Fitas da consciência

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As cores são usadas para a conscientização

Arte: Bárbara Pinheiro

Azul, rosa, amarelo, lavanda, roxo, cinza e preto são algumas das cores usadas para a conscientização no combate de vários tipos de câncer. A prática está sendo adotada por instituições como o Instituto Nacional do Câncer (INCA) e pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU). Outubro rosa, que visa a prevenção do câncer mama, e novembro azul, voltado para a saúde masculina com o objetivo de alertar sobre o câncer de próstata. 

As campanhas envolvendo o rosa e o azul são bem difundidas, mas outras cores também representam conscientizações de outros problemas de saúde, mas que não são tão divulgadas. Entre elas está a fita estampada com o desenho de um quebra-cabeças que representa a conscientização sobre o autismo. A lavanda representa a conscientização de câncer de todos os tipos e da epilepsia. O câncer infantil também recebe um cor específica, a dourada. Lupus e câncer pancreático recebem o roxo como forma de combate. A cor laranja está relacionada ao combate à leucemia. Já a fita vermelha é associada ao combate à Aids. 

A prática do outubro rosa começou nos Estados Unidos, na década de 90, e desde 2010 uma das instituições responsáveis pelo tratamento do câncer na rede pública no Brasil, o Inca (Instituto Nacional do Câncer) vem promovendo a campanha. O movimento tem o intuito de fazer com que as mulheres recebam informações sobre a doença e pratiquem o autoexame.

De acordo com o Inca, o foco da campanha é ampliar o nível de informação da sociedade sobre a doença, especialmente sobre formas de prevenção e detecção precoce, de modo a qualificar o debate e permitir que a população possa tomar decisões em relação à sua saúde de forma consciente, analisando os possíveis benefícios e os prováveis malefícios associados a determinadas ações ou práticas de saúde.

De acordo com a ginecologista Isis Bueno há uma procura maior por tratamento para a prevenção contra o câncer. “A campanha é válida, mas do que adianta conscientizar se exames como a mamografia chegam a demorar de quatro a seis meses para serem marcados na rede pública? O outubro rosa também deve chamar a atenção dos governantes para esses problemas”, argumenta a especialista. 

O câncer de mama é o tipo mais comum entre as mulheres no mundo e no Brasil. Números indicam que o surgimento de novos casos a cada ano chega a 25%. De acordo com o Inca, a estimativa em 2015 chega a 57.120 casos. “O câncer de mama não escolhe idade, ele acomete tanto as mulheres na faixa dos 30 anos como as acima dos 60”, alerta. “A mulher tem que ser informada sobre a prática do autoexame, que deve ser feito uma vez ao mês, preferencialmente no período menstrual. Além do autoexame, a mulher acima dos 40 anos tem que fazer a mamografia anualmente”, orienta a especialista.

Já o dia 17 de novembro foi escolhido como o Dia Mundial de Combate ao Câncer de Próstata. Criado em 2003, na Austrália, o novembro azul acontece em países como Chile e Estados Unidos. No Brasil, é o segundo câncer mais comum entre os homens perdendo apenas para o câncer de pele. O surgimento de novos casos em 2014 no Brasil chegou a 68.800.

O diretor do departamento de andrologia da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), Paulo Roberto Bastos, destaca que a instituição já promoveu eventos de conscientização em vários lugares e mídias. Bastos conta que, antes, a maioria dos pacientes que recorriam ao seu consultório já apresentava sintomas do câncer. Segundo ele, hoje, a cada dez pacientes, aproximadamente 40% procuram por exame preventivo. 

“O paciente procura porque viu na televisão, foi alertado por familiares ou amigos. Percebo que o tabu em relação ao exame de próstata diminuiu bastante”, esclarece Bastos, referindo-se aos 85% dos casos de câncer que são curados devido ao diagnóstico precoce.

“Além da campanha, é necessário ter um serviço que atenda a demanda. Quem tem câncer não pode esperar. Tem que haver agilidade no Sistema Único de Saúde (SUS) na hora de marcar e realizar os exames. Falta gerência”, afirma o diretor. “Não adianta ter outubro rosa, novembro azul, se a saúde está vermelha de vergonha”, argumenta Bastos.