Estilo pós-folia

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Por Alexandre Schnabl

Altíssimo verão ou outono-inverno? Já faz algum tempo que as estações deixaram de dar as cartas nos lançamentos de coleção; a moda virou mesmo um grande carnaval. Isso se confirmou em outubro, nas últimas rodadas dos dois principais eventos de moda do País, Minas Trend e São Paulo Fashion Week. Sinal de tempos líquidos; diversidade de propostas não falta. Pensando nesse leque de possibilidades – e considerando que o investimento em peças e looks precisa ser certeiro para dar cabo do orçamento – vale conferir as apostas na passarela. Que tal, por exemplo, incrementar o estilo no auge da temporada mais quente do ano tendo em vista as formas, cores, texturas e detalhes que sobrevivem à mudança de clima, quando o outono tardio realmente chegar? E mais: considerando que, no meio do percurso, ainda rola o carnaval, o bolso agradece. Confira as tendências que devem tomar conta das ruas nos meses que vêm a seguir, ao menos a partir da folia!

Influência dos anos 80/90, a Bob Store abraça forte o Velho Oeste em coleção que trouxe à passarela cowgirls poderosas

Foto: Divulgação/Agência Fotosite

Western

Clint Eastwood é fashion! A vibe étnica da temporada é o estilo caubói. Por isso, no sacode, nada de unicórnio, sereia, Mulher-Maravilha. Que tal uma cowgirl? Faz todo o sentido: é a influência dos anos 1980/90 na moda atual. Era um período no qual a levada country vinha e voltava. Elementos western compareceram a granel na passarela. A melhor coleção nesse tema foi a de Denise Valadares, que soube ser literal sem abrir mão do respiro, introduzindo o metalizado e caprichando no seu DNA. Já a Bob Store veio forte no tema e também fez bonito.

Lino Villaventura brincou com as nervuras

Foto: Divulgação/Agência Fotosite

Telúricos 

Como Baby do Brasil, mas sem cabelo roxo. Eles vão pintar e bordar nas ruas durante o alto verão e o outono. Estamos falando dos terrosos: texturas naturais, estampas manchadas, marrom, telha, laranja açafrão, verdes sujinhos. Lino Villaventura intercalou cores vivas com frutos da terra e o resultado deu samba: suas nervuras se encarregaram de acentuar o resto. No quesito alegoria, durante o belo desfile do Sindijoias de Alagoas, no Minas Trend, o stylist Davi Leite usou esses tons nas roupas para valorizar as maxibijus.

O azul monocromático da Osklen chega mansinho. Em Lucas Leão o tom aparece mais forte

Fotos: Divulgação/Agência Fotosite

Imensidão azul 

Parece até show de Roberto Carlos no Natal. Seja no verão senegalês de janeiro, fevereiro e março, ou quando a temperatura baixar, o azul promete. Em monocromia, color blocking ou até em estampinha que evoca a Portugal dos sonhos do rei do print Victor Dzenk. Mas nada de royal, bic, klein ou turquesa; o que conta é a delicadeza. Tonalidades suaves como anis e hortênsia se encarregam de impregnar a moda com energias singelas. João Pimenta azulou no feminino e no masculino. A Borana floriu. Patricia Motta preferiu o dégradé. Osklen e Chris Gontijo vieram levezinhos...

Manzan e um de seus looks 'neon’

Foto: Divulgação/Agência Fotosite

Neon highlights 

A onda é ressuscitar o acid house. Pump the jam, pump it up! Vermelho virou coral, verde agora é maçã ácida. Na aba de um carnaval tardio e, depois, um inverno nada bobinho, gamas pastel neon com jeito de Miami Beach são o que há! De havaiana neoneon. Para não gritar, nem ficar na virada dos 80 pros 90, a vibe é pegar o colorido flúor surfistinha e dar uma amansada nessa armação ilimitada. Uma senhora acalmada. Tudo candy. Apartamento 03 saiu do conforto do P&B e embarcou nessa. A Manzan, João Pimenta, Victor Hugo Mattos e o hypadíssimo Célio Dias, da LED, caíram dentro.

Ronaldo Fraga aposta nos zíperes, vieses e debruns. Em Apartamento 03, os babados reinam

Foto: Divulgação/Agência Fotosite

Detalhes tão pequenos de nós dois 

Às vezes são as fendas, os babados, as bainhas destroy que fazem a diferença. Bom, eles continuam aí, mas já não são novidade. Simplesmente estão. Anote no seu caderninho (ou bloco de notas do seu smartphone, porque estamos quase virando mais uma década, meu bem!): a bola da vez são os debruns, vieses e zíperes contrastantes. Antes que isso dê o que falar, já entraram nessa label tão distintas quanto Reinaldo Lourenço, Korshi, Beira, MiPinta, Apartamento 03, Studio Kalline e Ronaldo Fraga. Não dá para ignorar!  

Modem aposta na mistura da alfaiataria com o clima "danceteria"

Foto: Divulgação/Agência Fotosite

Tipo papel laminado

Não quer se entregar ao lugar comum do paetê que domina o carnaval? Ouse nas texturas metalizadas. Ouro, prata, cobre e bronze, sim, fica a dica. Bem heavy metal. Nesse viés, a Modem sai na frente, mesclando sua alfaiataria com esse espírito “danceteria”. A Manzan usou o metal no efeito da padronagem xadrez sobre a transparência.