No tempo das palavras

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Aos 77 anos, a aposentada Regina Taccola se prepara para lançar o terceiro livro

Foto: Divulgação
 

Nunca é tarde para sonhar. A cada novo amanhecer existe a oportunidade de recomeçar e de realizar aqueles planos que há tempos ficaram esquecidos em uma gaveta antiga ou no fundo da alma. Enquanto há sopro, há vida e há esperança. O novo ano está chegando e com ele uma nova chance de sonhar e tornar o sonho uma realidade. Não existe idade ou limite para tirar do papel aquela ideia, para ir na direção de suas ambições e ser feliz.

Dizem que se você põe seu coração e suas forças em um desejo, a vida conspira a seu favor. Foi isso que a psicanalista Regina Taccola, de 77 anos, fez. Há anos, ela sonhava ter algo publicado. Ainda jovem, ela presenciou o atropelamento de um cãozinho que pertencia a uma vizinha. Daí nasceu o desejo de escrever histórias e contos. Somente 68 anos após o trágico evento, ela com 75 anos, lançaria sua primeira obra: “Uma tarde embalada pelo mar”, que descreveria as belezas e os prazeres dos moradores de Ipanema, bairro onde ela nasceu e cresceu. Este mês, 70 anos depois de escrever seus primeiros contos, Regina lança pela Editora Chiado sua segunda coleção de contos, intitulada “Vida Louca”, que revela um olhar acerca do cotidiano de quem vive em Ipanema. De um lado, misturam-se os magníficos cenários e as luxuosas lojas, do outro, a violência e miséria que tomam conta das ruas do bairro na Zona Sul carioca. 

“Minha vocação para criar despontou aos sete anos. É difícil de acreditar, mas ela surgiu quando presenciei o atropelamento do cachorro de minha vizinha. Na época, escrevi um drama sobre o ocorrido, que hoje adaptei para o conto ‘A morte de Tarzan’. Esse texto deve sair no meu terceiro livro, ainda em gestação. Sempre gostei muito de ler, e existia aquele desejo dentro de mim. Então, ao me aposentar da longa carreira psicanalítica, resolvi dedicar o tempo que tinha livre para escrever”, revela. 

A escritora aproveita para contar sobre suas duas obras publicadas e sobre o trabalho ainda no forno. 

Em sua obra, Regina incentiva todos a lerem e escreverem como forma de entender mais sobre si próprios

Foto: Divulgação

“Meu primeiro livro, ‘Uma tarde embalada pelo mar’, editado pela Frutos, saiu em 15 de junho de 2015, quase sete décadas após eu ter iniciado minhas escrituras. Meus dois trabalhos, ‘Uma tarde embalada pelo mar’ e a atual ‘Vida louca’, refletem minha vivência e preocupação com o humano e suas circunstâncias. Agora, estou trabalhando intensamente no meu terceiro livro. Quem sabe não sai no ano que vem? Gosto de histórias curtas que são janelas para a alma humana. Na adolescência, talvez influenciada por Françoise Sagan, escrevi um romance: ‘Amanhã ontem será hoje’, que foi esquecido num táxi. Não havia cópia, o perdi para sempre”, lamenta.

Regina termina a entrevista com um recado inspirador para aqueles que ainda não realizaram alguma aventura que foi perdida pelo caminho. 

“Quando menina, Monteiro Lobato com sua Emília me ajudaram a enfrentar a vida com coragem. Depois de adulta, descobri que os nós de conflitos podiam ser resolvidos, não só pela psicanálise, mas também pela leitura. Literatura cura. Leiam sempre. Arrisquem-se a escrever. Criem personagens. Assim como eu, vocês estarão produzindo vida e descobrindo soluções para seus problemas e de quem os lê. Por isso, eu digo e repito, assim como eu, aventurem-se, sonhem, façam acontecer”, conclui a psicanalista aposentada e escritora em constante produção.