Em busca da cura

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Expectativa da medicina é que até 2025 a qualidade de vida dos pacientes diagnosticados com as doenças genéticas seja semelhante à rotina das pessoas saudáveis

Foto: Divulgação

Os avanços da ciência e da tecnologia tendem a beneficiar a humanidade nos próximos anos de forma promissora. Uma das provas desse progresso são os resultados positivos que as pesquisas científicas vêm alcançando, o que aumenta as possibilidades de cura para várias patologias graves. A expectativa da medicina é que até 2025 a qualidade de vida dos pacientes diagnosticados com doenças genéticas, crônicas, infectologias, cardiovasculares e quadros cirúrgicos seja semelhante à rotina das pessoas saudáveis. Diante deste cenário tão promissor e avaliando as principais descobertas médicas, listamos dez tratamentos que prometem revolucionar a saúde na próxima década.

Câncer

Imunoterapia: Divulgado há dois anos na Conferência da Sociedade Americana de Oncologia, em Chicago, o procedimento chegou recentemente ao Brasil e vem possibilitando o tratamento de tumores que a quimioterapia não é capaz de combater. A técnica atua estimulando o sistema imunológico do paciente. A expectativa é que nos próximos anos o custo reduza significativamente a fim de permitir que os pacientes da rede pública tenham acesso. “Como os oncologistas americanos e europeus já estão criando medidas de financiamento para comercialização da imunoterapia nos demais países, futuramente o governo federal poderá articular diretrizes para incorporar a tecnologia no Sistema Único de Saúde”, afirma a oncologista Clarissa Baldotto.

Medicina personalizada: Considerado um dos tratamentos mais revolucionários da medicina moderna, a técnica visa tratar a saúde do paciente de maneira exclusiva, levando em conta todo seu histórico clínico. Por meio de uma amostra, os especialistas conseguem codificar os genes e rastrear o mapa genético de cada um, avaliando a evolução do problema em até 200 tipos de mutações. “A promessa para os próximos anos é que através do progresso da medicina personalizada, todos os tipos de câncer hereditários sejam combatidos. Hoje, a maior parte dos testes já pode ser realizada no Brasil, mas temos que estar atentos à qualidade dos laboratórios para chegar aos resultados desejados”, assegura Clarissa.

Doenças genéticas

Banco de dados de DNA: Com funções biológicas capazes de analisar 80% do genoma humano, o mapa de comando genético é a grande promessa da ciência para o tratamento de uma série de problemas que vão desde a perda de cabelo até o câncer hereditário. A técnica foi desenvolvida com o objetivo de explicar como as variações genéticas afetam as defesas do organismo por meio da relação de genes entre pessoas da mesma família. “Esse avanço possibilita a compreensão do sistema imunológico humano. Assim, a medicina pode avaliar a evolução das doenças e caminhar no sentido inverso, encontrando medidas viáveis de prevenção e tratamentos específicos”, explica a médica Odilza Vital.

Epigenética: Definida como a ciência que explica características clínicas e modificações externas e internas dos organismos, é uma técnica antiga que está evoluindo no Brasil. Estudos atuais mostram que os resultados obtidos em procedimentos clínicos foram capazes de impedir que uma doença desencadeada por um determinado gene se manifestasse. “A engenharia genética pode, através de diversos processos, silenciar um gene que se traduziria em doença clínica como câncer, diabetes, doenças cardiovasculares, reações imunológicas, entre outras. Por isso, é considerado um tratamento revolucionário dentro da medicina moderna”, esclarece Odilza, que já participou de congressos sobre o tema.

Doenças cardiovasculares

Moléculas da Grapefruit: Estudo da Universidade de Glasgow, no Reino Unido, comprovou que os flavonoides, partículas presentes no pomelo, podem contribuir para o tratamento contra doenças cardiovasculares. Segundo cientistas, a ação das moléculas cítricas é eficaz na diminuição de uma inflamação responsável por patologias cardíacas fatais. “A Organização Mundial da Saúde prevê que 23,3 milhões de pessoas morrerão de doença cardiovascular até 2030, entretanto, o resultado da pesquisa pode contestar essa estimativa”, atesta o cardiologista Antony Vasconcellos.

Laudo You Cardio: Indicando prováveis enfermidades que o paciente pode desenvolver, a técnica atua de forma preventiva, possibilitando o diagnóstico precoce e as estimativas de evolução da doença. Por meio de análises no núcleo das células, o estudo realiza uma investigação no histórico genético do paciente e avalia a predisposição do organismo para combater a patologia antes mesmo de atingir um quadro grave. A expectativa é que o laudo identifique prematuramente as chances de infartos.

Aids

Superanticorpos: Pesquisa do Instituto Nacional de Saúde dos EUA comprovou que alguns pacientes contaminados pelo vírus HIV têm propriedades no sangue capazes de neutralizar a ação da doença. “A ciência ainda está avaliando os efeitos colaterais desse tipo de tratamento, mas é possível que, em breve, essa terapia chegue aos laboratórios”, avalia a infectologista Isabel Tavares.

Cura esterilizante: A paralisação do vírus HIV no corpo humano por meio de anticorpos neutralizantes que reduzem a carga do vírus no sangue dos pacientes infectados é a principal linha de pesquisa de um grupo de cientistas americanos. A terapia está sendo desenvolvida através de uma molécula artificial que se liga ao vírus e impede que ele reconheça as células saudáveis.

Cura funcional: Um estudo avançado que visa suprir a carga viral do HIV mantendo-o abaixo do nível de detecção avalia a eficácia de um tratamento sem o uso de antirretrovirais. Neste tipo de procedimento, o vírus não é eliminado do corpo, mas é efetivamente controlado sem risco de transmissão. “Uma cura para a infecção pelo HIV é um dos principais objetivos da pesquisa científica atual. Considerando que a Aids é uma doença que surgiu há apenas 34 anos, podemos observar que a medicina vem progredindo e logo chegará ao seu propósito”, assegura Isabel.

Transplante facial

Facial: Após a medicina criar mais de 30 tipos de cirurgias, o transplante de rosto é a proposta mais inédita dos últimos tempos. A técnica conecta vasos e nervos da face do doador com o sistema corporal do paciente receptor. O transplante foi desenvolvido para reestruturar a pele, a gordura subjacente, o músculo, a cartilagem e as artérias de pessoas que tenham sofrido algum tipo de acidente. Desde 2005, cerca de 20 pacientes se submeteram ao procedimento em todo o mundo. “No Brasil, o método ainda está em fase de estudos e é testado somente com transplante entre cadáveres. Possivelmente, nos próximos anos, as possibilidades de risco serão eliminadas e a operação será realizada em seres humanos com extrema segurança”, afirma o cirurgião Leonardo Figueira.