Força divina

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Para Vera Lúcia, Maria José e Maria Goretti, a crença ajuda a superar as dificuldades

Foto: Douglas Macedo

Acordar cedo no domingo de manhã, pegar a Bíblia e seguir em direção à igreja faz parte da rotina de muitos idosos que consideram a fé a verdadeira essência da vida. Para eles, o bem-estar e a longevidade estão diretamente relacionados à religião, já que através da crença, diversos aspectos podem ser aprimorados, como a tolerância e a serenidade. Uma pesquisa recente realizada pelo Instituto de Filosofia Berthier, do Rio Grande do Sul, comprovou que 80% da população acima de 65 anos faz parte de algum segmento religioso.     

Segundo o estudo, os idosos costumam frequentar grupos de fé devido à necessidade de viver em paz e em comunhão com outras pessoas. Assim, do mesmo modo que as pessoas da terceira idade cuidam da saúde para ter uma vida saudável, elas conservam o mesmo pensamento no que diz respeito à espiritualidade. Alicerçar a crença nas entidades divinas é uma forma de encarar as dificuldades com tranquilidade e viver com mais segurança.  

A aposentada Vera Lúcia Silva, 68 anos, é católica e afirma que, atualmente, ir à missa aos domingos e ler a Bíblia são atividades que fazem parte dos seus momentos de lazer. “Minha rotina e meus prazeres estão associados às atividades da igreja, porque me sinto em paz quando foco meus pensamentos em Deus. Acredito em milagres e considero a vida uma dádiva divina. Levantar da cama com saúde é um presente. Minha fé me ajuda a olhar as situações com otimismo e me previne de problemas comuns ao homem, como depressão e estresse, já que vivo com o semblante alegre”, conta a aposentada que estudou em colégio de freiras. 

Além de frequentar a igreja semanalmente, idosos reforçam a fé participando de grupos específicos para este público criados pelas próprias paróquias. Entre os diversos trabalhos que os núcleos católicos oferecem estão assistência nas pastorais da saúde, da esperança e da união, nas quais realizam visitas em hospitais, fazem orações em funerais e dão conselhos para jovens casais. A missionária Maria José Santana, 67 anos, é uma das integrantes do grupo que desenvolve serviços voluntários. 

“Quando você está envolvido nas ações religiosas, não há tempo a perder com fatores negativos. Os idosos que promovem iniciativas altruístas com o apoio da igreja tendem a viver melhor. Acredito na reciprocidade e sei que quando você oferece o bem, coisas boas acontecem em sua vida. Hoje, não tenho preguiça de levantar da cama para cumprir minhas missões”, afirma Maria José. 

Entretanto, aqueles que não participam efetivamente de nenhum trabalho pastoral buscam outros caminhos para expressarem sua fé. A aposentada Maria Goretti da Silva, 60 anos, vai à procissão de Corpus Christi há mais de 50 anos. Para isso, acorda às 5 horas para acompanhar a produção dos tapetes de sal e garantir um bom lugar na missa. Ela lembra que o costume religioso é uma tradição de família e que faz questão de preservar.  

“Eu sempre ia com a minha mãe nas procissões e ela sempre frisou a importância de manter a comunhão com Deus e priorizar as práticas cristãs. Considero uma pequena prova de amor e gratidão”, declara a aposentada. 

De acordo com a psicóloga Isabel Santisteban, o convívio no ambiente religioso promove uma série de benefícios para a saúde mental e melhora as relações interpessoais. Ela explica que as doutrinas espíritas possuem tamanha relevância perante a sociedade porque pregam a importância dos valores etícos e morais. 

“A espiritualidade está ligada ao modo como o homem procura viver e se relacionar, buscando proporcionar a si e aos demais experiências agradáveis. Por isso, a religião torna-se o refúgio de muitas pessoas e provoca mudanças comportamentais. A troca de experiências e os vínculos estabelecidos entre aqueles que compartilham da mesma crença promove uma série de vantagens para a saúde dos idosos o que, consequentemente, colabora para o alcance do bem-estar e da longevidade”, salienta a psicóloga.