A hora do leite vegetal

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Extratos feitos a partir de sementes, grãos ou castanhas, mais conhecidos como leites vegetais

Foto: Divulgação

O ser humano é o único animal que continua a consumir leite após a infância. O leite de vários animais é matéria-prima de vários alimentos do dia a dia, como queijos, iogurtes e manteiga, e está presente em várias outras receitas, de bolos e pães. Vacas, cabras, búfalas e ovelhas cedem seus leites para o nosso consumo, mas o leite animal não é a única bebida que podemos ingerir para obter proteínas, gorduras e minerais.

Extratos feitos a partir de sementes, grãos ou castanhas, mais conhecidos como leites vegetais, têm se popularizado, principalmente com o aumento de estilos de vida como veganismo, que prega não consumir nenhum alimento de origem animal, seja o próprio animal ou derivados.
Além de pessoas que não consomem derivados animais, os leites vegetais podem ser uma ótima alternativa para quem possui intolerâncias ou alergias a lactose ou outras substâncias encontradas em leites animais. Muitos enfrentam dificuldades de digerir a lactose ou as gorduras do leite de vaca, que precisam de enzimas específicas para serem digeridas.

Há também casos de alergia a componentes do leite, como o de Mariana Chamon. A capixaba que se mudou para Niterói há um ano, para estudar na UFF, descobriu em março que a razão de sua congestão nasal era o consumo de leite de vaca. Seu quadro alérgico incluía nariz entupido e espirros, e não conseguia ser resolvido com nenhum remédio. Seu médico decidiu, então, cortar o consumo de leite.

“Fui ao médico e ele perguntou se eu tomava leite. Quando disse que sim, e todos os dias, ele me mandou parar na hora, pois era o leite que estava potencializando meu quadro alérgico. E desde que cortei o leite animal, melhorei. Ocasionalmente, quando consumo algum derivado de leite, como queijo ou iogurte, no dia seguinte já acordo congestionada”, conta.

Além da melhora na alergia, Mariana também percebeu diminuição de inchaço abdominal e gases. Por serem de digestão complicada, os leites animais também podem alterar o fluxo do intestino e causar indigestão, desarranjo intestinal e gases. No caso de João Pedro Magalhães, natural de Angra dos Reis, que hoje mora em Icaraí, a reação alérgica que teve ao leite causou inchaço generalizado e diarreia por uma semana.

A alergista que o acompanhava atribuiu o desenvolvimento da intolerância a uma situação de intenso estresse pela qual João Pedro passou, e recomendou cortar a lactose, e posteriormente o glúten. Há um ano e meio ele prioriza o consumo de leites vegetais, apesar de ainda tomar leite animal em algumas ocasiões.

Consumo

Os leites vegetais podem ser tomados puros, ou adoçados com melaço, açúcar mascavo e também usados em receitas. Tampados, na geladeira, costumam durar três dias, mas não podem ser fervidos, pois coalham com facilidade no calor.

Os extratos podem ser obtidos de vários grãos e sementes. Além dos conhecidos leite de coco e soja, existem os leites de aveia, de amêndoa, de arroz integral, gergelim, amendoim, linhaça, castanha-de-caju, nozes, entre vários outros.

Leites vegetais industrializados são vendidos em mercados, mas existe certa dificuldade em encontrá-los, e geralmente são caros. Além disso, por serem produtos de baixa vida útil, os leites industrializados costumam ter altas quantidades de conservantes, e também é comum receberem corantes e adoçantes artificiais no seu processo de produção.

A alternativa para quem busca uma alimentação mais natural e mais barata é fazer o leite vegetal em casa. Por poderem ser feitos de, basicamente, qualquer semente ou grão, seus ingredientes são simples e fáceis: o vegetal de escolha e água. As medidas de água variam entre o grão escolhido, mas o modo de fazer é o mesmo para todos, e superfácil. Bater o grão e a água no liquidificador, e depois coar de três a quatro vezes para obter um leite puro. Por ser um tipo de bebida que deixa muitos resíduos, é recomendado coar o leite em uma peneira fina ou até mesmo um pano. Mas o que for coado pode ser usado em outras receitas, de bolos ou pães integrais.

São vários os benefícios que os leites vegetais podem trazer à saúde. Os leites animais possuem quantidades de nutrientes específicas para seus filhotes, que não são as mesmas quantidades necessárias ao ser humano. Assim, os leites vegetais podem trazer quantidades que se encaixem melhor no organismo humano de vitaminas, minerais, gorduras e açúcares. Alguns também podem ajudar na prevenção de doenças, como infarto, controlando os níveis de colesterol. O tipo de leite vegetal mais indicado vai da necessidade de cada pessoa.

“Conforme o alimento utilizado para produzir o leite, a composição muda. Por exemplo, o leite de coco é essencialmente gordura, enquanto o leite de arroz é composto de 95% de carboidrato. Os leites vegetais caseiros são muito benéficos por serem naturais, possuírem vitaminas, minerais, auxiliarem a digestão e serem livres de químicas das indústrias. Então, sempre indico priorizar os leites vegetais caseiros”, explica a nutricionista Isabel Jereissati. 

Como fazer:
Todos os ingredientes são batidos no liquidificador. Coe de quatro a cinco vezes, em peneira fina ou pano.

Leite de coco:
Polpa de um coco e cinco copos de água quente.
? É rico em ferro, além de promover a perda de peso e fortalecer o sistema imunológico.

Leite de aveia:
Deixe de molho um copo de aveia em flocos durante a noite. Depois, bata com três a quatro copos de água.
? Fortalece o sistema digestivo por ter alto teor de fibras, e dá sensação de saciedade. Também ajuda no controle da glicemia.

Leite de soja:
Deixe um copo de soja de molho durante a noite. Depois, junte três copos d’água no liquidificador. Esquente o leite até levantar fervura, e deixe em fogo baixo por 30 minutos.
? Fácil digestão, possui alto teor de cálcio e ajuda a controlar o nível de açúcar no sangue.