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O médico Evandro Tinoco lembra que o procedimento pode evitar futuras cirurgias

Foto: Divulgação

Os avanços tecnológicos estão cada dia mais presentes em nossas vidas, principalmente na medicina. Uma das novidades são os stents bioabsorvíveis, utilizados na desobstrução das artérias, a angioplastia. Os stents são feitos de um tipo de plástico especial (um polímero) de uso biológico. Em contato com a parede dos vasos sanguíneos, o material reage quimicamente, transformando-se em água e dióxido de carbono, com o objetivo de deixar os vasos livres das placas de gordura e do próprio stent, que serviu de “molde” quando foi implantado. 

Uma vez implantado nos vasos entupidos, o stent bioabsorvível “empurra” as placas de gordura, desobstruindo os vasos e normalizando o fluxo sanguíneo. Após seis meses, o dispositivo começa a ser absorvido pelo organismo e, em até dois anos, desaparece (dentro de seis a nove meses, os vasos não precisam mais de moldes para se manterem abertos). O fato de ser absorvido é a grande diferença entre esse stent e os demais.

O médico Evandro Tinoco, diretor clínico do Pró-Cardíaco, diz que desde fevereiro só foram realizados quatro procedimentos com o novo dispositivo, e que os pacientes estão em ótimo estado de saúde. Segundo ele, quanto mais jovem for o paciente, maior o tempo de convívio com a doença cardíaca e esse dispositivo, pela absorção, evita a necessidade de cirurgias futuras pelo mesmo motivo.

O médico afirma que antes de decidir sobre a implantação do stent é preciso certificar-se de que o procedimento de desobstrução da artéria coronária esteja corretamente indicado. O paciente deve ser avaliado em situação de isquemia coronária (falta de oxigênio no músculo cardíaco) espontânea por dor no peito ou induzida por exames não invasivos, como teste de esforço ou cintilografia miocárdica, devido à obstrução da artéria do coração identificada pelo cateterismo cardíaco. Também influenciam a escolha pelo procedimento, características da placa aterosclerótica (tipo e localização), que devem ser avaliadas pelo hemodinamicista e pelo cardiologista para correta indicação. 

De acordo com o especialista, em relação à escolha do stent, é preciso certificar se o paciente poderá usar a combinação de duas medicações, o AAS e o clopidogrel, que deixam o sangue menos propenso a formar coágulos. 
“Vale ressaltar que o paciente deverá usá-los por um período mínimo de um ano”, diz o médico. 

Embora o stent bioabsorvível tenha muitas vantagens sobre os metálicos farmacológicos, acredita-se que os dispositivos usados atualmente não deixarão de existir conforme o novo stent for ganhando espaço na prática médica.  

“Fundamentalmente, é o mesmo procedimento, tanto o realizado com o stent metálico quanto com o bioabsorvível”, afirma Evandro, que aponta como principal vantagem da nova tecnologia sua composição. “É composto de um polímero, um plástico especial, que em contato com a parede dos vasos reage quimicamente e é transformado, com o tempo, em água e dióxido de carbono”, acrescenta.

O Pró-Cardíaco realizou, no último dia 15, um simpósio com o objetivo de contribuir para a atualização dos profissionais da área de cardiologia, através de apresentações e debates de temas atuais, com a participação de especialistas do Brasil e dos Estados Unidos. O uso do stent foi um dos temas abordados.