Carla conta ainda que, hoje em dia, o xilitol é muito mais fácil de ser encontrado, embora não tanto quanto a stevia, encontrada em qualquer farmácia. O xilitol é vendido em qualquer loja de produto natural.

Gabriela Valentim, de 31 anos, é engenheira e sempre foi adepta de uma alimentação saudável. A vontade comer doce, no entanto, fez com que ela começasse a procurar os melhores ingredientes para fazer receitas. 

“Decidi largar o açúcar porque favorece o ganho de peso, além de fazer mal à saúde. Por isso, comecei a usar o xilitol, foi o que eu achei mais adequado”, desabafa Gabriela, que, junto com uma amiga, a advogada Ana Carolina Cardoso, de 29 anos, criou a “ItFit Culinária Funcional”, que vende brownies e bolos low carb. “A gente decidiu fazer alguns doces porque vimos que, no mercado, a maioria dos produtos fitness era uma enganação. Depois que eu lia os ingredientes, até desistia. O xilitol foi o adoçante que a gente achou para substituir o açúcar com mais benefícios. Ele tem um paladar semelhante ao açúcar, coisa que a gente não consegue com outros tipos”, aponta.

A sucralose já foi o adoçante número um dos nutricionistas e, hoje, apesar do preço acessível, não é mais indicado por eles.  

“Ela já foi a nossa vedete. É feita a partir do açúcar de cana e leva moléculas de cloro, que permitem que ela seja absorvida pelo organismo, então, teoricamente, seria totalmente eliminada. Adoça 600 vezes mais que o açúcar e praticamente não tem calorias.

Apesar da Food and Drug Administration (FDA) – órgão que fiscaliza alimentos e remédios nos Estados Unidos – aprovar os três adoçantes, segundo Carla Pires, alguns estudos isolados apontam efeitos tóxicos da sucralose.

“Não precisa ser levada ao forno, simplesmente o fato de adicioná-la em um café quente já libera compostos tóxicos, inclusive cancerígenos ou neurotóxicos. Então, é um adoçante que não pode ser levado em altas temperaturas. Prescrevo xilitol para todo mundo”, brinca a nutricionista.

Profissionais indicam o adoçante, mas também podem preferir o açúcar de coco ou o agave, produtos com valor calórico, mas que também têm características positivas. O adoçante é indicado quando o paciente tem que controlar a glicemia ou uma restrição do colesterol. Além disso, os três adoçantes podem ser consumidos por gestantes, hipertensos e diabéticos, por exemplo.

“Se o paciente quer um produto melhor, indicamos o xilitol. Se ele não tiver rejeição ao sabor da stevia, a indicamos, porque é um produto mais antigo no mercado. É mais garantido que, ali na frente, não surjam efeitos colaterais, enquanto o xilitol pode surgir lá na frente”, pondera Carla.